Economia & Negócios

Saiba como fazer o planejamento do seu negócio para 2022


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O cenário de inflação e juros altos aumenta a possibilidade de mudanças de prioridades e metas durante o percurso


Diante das incertezas econômicas e políticas, pequenos empreendedores devem ter cautela na elaboração do planejamento estratégico para 2022. O cenário de inflação e juros altos aumenta a possibilidade de mudanças de prioridades e metas durante o percurso.

“O governo não tem uma linha clara de atuação. No ano que vem teremos um ambiente econômico impactado pela alta da Selic e eleições polarizadas”, diz Rubens Massa, professor do Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios da FGV (Fundação Getulio Vargas). “Então, todo planejamento deve responder a diferentes quadros”.

Para mais segurança, é recomendável que o empreendedor tenha planos de reação a cenários neutros, otimistas (crescimento do faturamento) e pessimistas (queda nas vendas).

Reduzir despesas fixas (que não apresentam relação com o custo do produto) e criar estruturas mais enxutas e flexíveis são medidas recomendáveis para eliminar barreiras e conseguir responder a mudanças na intensidade e velocidade necessárias.

Hoje, com a economia cada vez mais global que permite rápidas transformações, empresas têm de fazer revisões constantes do planejamento. As mais ágeis revisitam os apontamentos semanalmente, diz Massa.

Meses de alta e de baixa do negócio devem ser identificados com antecedência e inseridos em um cronograma que defina ações de reparo ou alavancagem durante o ano para que o empreendedor consiga prever mais claramente seus impactos no fluxo de caixa.

Ao se programar de forma antecipada para datas comemorativas ou fechar pacotes de longo prazo com fornecedores, uma empresa pode conseguir descontos e garantir economia de até 30% sobre o valor do produto, diz Priscila Tanihara, analista de negócios do Sebrae-SP.

A compra antecipada também aumenta as chances de mais parcelamento, o que pode evitar o desabastecimento do caixa.

A boutique de biscoitos Biscoitê já tem definida toda a sua produção para a Páscoa do ano que vem. Segundo o diretor-executivo da marca, Raul Matos, o planejamento antecipado evita a cobrança de preços mais altos às vésperas da data comemorativa.

Para elaborar ações e definir metas, a Biscoitê investe em uma área de tecnologia responsável por compilar, organizar e analisar dados de suas 32 unidades em São Paulo e no Rio de Janeiro. São monitoradas informações sobre quais e quantos produtos foram vendidos, horários de maior comercialização e tíquete médio.

Com os dados tabulados, a marca projeta cenários variados para o ano seguinte.

“Na pandemia, é difícil saber se as lojas estarão abertas ou fechadas nos próximos meses. Temos diferentes estratégias já concebidas, por exemplo, para direcionar as vendas na internet dos kits que mais comercializamos nas lojas físicas”, diz Matos. “Sem um planejamento prévio, uma loja pode fechar e não saber o que fazer.”

O contexto econômico também é importante na definição estratégica da marca. Para este Natal, a Biscoitê criou um kit por R$ 29,90. Em momentos de mais estabilidade, os lançamentos para essa época do ano têm preço a partir de R$ 79, segundo Matos.
A definição de metas não pode envolver apenas os executivos da empresa.

“A área que atende o cliente, a financeira, a de marketing, a de vendas, a de produto: todas elas precisam ser ouvidas e dizer os pontos em que empresa está indo bem e os que precisam melhorar. Diretores podem ter desejo de crescimento, mas são esses setores que trazem subsídios de inteligência ao negócio”, diz Charys Oliveira, gerente da Ahfin, fintech com foco na saúde financeira.

Durante o planejamento, é preciso fazer um balanço do ano consolidado e pensar em quais serão os produtos, serviços e público-alvo que serão priorizados nos próximos meses. Também é necessário projetar lucro e tempo para retorno do investimento.

Sem muitos recursos, pequenos empreendedores podem recorrer a ajuda profissional para montar o plano de negócios. É possível encontrá-la em órgãos como o Sebrae, por exemplo.

Mesmo que a empresa projete crescimento, pegar empréstimos com objetivo de alavancar o negócio pode ser um tiro no pé. O empreendedor deve recorrer à tomada de crédito somente se tiver plano detalhado e gestão de risco bem definida, segundo Massa, da FVG.

Neste mês, o Copom (Comitê de Política Monetária) do BC elevou a taxa básica de juros de 7,75% para 9,25% ao ano. No começo de 2021, a Selic estava em 2%. A projeção é que fique próxima de 12% no ano que vem. O Brasil lidera o ritmo de alta de juros em 2021, com uma inflação entre as maiores do planeta.

Na Navita, empresa que faz gestão de mobilidade corporativa, as ações definidas durante o planejamento estratégico são pensadas de forma que o caixa da companhia permaneça com pelo menos dois meses de faturamento.

Manter o caixa saudável é determinante para a sobrevivência da empresa em um momento de instabilidade, em que as opções de crédito são mais escassas, segundo Jorge Campezatto Neto, diretor financeiro da companhia.

“Empresas de tecnologia têm ativos intangíveis de serem dados como garantia e enfrentam mais dificuldades para conseguir crédito, principalmente na pandemia”, diz Neto. “O caixa se torna determinante caso a empresa seja impactada por algum gasto não previsto no orçamento.”

| IDNews® | Folhapress | Via NMBR |Brasil

Beto Fortunato

Jornalista - Diretor de TV - Editor -Cinegrafista - MTB: 44493-SP

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