Dança ganha contorno de manifesto antirracista em homenagem à Escola Iracema Nogueira
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Vereadora Fabi Virgílio (PT) indicou a entrega do Diploma de Honra ao Mérito à escola
Na segunda-feira (26), a Câmara entregou o Diploma de Honra ao Mérito à Escola Municipal de Dança “Iracema Nogueira”. Uma noite que ficará marcada na memória de jovens, pais, educadores e artistas de Araraquara. Isso porque a escola vive e transborda arte, emoção e história.
Ao longo de duas décadas de atuação da instituição, milhares de alunos tiveram suas vidas transformadas por meio da arte e da dança. “E o reconhecimento disso é o retorno dos estudantes à escola mesmo depois de formados. Os alunos voltam. Porque fica o sentimento de querer estar, de afeto, de se sentir acolhido. Voltam porque realmente é especial. É especial para nós e para eles”, explicou a diretora Vanessa Cristina Caiano de Santana.
Idealizada pela artista de dança e ativista cultural Gilsamara Moura, a escola surgiu em 2002, após a transformação de um barracão abandonado em um espaço artístico cultural que conta com palco, ateliê e a estrutura necessária para os ensaios.
O projeto foi semeado pelo desejo de oferecer a Araraquara um espaço de oferta gratuita e acessível da cultura. “Vidas foram reconfiguradas pela potência de uma educação voltada para as artes. A Escola Iracema Nogueira é uma jovem adulta que se movimenta e faz corpos e mentes se movimentarem. Movimentou pesquisas, livros, dissertações, ensaios e continua movimentando. Ela movimenta”, enfatizou Gilsamara.
A iniciativa que surgiu na pasta da cultura ganhou espaço também na Secretaria de Educação. Juntas as equipes trabalharam a proposta pedagógica e cultural. “Uma escola pública a serviço da expressão mais bonita que é o corpo em movimento. A dança é uma parte indissociável daquilo que nos constitui. Na Iracema nos reconectamos com aquilo que é essencial, com a liberdade de movimentar o corpo, de pensar e de construir outras possibilidades”, frisou a secretária de Educação, Clélia Mara dos Santos.
Expressão e movimento não faltaram na noite da homenagem. Alunos e ex-alunos da escola subiram ao palco e entregaram um espetáculo para a plateia. Um não, vários! Crianças e adolescentes de várias idades se intercalaram em três apresentações. A primeira delas, a interpretação em Libras do Hino Nacional pelo aluno Andrey Rodrigues Leite, mostrou que acessibilidade também é um dos pilares da Iracema Nogueira. Em um segundo momento, ao som da canção “Trenzinho do Caipira”, na voz do ilustre Ney Matogrosso, os estudantes coloriram o palco e com muita leveza figuraram uma dança nas estrelas.
No final da noite, arte e luta antirracista se entrelaçaram e emocionaram o público. Em “Nina: tudo precisa mudar”, um tributo a Nina Simone, pianista, cantora, compositora e ativista pelos direitos civis dos negros norte-americanos, a dança contemporânea ganhou contornos de um manifesto antirracista, reforçando a importância da igualdade de direitos e de oportunidades, principalmente no palco.
Igualdade de direitos também é sinônimo do que representa a consolidação da escola Iracema Nogueira. O projeto reforça que toda criança e todo adolescente devem ter o direito de acessar a cultura e a arte.
Como definiu a vereadora Fabi Virgílio (PT), responsável pela indicação da homenagem à escola, Iracema Nogueira é a realização de um sonho pulsante de uma cidade que transborda arte. “Se há na cidade projeto mais potente e bonito que este, eu desconheço. É um sonho materializado de toda cidade. Uma escola que efetiva a democratização da cultura e a emancipação cidadã. Aqui oportunizamos o rompimento de ciclos viciosos para se tornarem ciclos virtuosos da existência do ser”, falou emocionada.
Também estiveram presentes na solenidade: o vice-prefeito Damiano Neto, representando o prefeito Edinho Silva (PT); as secretárias municipais Amanda Vizoná (Direitos Humanos e Participação Popular) e Teresa Telarolli (Cultura), além dos vereadores Guilherme Bianco (PCdoB) e Thainara Faria (PT).
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