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Prorrogada prisões de vereadores por corrupção em Ribeirão


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Prorrogada prisões de vereadores por corrupção em Ribeirão
Além das prisões, a Justiça suspendeu os mandatos de nove vereadores

9.49| 06SET2016
Operação Sevandija

A Justiça prorrogou as prisões temporárias de 13 pessoas suspeitas de envolvimento com o maior esquema de corrupção da história de Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo), que movimentou licitações que somam R$ 203 milhões.

Onze delas foram presas na última quinta-feira (1º), data em que foi deflagrada a operação Sevandija -que significa “parasita”. Outras duas foram detidas no último sábado (3), na chegada ao Brasil após uma viagem ao exterior. Além das prisões, a Justiça suspendeu os mandatos de nove vereadores.

O pedido de prorrogação das prisões foi feito pelos promotores Leonardo Romanelli e Marcel Zanin Bombardi, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), na tarde desta segunda-feira (5). Ele foi aceito pelo juiz Lúcio Alberto Enéas da Silva Ferreira, da 4ª Vara Criminal da cidade.

A investigação da PF (Polícia Federal) e do grupo do Ministério Público Estadual flagrou contatos diretos ou indiretos de um dos empresários presos com 11 vereadores, metade da Câmara da cidade.

Flagrou também a prefeita Dárcy Vera (PSD) conversando com um dos seus secretários que foram presos sobre suposta compra de votos na Câmara.Todos eles tiveram algum tipo de contato com o empresário Marcelo Plastino, dono da empresa Atmosphera, contratada pela Coderp (companhia de desenvolvimento), ligada à prefeitura, para a terceirização de mão de obra.

A suspeita é que a gestão de Dárcy use a Coderp para contratar a Atmosphera, por meio de licitações fraudulentas, para abrigar funcionários terceirizados que deveriam ser contratados em concurso público. Esses funcionários -589- são indicados por aliados da prefeita, especialmente vereadores.

Além disso, a operação investiga o destino do dinheiro pago à empresa, que pode estar sendo usado também para a compra de apoio político na Câmara.A investigação do esquema começou em 2015, com uma licitação suspeita de R$ 26 milhões para a aquisição de catracas para escolas, mas estendeu-se a outras áreas. O montante fraudado chega a R$ 203 milhões, segundo a operação.

Plastino foi flagrado pela Sevandija, conforme documentos obtidos pela Folha de S.Paulo, entregando envelopes no meio de revistas a dois vereadores da cidade. Para investigadores, os envelopes continham dinheiro vivo.

Por causa do imbróglio, a Justiça bloqueou os bens dos investigados, além de congelar os pagamentos considerados suspeitos. A defesa da Atmosphera pediu à Justiça o desbloqueio dos valores para efetuar os pagamentos dos salários dos 589 terceirizados nesta terça-feira (6).

Parte dos aliados da prefeita tem defendido que ela cancele o contrato com a empresa, como forma de mostrar aos membros da Sevandija que o governo tomou uma atitude após a operação ter sido deflagrada.

A casa de Dárcy e o seu gabinete no Palácio Rio Branco, sede do governo, foram alvos de busca e apreensão de policiais federais.

Os 13 suspeitos de envolvimento estão detidos no CDP (Centro de Detenção Provisória) de Ribeirão Preto e na PF (Polícia Federal).

A OPERAÇÃO

A ação do Gaeco do Ministério Público paulista e da Polícia Federal foi deflagrada com o cumprimento de 13 mandados de prisão temporária, 17 de condução coercitiva e 48 de busca e apreensão.

Foram presos o secretário da Administração, Marco Antônio dos Santos, homem-forte do governo Dárcy e presidente do diretório do PSD na cidade, e Angelo Invernizzi, titular da Educação. Dois advogados, dois funcionários da Coderp, um servidor do Daerp (Departamento de Água e Esgotos de Ribeirão Preto) e empresários também foram detidos. Houve apreensão de dinheiro na casa de Santos.

A empresa ligada a Plastino, a Atmosphera, contratada pela Coderp, se encarregava de admitir pessoas, em sua grande maioria indicadas por agentes públicos, principalmente vereadores. “Concluiu-se até agora que houve compra de apoio político pelo governo municipal. Os vereadores tinham direito de indicar [funcionários] e, em contrapartida, garantiam apoio ao governo municipal, na Câmara. Discutindo, votando projetos de acordo com os interesses do Executivo”, disse o promotor Bombardi.

Em 2012, a Atmosphera foi contratada de forma fraudulenta, segundo a Promotoria, para a terceirização de mão de obra por R$ 7 milhões, por 12 meses. Desde então, o contrato tem sido renovado anualmente, cada vez por valores superiores.A PF informou ter apreendido R$ 320 mil, em três moedas (euros, dólares e reais), além de 12 veículos de luxo no cumprimento dos mandados de busca e apreensão. Só em um dos locais, o montante apreendido somou R$ 160 mil.

OUTRO LADO

Plastino nunca fez repasse de dinheiro da Atmosphera para nenhum vereador de Ribeirão, de acordo com seu advogado, Júlio Mossin.

“Não teve nenhum repasse de verba para vereador, prefeita ou funcionário. A Atmosphera faz terceirização, e um vereador pedir emprego, indicar algum currículo, é normal. Não só na Atmosphera, mas ‘n’ empresas recebem currículo de vereador. Isso não é crime.”

Segundo ele, o desbloqueio dos valores bloqueados é essencial para que a empresa cumpra sua obrigação com os funcionários. “Isso é uma questão social.”Dárcy não comentou o teor dos áudios flagrados pela operação. Sua advogada, Maria Cláudia Seixas, afirmou que ela é a “maior interessada” no esclarecimento do caso.

Beto Fortunato

Jornalista - Diretor de TV - Editor -Cinegrafista - MTB: 44493-SP

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