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Fernández se reúne com equipe para definir mudanças e abafar crise na Argentina


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Alberto Fernández passou a manhã e o começo da tarde em reuniões com ministros e governadores de sua base de apoio


A crise na Casa Rosada, sede do poder argentino, continua sem a definição de uma solução nesta sexta-feira (17). Ao longo do dia, porém, havia expectativas a respeito do anúncio da formação de um novo gabinete capaz de esfriar a temperatura interna na cúpula do governo.

Alberto Fernández passou a manhã e o começo da tarde em reuniões com ministros e governadores de sua base de apoio, um dia depois de a crise com a ala do governo liderada por sua vice, a ex-presidente Cristina Kirchner, ganhar contornos mais fortes.

Depois da derrota nas eleições primárias do último domingo (12), a coalizão governista Frente de Todos foi atingida pelo pedido de renúncia de cinco ministros kirchneristas e, nesta quinta (16), por uma carta de Cristina recheada de críticas à conduta de Fernández e uma proposta de “relançamento do governo”.

Assim, de acordo com a imprensa argentina, o presidente teria abandonado sua intenção de esperar até depois das eleições de novembro para fazer mudanças nos ministérios. Oficialmente, ele ainda nem aceitou os pedidos de demissão apresentados pelos auxiliares ligados a Cristina.

Ao site El Destape, nesta sexta, Fernández afirmou que as negociações estavam bastante avançadas. “Vou colocar ordem no gabinete e encerrar essa discussão”, disse o líder argentino, acrescentando que as mudanças terão um “forte cunho peronista”.

Um dia antes, no Twitter, ele escreveu no Twitter, antes da divulgação da carta da vice, pedindo moderação. “Temos de dar respostas honrando o compromisso assumido em dezembro de 2019 [quando assumiu a presidência]. Não é a hora de semear disputas que nos desviem desse caminho”, disse. “A arrogância e a prepotência não me abalam. A gestão continuará da maneira que eu considerar conveniente. Para isso que eu fui eleito.”

Nas ruas de Buenos Aires, a insatisfação de parte dos argentinos foi traduzida em cartazes em que se lia “primeiro a pátria, depois o movimento, e depois os homens” ao lado de uma foto do emblemático líder argentino Juan Domingo Perón (1895-1974).

O presidente havia atuado para que se suspendessem manifestações de apoio ao governo, temendo que os protestos pudessem causar ainda mais divergências com nomes fiéis ao kirchnerismo. Quem saiu às ruas na quinta, então, foram grupos mais à esquerda, com críticas à administração.

Ainda na manhã desta sexta, Fernández participou por videoconferência de um encontro convocado pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, para discutir medidas mais ambiciosas contra as mudanças climáticas.

Nas redes sociais, o líder argentino agradeceu a Biden pelo convite e reafirmou o compromisso de seu país em alcançar a neutralidade nas emissões de carbono até 2050. Além disso, classificou de “insustentável” o endividamento com o FMI (Fundo Monetário Internacional) e condicionou a meta ambiental à eliminação de sobretaxas e à ampliação de prazos de pagamento nas negociações com a entidade.

As divergências quanto a política econômica são um dos pontos centrais da disputa de poder dentro da coalizão governista. O ministro da Economia, Martín Guzmán, um aliado de Fernández, defende que o país faça ajustes fiscais para lidar com a dívida. Já Cristina e a ala kirchnerista afirmam que a Argentina não tem recursos para pagar os US$ 44 bilhões que deve ao FMI.

A inflação está em 50% ao ano, e a ela se somam críticas à gestão da pandemia -o país tem, hoje, 114 mil mortes e cerca de 40% da população totalmente imunizada- e desgastes de ordem pessoal.

Em agosto, o presidente foi indiciado devido à realização de uma festa de aniversário para a primeira-dama, Fabiola Yáñez, em um momento em que as restrições para conter o avanço do coronavírus estavam em sua fase mais dura no país.

A crescente insatisfação popular foi escancarada nas prévias de domingo, quando a frente governista foi derrotada nas primárias para o pleito legislativo de 14 de novembro, ficando com cerca de 30% dos votos. Em primeiro lugar ficou a principal força de oposição, a coalizão de centro-direita Juntos, liderada por Macri, que alcançou 40,02%.

| IDNews® | Folhapress | Via NMBR |Brasil

Beto Fortunato

Jornalista - Diretor de TV - Editor -Cinegrafista - MTB: 44493-SP

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