Márcia Lia questiona empréstimo R$ 130 mil pelo presidente da Uvesp à Coaf
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Márcia Lia questiona empréstimo R$ 130 mil pelo presidente da Uvesp à Coaf
Deputada participa da 15ª reunião da CPI da Merenda, que apura esquema de fraudes descoberto pela Polícia Civil na Operação Alba Branca
16.32| 27OUT2016 Assessoria de Comunicação da deputada estadual Márcia Lia
Com muitas contradições, o presidente da Uvesp (União dos Vereadores do Estado de São Paulo), Sebastião Misiara, depôs nesta quarta-feira, dia 26, durante a 15ª reunião da CPI da Merenda, instalada pela Assembleia Legislativa para apurar denúncias de fraudes e superfaturamento nos contratos para compra da alimentação escolar do Governo do estado. A deputada estadual Márcia Lia questionou o depoente sobre a motivação para o empréstimo de R$ 130 mil à Coaf (Cooperativa Orgânica de Agricultura Familiar, de Bebedouro), principal alvo da Operação Alba Branca.
“Temos documentos aqui que comprovam que o senhor teria emprestado 130 mil reais à Coaf. O senhor poderia esclarecer isso?”, questionou a deputada. Misiara é tio de Emerson Girardi, vendedor da Coaf amplamente citado na investigação. Em sua resposta pouco convincente à deputada, o depoente, disse que tudo não passava de “uma infeliz coincidência”. Segundo ele, o empréstimo a pedido do sobrinho, com quem trabalhou por 17 anos.
Misiara falou à CPI sobre oito anúncios que teriam sido adquiridos pela Coaf em um jornal de sua propriedade no interior e que desses, apenas três teriam sido pagos. Também falou sobre o papel de fiador no aluguel de uma sala utilizada como um showroom para que o sobrinho pudesse fazer a venda dos produtos da Cooperativa. Citou ainda o valor de R$ 1,5 milhão em mantimentos que a Coaf teria se comprometido a encaminhar ao Hospital do Câncer de Barretos. “Eu tinha aluguéis para receber, anúncios para receber e o mais importante, o compromisso com o Hospital do Câncer. Emerson pediu emprestados R$ 10 mil, por 10 dias, para colocar documentos da Coaf todos em dia”, argumentou.
“O senhor não acha estranho ter sido lesado com o não pagamento dos anúncios no jornal, lesado pelo não pagamento da fiança dos aluguéis e ainda entregar 130 mil reais por meio de um TED (serviço de transferência bancária)? Eu não faria isso”, frisou a deputada.
Márcia ainda questionou se Misiara conhecia o assentamento de onde proviam os alimentos da Coaf. “O senhor é de Barretos, muito próximo a Bebedouro. Já esteve lá nos assentamentos onde a suposta laranja seria produzida?”, perguntou. Com a resposta negativa, a deputada voltou a questionar: “O senhor sabia que os assentamentos da região não produzem laranja? Eu fui lá e só tem cana de açúcar. Um corredor de cana e aí se vende, com intermediação de muita gente, milhões de reais em suco de laranja. Ninguém alertou ninguém. Muito complicado acreditar nessa história”, finalizou Marcia Lia.
Sócio
Na mesma linha de Márcia Lia, o deputado Teonílio Barba questionou o empréstimo de recursos de Misiara à Coaf. “Como é que o senhor entra num enrosco desses? É fiador de um imóvel da Coaf, empresta R$ 130 mil a pedido do sobrinho, sem nenhum avalista, porque a Coaf está passando por um período de dificuldade financeira, uma empresa que não se sabe se vai dar certo ou não (…). Sem querer fazer ilação, senhor Sebastião, mas parece que o senhor ficou sócio da Coaf”, arguiu o deputado Teonílio Barba, em concordância com os demais deputados da bancada presentes.
Dinheiro do HC não chegou
A deputada Beth Sahão retomou uma das respostas do depoente e perguntou sobre verba de R$ 1,5 milhão que deveria ter chegado ao Hospital de Câncer de Barretos, por intermédio da Coaf, entre outros envolvidos. “Como funcionou? Como funcionaria? Como uma cooperativa desta poderia deslocar recurso tão alto para um hospital? Como houve triangulação se a Coaf não tinha lastro financeiro para pensar em R$ 1,5 milhão?
Misiara respondeu que o dinheiro não era da cooperativa, e mencionou um departamento da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), no Ministério da Agricultura, “que atende às cooperativas que indicam entidades filantrópicas para receber doações. Eles indicam, a Conab dá o dinheiro, a cooperativa compra”. Segundo Misiara, o dinheiro entrou na conta da Coaf e saiu, porém não chegou ao hospital de Barretos.
Intermediário
Além de ser tio de Girardi, ter sido fiador para a empresa e ter emprestado dinheiro à cooperativa sem maiores garantias de recebimento, outro fato chamou a atenção dos deputados petistas. Os parlamentares passaram a vê-lo como intermediário do contato entre Coaf e governo do Estado, pois “coincidentemente” Misiara retira-se de cena quando o lobista Marcel Ferreira Julio é convocado pela cooperativa e passa a fazer ponte entre agentes públicos e cooperativa.
O deputado Alencar Santana Braga, único membro efetivo da oposição na CPI, perguntou a Misiara a razão que o levou a entrar na “confusão” do caso Coaf. “A Uvesp representa vereadores. Você disse que atuou junto às Câmaras para criação das leis. Neste caso não vi onde as Câmaras seriam beneficiadas na questão de defender o setor cítrico de uma região que produzia mais laranjas para vender em outros lugares”. Misiara, que diz ter agido em prol dos pequenos e médios agricultores, continuou afirmando que se envolveu com caso Coaf para auxiliar seu sobrinho, que “não queria perder seu emprego”.
Segundo depoente falta
Aquele que seria o segundo depoente do dia, Yuri Keller, que compunha comissão de licitações e contratos da Secretaria de Educação do Estado na época em que se firmou contrato com a Coaf, não compareceu à CPI para prestar depoimento. Yuri será chamado novamente e, caso não compareça, será chamado coercitivamente. *Com Imprensa PT Alesp