80% temem contágio por Covid na volta às aulas presenciais em São Paulo, diz pesquisa
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80% temem contágio por Covid na volta às aulas presenciais em São Paulo, diz pesquisa
Em média, 80% dos professores, alunos e pais têm medo de serem contaminados pela Covid-19 na volta às aulas presenciais na rede pública do estado de São Paulo, prevista para a próxima segunda-feira (2)
Uma pesquisa encomendada pela Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) ao Instituto Vox Populi aponta que, em média, 80% dos professores, alunos e pais têm medo de serem contaminados pela Covid-19 na volta às aulas presenciais na rede pública do estado de São Paulo, prevista para a próxima segunda-feira (2).
A sondagem foi realizada entre junho e julho deste ano e ouviu 3.600 pessoas, sendo 1.500 professores, 1.500 pais de alunos e 600 estudantes de ensino médio.
Segundo a pesquisa, 85,6% dos docentes têm o receio de contrair a doença, assim como 81,8% dos pais e 75,1% dos alunos. Além disso, apenas 25% dos entrevistados afirmam que o governo tem dado condições adequadas para o retorno seguro.
A Secretaria Estadual da Educação rebate dados da pesquisa. Diz que tem protocolos seguro para a volta às aulas, que investiu na modernização de escolas e em vacinação de professores.
Para o segundo semestre, o governo João Doria (PSDB) mudou algumas regras. A partir de agora não é preciso mais respeitar o limite de 35% dos alunos na sala de aula. A escola pode receber todos os matriculados, desde que respeite a distância de 1 metro entre eles. Se isso não for possível, o colégio promove revezamento com parte dos estudantes na classe e outra com ensino remoto em casa.
Os pais ainda não são obrigados a mandar seus filhos para a escola. Podem optar pelas aulas online.
A decisão de volta às aulas é alvo de críticas de Maria Izabel Noronha, a professora Bebel, presidente da Apeoesp.
“Sempre defendemos que o lugar dos professores e alunos é na escola, mas sob quais condições? Para nós, o retorno só poderia existir com todos os professores vacinados com as duas doses e contando 14 dias do pós-vacinação completa. Além de garantir as condições necessárias de higiene nas salas de aula e escolas”, afirma Bebel.
A sondagem indicou ainda que 49,9% dos professores tomaram a primeira dose, outros 44,6% receberam as duas e ainda 5,5% não foram imunizados. A maioria dos docentes é contra a volta às aulas presenciais: além de 51,3% dos pais dos alunos e 44,1% dos estudantes. Apenas na capital paulista, 77,5% dos professores se dizem contra a medida.
“Nossa posição é que o governo reflita sobre a volta às aulas na segunda-feira e que ao invés de fazer um retorno geral, faça um diagnóstico de onde os alunos estão, assim poderemos organizar o currículo. É uma oportunidade grande de poder transformar a educação do estado de São Paulo”, destaca a presidente da Apeoesp.
A pesquisa ainda destaca que 15% dos estudantes de SP abandonaram a escola durante a pandemia do coronavírus. Entre as razões elencadas estão falta de acesso à internet ou de equipamentos adequados e necessidade de trabalhar para ajudar os pais.
“A necessidade do abandono está associada à necessidade de os alunos trabalharem, principalmente pela queda da renda das famílias. Quase 40% fazem um bico ou um trabalho para ajudar a família”, diz Marta Maia, gerente técnica do Instituto Vox Populi.
O comentário é endossado por João Palma Cardoso Filho, ex-secretário adjunto estadual da Educação. “O que se coloca muito para o governo do Estado é o que vai fazer para que esses alunos que abandonaram os estudos voltem às salas de aula”, diz.
Somado a isso, as aulas virtuais foram reprovadas pela comunidade escolar: 66,9% dos professores, 74,7% dos pais e 73,9% dos alunos entrevistados.
Segundo a pesquisa, mais da metade dos das pessoas ouvidas declaram que não receberam do poder público infraestrutura física para trabalharem ou estudarem remotamente, como equipamentos, pacote de dados para acesso à internet ou computadores do governo ou da escola para as aulas remotas. Entre os pais de alunos, essa reclamação chega a 73,8%, ou seja, dois terços. Entre os alunos do ensino médio, 63,2% também não teve este apoio e, entre os professores, 54,3%.
Ainda segundo 50,5% dos professores ouvidos, as escolas onde trabalham não têm disponíveis para aulas, salas com acesso à internet, computadores ou câmeras de vídeo. Este índice sobe para 70,2% na percepção de pais e 61,5% na avaliação de alunos do ensino médio.
Entre os estudantes de ensino médio, 42,5% não têm acesso a computadores. A maioria (94%) teve disponível o celular para acompanhar as aulas virtuais, muitas vezes compartilhado com outro integrante da família.
Outro ponto que chama a atenção é que para 49,2% dos professores houve mais trabalho, chegando a jornadas de até 10 horas. Em contrapartida, os alunos estudaram menos segundo os pais (87,3%), o que foi confirmado pelos estudantes do ensino médio: 84,1% declaram ter se dedicado menos às aulas virtuais. Na média, os pais afirmam que seus filhos estudaram apenas 2,5 horas por dia.
OUTRO LADO
Bruna Waitman, coordenadora do Centro de Mídias da Educação de São Paulo, gestão João Doria (PSDB), disse que todo o planejamento foi feito para o retorno às aulas na segunda-feira (2) e que todas as equipes estão preparadas para receber os alunos.
Além disso, ela disse que a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo é acompanhada por uma comissão médica exclusiva para educação, que é composta por médicos e especialistas, que trazem todo o olhar sobre o tema e o suporte para construção dos protocolos.
“Os nossos protocolos foram construídos e divididos com a rede desde o ano passado. Foram inúmeras pesquisas e momentos para preparar os nossos profissionais, para que os pais de alunos e estudantes pudessem entender os procedimentos que seriam adotados”, disse a coordenadora.
Além dos protocolos, ela disse que o governo de São Paulo encaminhou dinheiro para compra de equipamentos de segurança contra a Covid-19 para o retorno, ajustes de infraestrutura e para compra de aparelhos eletrônicos.
“A gente pode dizer que o retorno é seguro, que segue todos os protocolos e está baseado em todas as evidências científicas. Inclusive, nós somos o primeiro estado do Brasil a priorizar a vacinação dos profissionais da educação, em abril deste ano”, afirma.
Entre outros projetos, a coordenadora do Centro de Mídias da Educação de São Paulo destaca a entrega de chips de internet para alunos e professores, aulas transmitidas pela televisão digital aberta e os subsídios para compra de computadores pelos docentes.
Por fim, Bruna Waitman diz que as buscas ativas para alunos que abandonam os estudos já estão sendo feitas e que o programa vai ser ampliado.
“Tivemos a rematrícula de 98% dos nossos estudantes para este ano e isso tem muito a ver com a busca ativa que nossos profissionais têm feito. Por meio do centro de mídias estamos lançando canais para falar com os responsáveis dos estudantes para trazer informações do calendário escolar e também cursos gratuitos”, comenta.
“A gente tem batalhado bastante para oferecer as melhores condições. Seguimos firmes e otimistas com o retorno às aulas”, completa Bruna Waitman.
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