Violência no campo mata 50 trabalhadores rurais em 2015
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Violência no campo mata 50 trabalhadores rurais em 2015
Número integra publicação “Caderno de Conflitos Fundiários”, lançado nesta quinta-feira, em Marília, com a presença da deputada Márcia Lia
16.52| 28OUT2016 Assessoria de Comunicação Márcia Lia
Cinquenta trabalhadores rurais morreram em 2015 em decorrência da violência no campo. No mesmo ano, foram 59 tentativas de assassinatos, 144 ameaças e 80 camponeses presos. Esses são alguns dos números que integram o “Caderno de Conflitos Fundiários”, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), lançado na noite desta quinta-feira, dia 28, em Marília. A deputada estadual Márcia Lia, que coordena a Frente Parlamentar pela Reforma Agrária, Agricultura Familiar e Segurança Alimentar na Assembleia Legislativa, foi convidada para participar como debatedora na atividade.
De acordo com os dados apresentados, os estados mais violentos são Rondônia e Pará, com 20 e 19 mortes respectivamente. A publicação traz dados e análises sobre as situações de conflitos por terra, água, além de problemas socioambientais, trabalhistas e violência contra a pessoa. “É uma forma de dar visibilidade à violência para que possamos ter ações governamentais para mudar essa triste realidade”, disse o padre Jurandir Severino de Lima, coordenador estadual da CPT. “Esse levantamento é, na verdade, uma motivação. A luta daqueles que tombaram não pode ser em vão. Não podemos nos conformar com a morte de irmãos”, disse. O padre Luís Antônio Ricci, coordenador da Fajopa (Faculdade João Paulo II), local onde foi realizado o evento, disse que para além das mortes, tem ainda as pessoas que estão expostas à violência. “Pessoas vulneráveis, fragilizadas, que precisam da nossa ação”, disse.
Para o professor Henrique Tahan Novaes, da Faculdade de Filosofia e Ciências (FFC), da Unesp Marília, a violência no campo no Brasil é preocupante e mostra uma das muitas faces do capitalismo. Ele alertou para outros tipos de violência com a população do campo, como a própria desorganização e precarização da educação e da saúde públicas. Em sua fala, incentivou e a reafirmou a necessidade do trabalho coletivo no campo.
Organização e luta
A deputada Márcia Lia encerrou o debate, que durou cerca de três horas, demonstrando preocupação com a atual conjuntura política e econômica do país. Na sua avaliação, as propostas que estão sendo colocadas em pauta pelo governo e aprovadas pelo Congresso Nacional trazem um verdadeiro retrocesso nos direitos sociais conquistados historicamente pelos brasileiros.
Em sua intervenção, a deputada lembrou a letra da canção “Vai Passar”, de Chico Buarque. “Dormia a nossa pátria mãe tão distraída sem perceber que era subtraída em tenebrosas transações. Quem se lembra dessa música? Ela retrata bem o que estamos vivendo hoje no país. Parece-me que estamos dormindo. Precisamos acordar”, destacou.
A deputada tratou, dentre vários temas, sobre a PEC 241, que prevê o congelamento de gastos públicos, com impacto significativo nos orçamentos da saúde e educação. “Ela limita recursos de programas sociais, dos nossos trabalhadores aposentados, dos servidores públicos, porém, não limita recursos para pagamento dos juros da dívida pública. Ou seja, ela não afeta os banqueiros, os estrangeiros, os ricos deste país. A PEC passou em duas votações na Câmara Federal, com 367 votos, e agora segue para o Senado. “Temos de lutar contra a PEC 241. Não podemos concordar. Foram jantares e mais jantares com nosso dinheiro para convencê-los a votar contra o povo brasileiro. E o que faz o povo brasileiro? Parece dormir”, disse.
Márcia Lia alertou para outras mudanças como a Medida Provisória que pretende alterar de forma significativa a Lei da Reforma Agrária no país. Sobre isso, Márcia demonstrou preocupação com a criminalização dos movimentos sociais de luta pela terra. “Essa MP está sendo construída, mas sabemos que uma das coisas que ela quer é acabar com a nossa organização, com a luta pela terra”, alertou. Também falou sobre a entrega do pré-sal aos interesses estrangeiros. “Eles assumiram o poder para entregar as riquezas do Brasil. Estamos sendo subtraídos”.
A deputada esteve também na cidade de Assis para fazer uma análise de conjuntura com lideranças políticas e sindicais. A chefe de Gabinete, Rosimeire Silva, acompanhou as agendas.