Maioria é contra Carnaval fora de época no RJ e em SP, aponta Datafolha
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Os desfiles das escolas de samba nas duas capitais acontecerão nos dias 20 e 21 no sambódromo da Sapucaí, e 22 e 23 no do Anhembi.
Adiada para abril devido à pandemia de Covid, a festa tida como a mais popular do Brasil enfrenta um momento de baixa popularidade.
Segundo pesquisa Datafolha, apenas 17% dos entrevistados no estado de São Paulo apoiam a realização do Carnaval entre os dias 20 e 23, e só 6% dizem que pretendem participar dos blocos de rua se eles forem liberados. Não há diferença significativa entre os índices registrados na capital e no interior paulista.
Já no Rio de Janeiro, 26% apoiam o Carnaval nos próximos dias 20 a 23, e 10% afirmam que pretendem frequentar os blocos. Considerando-se apenas a capital fluminense, o índice dos que apoiam a folia tardia é consideravelmente maior -33% a endossam, contra 20% da população do interior.
A pesquisa Datafolha em São Paulo foi realizada nos dias 5 e 6 de abril com 1.806 entrevistas com pessoas de 16 anos ou mais em 62 municípios. A margem de erro é de dois pontos percentuais.
Já no Rio de Janeiro, o Datafolha fez 1.218 entrevistas com pessoas de 16 anos ou mais em 30 municípios do dia 5 ao dia 7 de abril. A margem de erro é de três pontos percentuais.
O Carnaval de rua foi cancelado nas capitais dos dois estados no início de janeiro, em razão da rápida disseminação de casos de Covid provocada pela variante ômicron do coronavírus.
No dia 21 do mesmo mês, os prefeitos Ricardo Nunes (MDB-SP) e Eduardo Paes (PSD-RJ) anunciaram conjuntamente o adiamento dos desfiles das escolas de samba para o feriado de Tiradentes.
Segundo pesquisas Datafolha divulgadas no domingo (10), os dois amargam atualmente baixos índices de popularidade.
Após 11 meses no cargo, Nunes é aprovado por apenas 12% da população de São Paulo, e reprovado por 30%. Já Paes tem no momento a pior avaliação de seus três mandatos, com 21% de avaliação ótimo/bom e 36% de ruim/péssimo.
Os desfiles das escolas de samba nas duas capitais acontecerão nos dias 20 e 21 no sambódromo da Sapucaí, e 22 e 23 no do Anhembi.
Já a festa de rua vive impasse, em meio à redução de casos de Covid.
Enquanto no Rio blocos clandestinos circularam com pouca fiscalização em fevereiro, na data tradicional, em São Paulo, a festa foi mais tímida.
Agora, porém, os blocos paulistanos prometem ir à rua nos quatro dias do feriado em que as escolas desfilarão nos sambódromos.
Por enquanto, não há acordo com a Prefeitura de São Paulo para que isso aconteça. De um lado, a gestão Nunes diz que não há tempo hábil para implementar a infraestrutura necessária para os cortejos, e a Polícia Militar afirma não ter como mobilizar efetivo suficiente.
Na semana passada, o prefeito chegou a dizer que o Carnaval de rua poderia acontecer desde que os blocos bancassem custos como segurança, gradil, médicos, plano de emergência e rota de fuga.
“Não é possível que tenhamos blocos de carnavais que incentivem as pessoas à rua sem gerar o mínimo de estrutura que possa garantir a segurança para as pessoas”, declarou. “Todo direito de expressão cultural vai ser garantido, mas é preciso uma conscientização sobre o risco da vida das pessoas.”
De outro lado, os blocos paulistanos defendem ter direito à festa e dizem que pretendem fazê-la de forma reduzida, com cerca de 50 grupos.
“A gente não vai colocar vida em risco, não somos irresponsáveis”, afirmou Lira Ali, integrante do Coletivo do Arrastão dos Blocos. “O papel de vocês [poder público] é garantir nosso direito, se a gente não tem direito de ser feliz, para que que vai viver?”, questionou.
Ainda que representem uma parcela reduzida da população, se os 6% dos paulistanos que disseram ao Datafolha que irão aos blocos de fato forem às ruas, o número não será desprezível: serão cerca de 500 mil foliões na cidade. Ainda assim, a participação ficará longe dos 15 milhões que a SPTuris estimou no Carnaval 2020, turistas inclusos.
Neste ano, são os jovens, como esperado, os que mais dizem pretender participar da festa de rua, mostra o Datafolha. A parcela dos entrevistados na faixa etária de 16 a 24 anos que promete aderir aos blocos é mais que o dobro da média nos dois estados: 13% em São Paulo e 22% no Rio.
Entre os cariocas, há uma adesão significativamente maior à festa de rua neste ano entre os mais ricos. Dizem que vão participar dos blocos 27% dos entrevistados com renda familiar mensal de até dez salários mínimos, ante 8% dos que ganham até dois salários.
Em São Paulo, não há diferença entre os dois estratos. Ambos ficam em 6%.
Ao se analisar o apoio à realização do Carnaval, independente da intenção de participar dele na rua, o maior respaldo entre os mais jovens se mantém. São a favor da festa 24% dos entrevistados de São Paulo na faixa de 16 a 24 anos, e 37% dos do Rio.
Na faixa etária de 60 anos, o índice de favoráveis à folia cai para 13% e 16%, respectivamente, nas duas cidades.
O apoio ao Carnaval também é maior quanto mais elevada a renda e a escolaridade.
Em São Paulo, 26% dos que têm nível superior e 32% dos que ganham mais de dez salários mínimos são favoráveis, ante 11% dos que têm até ensino fundamental e 15% dos que ganham até dois salários mínimos.
No Rio, o apoio entre os mais escolarizados é de 38%, e o dos mais ricos, 58%. Entre os menos instruídos e os mais pobres, cai para 18% e 23%, respectivamente.
Há entre os cariocas um apoio ao Carnaval consideravelmente menor no segmento evangélico. Apenas 14% dos fiéis são favoráveis, ante 28% dos católicos e 40% dos espíritas/kardecistas.
Em São Paulo, a diferença se repete, ainda que em menor grau. Defendem a realização da festa 17% dos católicos, 22% dos espíritas/kardecistas e 10% dos evangélicos.
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