Reitor da Unesp pede sugestões ao Conselho para reajuste
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Reitor da Unesp pede sugestões ao Conselho para reajuste
Deputada Márcia Lia intermedeia diálogo entre comando de greve da Unesp Araraquara e reitor da Universidade
17:33| 18/08/2016 Fernanda Miranda
A deputada estadual Márcia Lia intermediou uma conversa entre o comando de greve do campus de Araraquara, da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e o reitor Júlio Cezar Durigan, na manhã desta terça-feira, 16, na reitoria da Universidade, em São Paulo, na tentativa de encontrar um caminho para o fim da paralisação e dos impasses entre servidores e direção. Com argumentos de que o momento econômico do país não permite reajuste salarial, o reitor propôs o enxugamento do orçamento para poder atender o mais breve possível a reivindicação de servidores e docentes.
A parlamentar apontou os prejuízos da greve, deflagrada há mais de dois meses, e pediu ao reitor um compromisso com os servidores para um acordo bom para todas as partes. “Eu entendo a dificuldade do momento econômico, sei que o governador fez vários cortes e sei que o senhor, na figura do reitor, também não tem interesse em chegar a uma negociação salarial com a proposta de zero de reajuste. Por outro lado, os servidores são pais de família, com contas para pagar. O pedágio subiu, a conta de luz subiu, a água, o alimento. Ainda vejo com muita preocupação a continuidade da greve, especialmente para quem está prestes a se formar. Esta situação é muito ruim”, avaliou a Márcia Lia.
O reitor disse ter pedido ao Conselho Universitário sugestões para enxugar o orçamento ou remanejar verba, mas que nada lhe foi apresentado. Uma das propostas – não aceita pelo sindicato, mas já efetivada pela USP e Unicamp – foi a de retirar 3% do valor repassado ao vale alimentação e direcioná-los ao salário dos servidores. O argumento é que o valor do vale pode ser reposto posteriormente, mas valores incorporados aos salários permanecem.
Na visão do reitor, dar um aumento de 3% sem essas manobras seria uma ‘grande irresponsabilidade’ de sua parte. “Estou procurando preservar o emprego e os salários das pessoas, mesmo que sem reajuste. Esta é minha prioridade zero.” Ele também se mostrou a favor de fazer constar no orçamento um valor mínimo para o dissídio, mas a proposta já foi negada pelo conselho universitário.
Atendendo a uma proposta da deputada Márcia Lia, o comando de greve irá discutir com os servidores de Araraquara encaminhamento de sugestões de manejo no orçamento para a próxima reunião do Conselho Universitário, no dia 23 de agosto.
Carreiras
Os servidores também questionaram o reitor sobre o congelamento das carreiras, que passam por reestruturação há quase dois anos. Na visão deles, a universidade não precisa parar as promoções durante as discussões de mudança, mesmo que fizesse pagamento retroativo. O professor Durigan explicou que o estatuto prevê reestruturação de carreiras a cada cinco anos e que o prazo de apresentação das propostas está a cargo dos órgãos colegiados responsáveis por cada área. “Não estipulei prazo para a entrega das propostas e acho que poderia ser feito em um mês, mas já tem um ano e meio, dois anos que isso está em estudo”, observou o reitor.
Sobre o enxugamento da estrutura de Araraquara, onde há quatro unidades autônomas com, por exemplo, quatro estruturas de departamento de pessoal, o reitor revelou uma dificuldade de entendimento entre as diretorias em vários setores. “Eles não se entendem e para um usar a estrutura do outro é preciso pedir pelo amor de Deus.”
Os servidores apontaram ainda a expansão da universidade nos últimos anos, com a criação de dezenas de cursos, em detrimento dos servidores. A isso, o reitor respondeu que os 38 novos cursos criados em 2000 trouxeram muitos prejuízos para a universidade, sentidos até hoje. Mas que os 11 cursos de engenharia implantados nos últimos anos tiveram planejamento e recursos próprios.
“É preciso ressaltar que os cursos não são criados pela reitoria e sim pedidos pelas unidades. Mas eu fui falar com o governador [Geraldo Alckmin], que não queria isso, mas troquei o recurso de custeio do Hospital das Clínicas, que fazíamos e de fato não tínhamos que fazer, tinha que ser a Secretaria de Saúde, e usei para pagar os cursos que as unidades criaram. E os recursos estão lá para serem usados com professor, funcionários e prédios”, ressaltou.
A comissão de greve da Unesp Araraquara foi representada por Ana Luísa Fontes Simioni, servidora da Pós-Graduação da Faculdade de Ciências e Letras (FCL); Rubens Antonio Rodrigues, da diretoria técnica de Informática da FCL; Eduardo Jonas Nascimento, do Departamento de Psicologia da Educação – Núcleo de Sexualidade da FCL e representante do SintUnesp; e Lícia Laila Zamproneo Lopes, servidora da biblioteca da Faculdade de Ciências Farmacêuticas.
Servidores da Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) também estão em greve.