Após pressão, PT garante acesso a documentos na CPI da Máfia da Merenda
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Após pressão, PT garante acesso a documentos na CPI da Máfia da Merenda
Deputada Márcia Lia participou da reunião e questionou imposições da Corregedoria do estado
9:21| 04/08/2016 Fernanda Miranda
A reunião da CPI da Máfia da Merenda desta quarta-feira, dia 03, foi marcada pela tentativa de obstrução dos trabalhos por parte do presidente Marcos Zerbini, do PSDB, e do relator da Comissão, Estevam Galvão, do DEM. A deputada estadual, bem como toda a bancada do PT, questionou a dificuldade imposta aos parlamentares para acesso à documentação enviada pela Corregedoria do Estado e a limitação no papel fiscalizador da Assembleia.
“Nós temos autonomia enquanto deputados. Há separação dos poderes. Não somos obrigados a aceitar aquilo que o corregedor, que representa o Executivo, impõe como norma. “Senão eu vou ser obrigada a aceitar o que o deputado (Carlos) Gianazzi (PSOL) fala, de que esta Assembleia é um puxadinho do governo do estado de São Paulo”, disse Márcia Lia.
A proposta da presidência da CPI era que os documentos ficassem numa sala aberta das 08h às 20h, sob fiscalização de um servidor, sem possibilidade de tirar cópia. Segundo o líder do PT, José Zico Prado, Zerbini estava colocando os deputados “sob suspeita”, ao designar um funcionário para que os acompanhasse na secretaria da CPI durante a leitura dos documentos.
Zerbini tentou várias explicações, desde segredo de justiça até recomendação do corregedor. Sem apoio sequer da base governista e sofrendo forte pressão dos estudantes que acompanhavam a reunião, acabou acatando os questionamentos da oposição e concordou em liberar os documentos.
Plano de trabalho
Primeiro item da pauta para deliberação, o plano de trabalho da CPI também foi alvo de críticas. O relator, deputado Estevam Galvão, simplesmente ignorou uma série de requerimentos protocolados pela Bancada do PT que convocavam pessoas envolvidas no caso e fundamentais na investigação.
O deputado João Paulo Rillo apontou que entre os 40 requerimentos que constavam do plano de trabalho e que seriam aprovados durante a reunião não se encontravam as convocações dos agentes políticos: secretários de Estado, deputados federais ou estaduais, entre eles o presidente da Casa, deputado Fernando Capez.
O relator apenas afirmava que todos seriam convocados “no tempo certo e correto”. “Qual é esse tempo?”, perguntou Alencar. “Nós queremos ouvir primeiramente pessoas que tragam elementos que acusam”, disse o deputado. Novamente pressionado, Zerbini acatou a proposta do PT de ouvir primeiramente os acusados.
O deputado Rillo ainda questionou o relator e o presidente da CPI: “Qual é a origem da CPI da Merenda? Qual foi a primeira denúncia?”. Nenhum dos dois soube responder, mostrando o total desconhecimento sobre o caso. Rillo sugeriu então que também fossem convidados o delegado da cidade de Bebedouro, José Eduardo Vasconcellos, que recebeu a primeira acusação da fraude, e o ex-gerente da Coaf, a cooperativa envolvida no escândalo, João Roberto Fossaluza Júnior, que denunciou o esquema, além dos delegados Paulo Roberto Monteli e Mário José Gonçalves. Proposta que também foi acatada. Além dessas pessoas, a CPI ouvirá na próxima terça-feira (8/3) o corregedor do Estado, Ivan Francisco Pereira Agostinho.
Estudantes
Mais uma vez os estudantes marcaram presença na CPI da Merenda. Levantando bolinhos, gritavam: “Esse é nosso almoço”. Eles também cantavam “Se a CPI não der em nada, a Alesp vai ser ocupada”. *Com Assessoria Imprensa Alesp