Doria rompe com presidente do PSDB e amplia seu isolamento
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João Doria retirou o presidente nacional do partido, Bruno Araújo, do comando de sua pré-campanha
Pré-candidato à Presidência pelo PSDB, o ex-governador de São Paulo João Doria retirou o presidente nacional do partido, Bruno Araújo, do comando de sua pré-campanha. Ele será substituído pelo presidente da legenda em São Paulo, Marco Vinholi. O anúncio foi feito pela equipe do ex-governador.
Doria havia convidado Araújo para ser o coordenador de sua pré-campanha em dezembro. Segundo nota divulgada pela equipe do tucano, Araújo “relativizou a candidatura de Doria” em declarações recentes e, “essa postura, considerada pouco agregadora, motivou a decisão”.
Nas redes sociais, Araújo ironizou a decisão de Doria e afirmou que nunca fez questão de exercer esse cargo.
“Ufa! Comando que nunca fiz questão de exercer”, escreveu.
O perfil oficial do PSDB no Twitter compartilhou a publicação de Araújo, em sinal que pode ser lido como mais um enfraquecimento da pré-campanha do ex-governador.
Com isso, Doria, que já enfrentava críticas dentro de seu próprio partido, fica ainda mais isolado e exposto. Desde o resultado acirrado das prévias do PSDB em novembro, com a derrota do ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite, o partido está rachado.
Doria se queixa de ser alvo de uma tentativa de golpe para que o candidato presidencial seja Leite. Enquanto aliados do ex-governador gaúcho afirmam que ele teria mais chances, por não ter a rejeição de Doria.
Segundo um aliado de Leite, a saída de Araújo da coordenação evidencia ainda mais o isolamento de Doria no partido e a fragilidade de sua candidatura ao Planalto. Ele também afirma que Doria não tem agenda e nem aliados políticos que endossam a sua campanha.
Ainda segundo ele, era esperada a troca, uma vez que Araújo tem responsabilidades enquanto presidente nacional do partido que não necessariamente podem ser conciliadas com a coordenação da pré-campanha de um candidato “que é cada vez mais questionado”.
À Folha Vinholi diz que a pré-campanha irá “seguir no diálogo junto ao centro democrático para a construção da candidatura conjunta”.
“Confio que João Doria é quem reúne as melhores condições para retomar o desenvolvimento do Brasil”, afirma.
Na nota que anunciou a mudança, a equipe de Doria afirma que o presidente estadual do PSDB em SP “é considerado um hábil articulador político por sua ampla capacidade de diálogo”.
Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa do ex-governador diz que ele não irá comentar a publicação de Araújo.
Ex-prefeito de Manaus e terceiro colocado nas prévias do PSDB, Arthur Virgílio diz à Folha que foi surpreendido com a notícia desta sexta-feira (15) e afirma que o partido deve se unir.
“Prego que o PSDB não se divida. A gente não deve dividir nem o que está forte. O que está tentando se fortalecer é que não pode ser dividido mesmo.”
Declarações e gestos de Araújo nas últimas semanas evidenciavam o desgaste na relação com Doria. Segundo aliados do ex-governador paulista, já não havia mais clima para a permanência de Araújo na coordenação da pré-campanha.
Em grupos de WhatsApp da militância tucana, o presidente do partido estava sendo atacado por estar dando sinas de desrespeitos às prévias partidárias do PSDB.
Como mostrou a coluna Mônica Bergamo, em encontro com empresários do grupo Esfera Brasil, nesta semana, Araújo afirmou que a aliança com outros partidos “é maior” do que as prévias da legenda, vencidas por Doria.
Desta forma, a candidatura presidencial dependeria do pacto com Cidadania, União Brasil e MDB. Os quatro partidos afirmaram no começo deste mês que vão anunciar no dia 18 de maio o nome de quem representará uma candidatura única da chamada terceira via.
“O PSDB agora está em um consórcio maior para uma terceira via. Não vejo apoio do PSDB para seguir com uma candidatura que não seja dentro [desse pacto]. A candidatura de Doria recebe toda energia, todo o apoio do PSDB, se ela tiver escolhida dentro desse conjunto político da aliança nacional com todos os partidos. Fora isso, acho que vai ter um grau de desgaste intenso dentro do partido”, afirmou Araújo.
Na quinta-feira (14), Araújo almoçou com o ex-governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, que articula ser o representante tucano em um projeto presidencial, apesar de ter perdido as prévias para Doria.
Ainda no começo deste mês, Araújo afirmou que existe forte oposição interna na sigla à candidatura de Doria e que o comportamento de Leite é do jogo político.
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