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‘Vivemos uma comédia de horrores’, diz Marcos Palmeira sobre Bolsonaro


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‘Vivemos uma comédia de horrores’, diz Marcos Palmeira sobre Bolsonaro

Durante a quarentena, Palmeira se dedica à adaptação do livro “Dezamores”, do escrito Pedro Ayres, para uma série


O ator Marcos Palmeira, 57, afirma estar com saudade do seu tio, Chico Anysio (1931-2012). O humorista, diz ele, previu tudo que está acontecendo nos dias atuais com o seu personagem Justo Veríssimo, político corrupto que não suporta pobres.

“Estamos vivendo uma comédia de horrores, mas tenho esperança de que iremos aprender com tudo isso”, afirma Palmeira em entrevista por email ao F5, da Folha de S.Paulo.

O ator integrou, no ano passado, o elenco de “Sala de Roteiro”, websérie criada a partir da crônica de mesmo nome do colunista Antonio Prata, publicada nesta Folha. A produção é uma sátira da política brasileira. “Estou muito apreensivo com a situação do Brasil, tão vulnerável da maneira que está.”

Durante a quarentena, Palmeira se dedica à adaptação do livro “Dezamores”, do escrito Pedro Ayres, para uma série. A ideia é que o projeto seja o primeiro trabalho dele como diretor. O ator também é cotado para interpretar Zé Leôncio, no remake de “Pantanal” (1990), que a Globo programa para este ano. Na versão da Manchete, Palmeira fez o peão Tadeu, um dos papéis mais importantes de sua carreira.

Enquanto a trama não vai ao ar, o público pode matar a saudade do ator em “Porto dos Milagres” (Globo, 2001), que está disponível no catálogo do Globoplay desde o início de fevereiro, como parte do projeto da plataforma de resgatar novelas antigas.

Escrita por Aguinaldo Silva e Ricardo Linhares e inspirada em duas obras do escritor Jorge Amado -“Mar Morto” e “A Descoberta da América Pelos Turcos”- o enredo é ambientado na fictícia cidade de Porto dos Milagres, situada na região do Recôncavo Baiano.

Por lá, o pescador Guma, vivido por Palmeira, é o representante do povo contra o poder inescrupuloso exercido por Félix (Antonio Fagundes) e sua ambiciosa mulher, Adma (Cassia Kis). “A novela segue atual. Na verdade, Jorge Amado é muito atual, porque ainda vivemos um grande desequilíbrio social, com muitas pessoas ficando pobres, e menos [pessoas] ficando ainda mais ricas. A novela fala dessas injustiças e da exploração do trabalho”, afirma.

Mocinho da novela, o personagem do ator se apaixona por Lívia -primeira protagonista vivida por Flávia Alessandra. De origens diferentes, já que ela faz parte de uma família tradicional da cidade que não aceita o seu relacionamento com o pescador, eles enfrentam muitas dificuldades para viver o romance. O casal também sofre com as armações de Esmeralda (Camila Pitanga), que faz de tudo para ficar com o herói.

Assim como Guma, Palmeira afirma ser apaixonado pelo mar. O ator lembra de uma cena famosa em que o pescador enfrenta uma grande tempestade em alto-mar. Para a gravação, a Globo fez uma parceira com a empresa americana Digital Domain, responsável pelos efeitos do filme “Titanic” (1997).

Um tanque de 30 metros de largura e 3 metros de profundidade foi construído no Projac (hoje Estúdios Globo. O reservatório, usado em outras produções da emissora, é cercado por um paredão forrado de verde, que serve para os efeitos de chromakey, e contém duchas de água no topo para simular as tempestades.

“Esse foi o momento mais legal porque me senti em um parque de diversões com todo aquele aparato trazendo muita emoção para a cena”, afirma o ator. Em 20 anos, porém, ele pontua que a tecnologia evoluiu muito na teledramaturgia.

FILMES

De novidade, no fim de 2020, Palmeira estreou o filme “Boca de Ouro”, leitura do diretor Daniel Filho sobre a peça de mesmo nome de Nelson Rodrigues. Ele faz o personagem-título, um bicheiro carioca, recém-assassinado.

A narrativa, que se passa nos anos 1950, é desenrolada por um jornalista, papel de Silvio Guindane, que bate na porta de uma ex-amante de Boca de Ouro, a dona Guigui, vivida por Malu Mader, e pergunta se ela tem alguma história do bandido para contar, um caso emblemático, algum “crime bacana” para narrar.

A mulher então começa a falar, mas vai dando versões bem diferentes do que aconteceu à medida que ela vai mudando de humor. Completam o elenco Lorena Comparato, Thiago Rodrigues e Fernanda Vasconcelos.

Outro trabalho recente de Palmeira no cinema é “Barulho da Noite”, primeiro longa com direção de Eva Pereira, ainda sem previsão de data para ser lançado, que foi rodado no Tocantins e aborda o abuso infantil. “‘Boca de Ouro’, sempre atual, já nos mostrando a hipocrisia social e o ‘Barulho’ nos mostrando as profundezas de um Brasil escondido”, conclui o ator.

| IDNews® | Folhapress | Via NMBR |Brasil

Beto Fortunato

Jornalista - Diretor de TV - Editor -Cinegrafista - MTB: 44493-SP

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