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Dólar, Bolsa e petróleo caem diante de riscos de inflação e Covid


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Expectativas de continuidade da entrada do fluxo de capital estrangeiro levaram o dólar a uma baixa de 0,46% nesta sessão, fechando o dia cotado a R$ 4,6910.


O mercado financeiro do Brasil trabalhou nesta segunda-feira (11) sob o impacto do susto da maior inflação para março em 28 anos, revelada na última sexta (8), e que surpreendeu o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. “A gente teve um índice mais recente que foi uma surpresa”, disse a autoridade monetária.

A disparada dos preços é interpretada desde a última sexta como um sinal de juros mais altos, ameaçando inclusive o fim do ciclo do aperto monetário previsto para o próximo mês. Isso indica a investidores estrangeiros que o país continuará oferecendo retorno vantajoso para aplicações em renda fixa.

Expectativas de continuidade da entrada do fluxo de capital estrangeiro levaram o dólar a uma baixa de 0,46% nesta sessão, fechando o dia cotado a R$ 4,6910.

No exterior, bolsas globais tiveram um novo dia de quedas generalizadas. Temores sobre os efeitos do lockdown no coração financeiro da China derrubaram os mercados na Ásia e com eles também foram para o fundo os preços das principais commodities exportadas pelo Brasil.

Enquanto isso, nos Estados Unidos, sinais de que os juros de referência serão severamente elevados seguem alimentando temores de que o remédio para combater a maior inflação em 40 anos poderá alimentar uma futura recessão.

Cenários interno e externo desfavoráveis para o crescimento de empresas explicam a baixa de 1,16% do Ibovespa, o índice de referência da Bolsa de Valores brasileira, que fechou o pregão em 116.925 pontos.

Na China, o índice que segue as ações das principais empresas listadas em Xangai e Shenzhen desabou 3,03%. A segunda foi igualmente ruim na Bolsa de Hong Hong, que despencou 3,09%.

Diante do avanço dos casos de Covid-19, autoridades chinesas submetem os 26 milhões de habitantes de Xangai a rigorosas regras de restrição de mobilidade.

A política sanitária de Pequim mira zerar as infecções. Investidores temem que o efeito colateral seja uma nova desorganização das cadeias de abastecimento e que isso paralise economias que ainda tentam se recuperar das piores fases da pandemia.

O preço do petróleo Brent caía 3,71% neste fim de tarde, a US$ 98,97. Com essa cotação, o barril mergulhava abaixo dos US$ 99,08 do fechamento de 24 de fevereiro, dia em que tropas russas invadiram a Ucrânia. Preocupações sobre a restrição que a guerra poderia impor à oferta da commodity fizeram o preço de referência do petróleo bruto escalar aos US$ 127,98, em 8 de março.

Neste momento, além do lockdown na China, os preços do petróleo também são empurrados para baixo pela decisão dos Estados Unidos e de outros países de liberar milhões de barris de suas reservas estratégicas. A medida busca frear a inflação mundial dos combustíveis.

O mau humor também era sentido no mercado de minério de ferro, cujos contratos mais negociados se desvalorizaram.
Nos Estados Unidos, os principais índices de ações caíram, enquanto os rendimentos dos títulos de referência do Tesouro escalaram ao maior patamar desde 2019.

O indicador de referência de Nova York, o S&P 500, perdeu 1,69%. A principal influência negativa veio do setor de tecnologia, conforme revelou a queda de 2,18% do índice Nasdaq. O Dow Jones recuou 1,19%.

Investidores começam a buscar proteção na renda fixa diante das sinalizações de que o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) irá elevar juros de forma mais agressiva e reduzir suas posições em títulos.

Em um contexto de elevação dos juros pelo Fed, parte dos analistas avaliam que a manutenção da queda da taxa de câmbio no Brasil não é sustentável. “É preciso separar sinais de ruídos que refletem apenas um movimento de mercado no dia”, disse Davi Lelis, especialista da Valor Investimentos. “Os sinais, que são os movimentos fundamentados, ainda revelam uma perspectiva de alta do dólar”, comentou.

INFLAÇÃO ACENTUA ALTA DA CURVA DE JUROS NO BRASIL

Desde a última terça-feira (5) as curvas de juros futuros, como o mercado chama variação das taxas de referência para os próximos anos, mostram o aumento da expectativa de mais aperto ao crédito no Brasil.

Esse movimento era provocado pela expectativa da divulgação da ata do Fed, na quarta (6), referente à reunião realizada pela autoridade monetária em março e que resultou na primeira elevação dos juros americanos desde 2018.

Acertadamente, o mercado se preparava para uma ata reveladora quando às intenções do Fed em tornar o crédito ainda mais caro do que o esperado pelo mercado. Essa é a medida ao alcance do banco central americano para o combate a uma inflação causada pela elevada demanda por produtos de todo tipo, diante de uma oferta limitada, sobretudo, pela alta do custo de geração de energia.

Elevações agressivas dos juros americanos podem forçar o Banco Central do Brasil a aumentar ainda mais a sua taxa. A manutenção da competitividade da renda fixa brasileira seria, portanto, uma das poucas ferramentas à mão do BC para impedir a saída de dólares do país e a consequente ampliação da pressão inflacionária gerada pela alta na taxa de câmbio.

Na última sexta (8), as expectativas de elevação da Selic foram reforçadas pela divulgação de que o mega-aumento de combustíveis havia feito o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de março subir 1,62%. Tratava-se da maior alta para o mês desde 1994 (42,75%), antes da implantação do real. O avanço é o mais intenso para março em 28 anos.

Entre o fechamento do mercado na última quinta-feira (7) e o fim da tarde desta segunda, os contratos de juros DI (Depósitos Interbancários) com vencimento em janeiro de 2023 passaram de 12,75% ao ano, na véspera, para 13,85%.

Esse tipo de contrato é negociado exclusivamente entre instituições financeiras, mas serve de referência para o crédito oferecido a pessoas e empresas.

Ao reconhecer a surpresa com a inflação doméstica, Campos Neto pode ter dado fôlego a temores de que a elevação da taxa Selic dos atuais 11,75% para 12,75, na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) de maio, não marcará o fim do aperto monetário no Brasil, como ainda é era amplamente esperado.

| IDNews® | Folhapress | Via NMBR |Brasil

Beto Fortunato

Jornalista - Diretor de TV - Editor -Cinegrafista - MTB: 44493-SP

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