Entenda o que é ‘greenwashing’, tendência que marcou a COP26
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Literalmente, o termo significa “lavagem verde” e indica que uma proposta ou ação apenas parece sustentável, mas na prática não tem qualquer efeito contra o aquecimento global
Uma palavra marcou a primeira conferência climática desde o começo da pandemia: “greenwashing”.
Literalmente, o termo significa “lavagem verde” e indica que uma proposta ou ação apenas parece sustentável, mas na prática não tem qualquer efeito contra o aquecimento global, ou até piora a catástrofe em algum outro ponto do país ou do mundo.
Um exemplo dos primeiros casos são as metas de redução de gases poluentes apresentadas por vários países, sem virem acompanhadas de um estudo embasado e um planejamento concreto de medidas para cortar essas emissões.
A revisão feita pelo governo Bolsonaro em sua promessa de cortes para 2030 também foi acusada de ser “greenwashing”: embora elevada de 43% para 50%, em números absolutos o esforço oferecido é igual ou até menor que o indicado em 2015.
Isso acontece porque, no ano passado, a base de cálculo foi ampliada. O aumento de porcentagem feito agora pelo Brasil não é suficiente para compensar esse novo valor.
Outro exemplo é o do anúncio australiano para incentivar um transporte mais limpo. Em vez de subsidiar a compra de carros elétricos, apenas promete mais postos de reabastecimento, enquanto continua extraindo carvão de suas minas e queimando esse combustível para produzir energia.
E, nesta sexta (12), antes prevista para ser o último dia da conferência climática, a divulgação de que o desmatamento no Brasil atingiu um recorde histórico no mês de outubro desbotou o tom esverdeado com que o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, procurou cobrir seus discursos.
Com o crescimento da preocupação de consumidores e investidores com o impacto das atividades das empresas na sociedade e no ambiente, o “greenwashing” também se expandiu em anúncios corporativos, que entidades ambientalistas procuram desmascarar.
Um desses casos é o de empresas que se promovem investindo em hidrogênio, um combustível que não é poluente quando usado, mas pode provocar emissões quando produzido, se isso for feito usando fontes energéticas sujas, como o gás ou o carvão.
Grandes bancos também foram denunciados por fundar entidades pró-descarbonização, quando, do outro lado da moeda, estão entre os maiores financiadores de atividades poluentes, entre elas empresas petrolíferas ou ligadas a desmatamento, como grandes exportadoras de soja produzida no território amazônico.
Companhias que vêm perdendo consumidores e financiamentos por estarem ligadas à crise do clima procuraram aproveitar a exposição gerada pela COP26 para apresentar uma imagem sustentável ou ao menos tentar reverter as restrições que enfrentam.
O sempre suspeito setor de combustíveis fósseis registrou 503 lobistas. Se fosse um país, teria a maior delegação da COP, tirando esse posto do Brasil. Segundo a Global Witness, o número supera a soma das delegações dos oito países mais afetados pela crise do clima nos últimos 20 anos: Porto Rico, Mianmar, Haiti, Filipinas, Moçambique, Bahamas, Bangladesh, Paquistão.
O Brasil, aliás, está entre as 27 delegações oficiais que registraram lobistas de combustíveis fósseis entre seus membros. O pavilhão em que o ministro do Meio Ambiente brasileiro trabalhou também foi patrocinado por um setor que tem procurado desconectar sua imagem da do desmatamento: o agronegócio.
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