Família afirma que policiais militares mataram jovem com deficiência no Rio
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Segundo Renan Alves, irmão do jovem, ele havia ido cortar cabelo na comunidade do Café, na zona norte, quando foi baleado. Moradores disseram à família que quatro policiais desceram de um veículo e começaram a efetuar disparos.
A família de Ruan Limão do Nascimento, 26, afirma que policiais militares à paisana e em veículo descaracterizado mataram o jovem no começo da noite desta sexta-feira (6), no Rio de Janeiro.
Segundo Renan Alves, irmão do jovem, ele havia ido cortar cabelo na comunidade do Café, na zona norte, quando foi baleado. Moradores disseram à família que quatro policiais desceram de um veículo e começaram a efetuar disparos. Ruan, que tinha deficiência intelectual, foi atingido na região do tronco.
“Sexta-feira aqui fica lotado e as pessoas que estavam na rua contaram que, entre 18h30 e 19h, um carro vermelho com quatro policiais de fuzil chegou dando tiro. Não teve confronto nenhum. A única coisa que teve foram tiros que pegaram no meu irmão”, diz Renan, acrescentando que os agentes não usavam uniforme.
Em nota, a Polícia Militar confirma que policiais do serviço reservado do 4º batalhão atuaram na comunidade do Café para verificar o comércio ilegal de cobre. Segundo a PM, os agentes dizem que houve confronto durante a abordagem.
“Após cessar a situação, houve apreensão de uma granada, um rádio comunicador e 240 papelotes de crack. Um homem ferido foi encontrado e socorrido ao Hospital Municipal Souza Aguiar. A ocorrência foi encaminhada para a 17ª DP e depois para a Delegacia de Homicídios da Capital.”
A corporação afirma ainda que ouviu os policiais envolvidos na ação e que instaurou um procedimento para apurar os fatos.
Segundo Renan, os agentes saíram da comunidade levando Ruan no porta-malas do carro. “A partir daí, a gente ficou sem informação sobre para onde ele foi levado. A gente deduziu que ele estava no hospital Souza Aguiar, mas ninguém falou nada. Como a minha mãe estava desesperada, ela foi no primeiro hospital que veio na cabeça.”
Ao chegar à unidade, a família descobriu que o jovem de fato havia sido encaminhado ao hospital, mas que não resistiu aos ferimentos. “Estamos arrasados. É tristeza demais. A gente só quer justiça. Ele era uma pessoa pura. A única coisa que a gente pode pedir por ele neste momento é justiça.”
Procuradora da Comissão de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Mariana Rodrigues diz que o órgão buscará imagens de câmeras de segurança e pedirá ao hospital Souza Aguiar informações sobre se o jovem chegou com vida ou não à unidade.
Para ela, o socorro prestado foi inadequado. “Já podemos dizer que esse procedimento é errado. Se ele de fato tiver sido colocado na mala, é um absurdo total. Tirar o corpo e fazer o socorro é ter o mínimo de cuidado no translado. Pelos relatos das pessoas, colocar em uma mala deixa a impressão de que tentaram desfazer a cena do crime”, afirma Rodrigues, que é advogada da família.
De acordo com Renan, o jovem foi diagnosticado com retardo mental leve ainda bebê. “Ele ia fazer 27 anos, mas tinha a mente de uma criança de 12, 13 anos. Ele era uma pessoa pura, maravilhosa. Era alguém muito querido.”
O jovem morava na Barreira do Vasco, comunidade que fica em frente à localidade do Café, onde ele foi baleado. “Ele conhecia todo mundo. Não tinha uma pessoa que não o conhecesse.”
O Vasco da Gama lamentou, nas redes sociais, a morte de Ruan, que era vascaíno. “É com enorme pesar que recebemos a notícia da morte de Ruan do Nascimento, na noite de ontem, na Barreira do Vasco. Ruan era símbolo de alegria e amor ao clube. Desejamos força aos familiares e amigos, e que o caso seja apurado e a justiça seja feita.”
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