Metade da rede municipal de SP tem taxa de ocupação de UTI acima de 90%
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Metade da rede municipal de SP tem taxa de ocupação de UTI acima de 90%
Em todo o estado, as internações em leitos de UTI para tratamento de pacientes com Covid-19 apresentou alta em 15 das 23 regiões
Dos 23 hospitais que a Prefeitura de São Paulo usa para tratar pacientes graves de Covid-19 no município, 12 deles estão com taxa de ocupação de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) igual ou acima de 90%. Destes, quatro já operam com 100% de sua capacidade, taxa que é considerada colapso do sistema por especialistas.
No boletim mais recente divulgado pela prefeitura, com dados do domingo (6), a capital contava com 1.371 pessoas internadas em leitos de UTI Covid, e 1.321 em leitos de enfermaria.
A taxa de ocupação geral da cidade (incluindo hospitais próprios e contratados), chegou a 80% dos leitos de UTI, e 66% para leitos de enfermaria.
Os quatro hospitais que já contam com todas as vagas ocupadas são os municipais: Arthur Ribeiro de Saboya; Vereador José Storópolli, Brigadeiro e da Cruz Vermelha, este último contratado pela gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) para atender a demanda de pacientes graves de Covid-19. Além da Cruz Vermelha, a prefeitura compra leitos de outras três instituições. Outros 19 hospitais da rede são próprios.
Os dados de ocupação de leitos de UTI fornecidos pela Secretaria Municipal de Saúde se referem a quantidade de pacientes internados por complicações provocadas pela Covid-19, e não o total de leitos de cada um desses estabelecimentos, já que eles podem atender a outros tipos de pacientes. Eles refletem a quantidade de pessoas internadas no domingo (6), dado mais recente fornecido.
No comparativo dos últimos meses, percebe-se uma variação da taxa de estabelecimentos com leitos de UTI Covid totalmente ocupados. No dia 23 de abril, eram três os hospitais com 100% de ocupação, número que saltou para cinco no dia 24 de maio.
Essa oscilação varia conforme a prefeitura contrata, abre ou até fecha leitos, movimento que também é feito pelo governo estadual dependendo da demanda. Até o dia 20 deste mês, Nunes quer abrir mais 250 leitos de UTI Covid no município.
“É muito precoce para dizer em terceira onda. O que podemos dizer é o seguinte: se a cidade de São Paulo tiver a terceira onda, ela está preparada para enfrentar”, afirmou Nunes, durante evento de entrega de uma miniusina de oxigênio nesta segunda-feira.
Segundo lembrou o prefeito, em março de 2020 a capital contava com 510 leitos de UTI, e agora esse número já ultrapassa os 1,7 mil. Com a inauguração dos 250 novos leitos até o dia 20 deste mês, só a capital terá perto de 2 mil leitos de UTI Covid.
Ao comentar o assunto nesta manhã, Nunes disse que a abertura de leitos é uma forma de se antecipar a eventuais problemas. “A prefeitura está fazendo um esforço gigantesco para poder manter o atendimento das pessoas e não faltar leito para ninguém”, disse.
Ele ainda criticou fortemente a realização de festas clandestinas e aglomerações, sobretudo as que envolvem jovens. “O que se pode fazer mais? É pedir para a população, encarecidamente, principalmente aos jovens, para que não façam aglomeração”, afirmou.
Em todo o estado, as internações em leitos de UTI para tratamento de pacientes com Covid-19 apresentou alta em 15 das 23 regiões.
Os dados são da plataforma SP Covid-19 Info Tracker, criada por pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) e da Unesp (Universidade Estadual Paulista) com apoio da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo) para acompanhar a evolução da pandemia.
Eles mostram que 15 das 23 regiões registram taxas de ocupação superiores a 80%, sendo cinco destas com mais de 90%. Quem encabeça essa triste lista é a regional de Barretos, com 95,9% dos leitos de UTI ocupados. Ribeirão Preto, vem em seguida, com 95,4%, e Marília tem 93,5% do total de leitos da região ocupados.
Dados divulgados pelo governo estadual indicam que a taxa de ocupação de leitos de UTI no estado atingiu 81,9% nesta segunda-feira, um pouco acima dos 81,7% registrados no dia anterior, no domingo (6).
Apesar da alta, a quantidade de pessoas internadas diminuiu entre domingo e segunda, passando de 11.114 para 11.089 no período. Entre os motivos para a queda podem estar a alta médica e também morte.
Hoje, há 24.386 pacientes internados no estado, sendo 11.089 em unidades de terapia intensiva e 13.297 em enfermaria. A taxa de ocupação dos leitos de UTI no estado é de 81,9% e na Grande São Paulo é de 79,5%.
Segundo explica o médico sanitarista Gonzalo Vecina Neto, professor de saúde pública da USP (Universidade de São Paulo), os hospitais ou regionais de saúde que já apresentam taxas de ocupação de leitos de UTI Covid próximas a 100% já estão em colapso.
“O problema é quando a rua invade o hospital e não tem mais programação de alta e começa somente a chegar casos. O colapso se dá quando os leitos estão próximos do 100% e são todos Covid com uma estadia longa e não controlada”, afirma.
Ao analisar os dados sobre os casos e taxas de ocupação, ele afirma chegar a conclusão óbvia. “Tem muita gente na rua. Relaxou geral. Eu não consigo ver um comportamento mais civilizado de respeitar e não sair de casa. É todo mundo na rua sem nenhum tipo de cuidado”, afirma.
Segundo ele, o ciclo atual é o de mais casos, mais UTIs e mais mortes.
Assim como diversos outros especialistas, ele critica o que chama de “efeito sanfona” de abrir e fechar as atividades comerciais. “É um abre e fecha mesmo. Em várias ocasiões já vimos que foi divulgada a flexibilização, depois teve de postergar e fechar. É necessário repensar esse modelo”, afirma.
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