Protestos no Irã chegam a escolas e interrompem aulas
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Estudantes protestaram na segunda (3) contra as prisões em massa em Teerã
Os protestos pelos direitos das mulheres no Irã chegaram às salas de aulas do país. Várias fotos e vídeos de manifestações em instituições de ensino circularam nas redes sociais nesta terça-feira (4).
Em uma delas, quatro garotas sem véu mostram o dedo do meio para o retrato dos dois líderes supremos que governaram o país desde a revolução iraniana -o aiatolá Khomeini, morto em 1989, e o atual aiatolá Ali Khamenei. A legislação iraniana obriga o vestimento do hijab -o véu islâmico- por mulheres com 9 anos ou mais.
Outros registros publicados no Twitter mostram dezenas de meninas confrontando autoridades do país e outras protestando no pátio de uma escola. Algumas gritavam “não queremos uma República Islâmica” e outras pediam a “morte do ditador”. São incertas as localizações de todas as manifestações, mas uma delas teria ocorrido na cidade de Karaj, onde moram 1,6 milhão de pessoas.
Em geral, desde os inícios dos protestos, as manifestantes adotam um grito de origem curda: “Mulheres, Vida e Liberdade”. Iniciados com a morte da curda Mahsa Amini, 22, sob a custódia da polícia moral do Irã por supostamente não usar hijab, os protestos são a maior demonstração de oposição ao regime em anos, com muitos dos manifestantes pedindo o fim da teocracia em vigor no país desde 1979.
O número de vítimas nas manifestações até agora é incerto. Enquanto na semana passada a TV estatal havia confirmado a morte de 41 pessoas, incluindo membros das forças de segurança, a contagem mais atualizada da ONG Direitos Humanos do Irã é de 133 óbitos. Cerca de 1.500 pessoas já teriam sido presas.
Segundo o jornal britânico The Guardian, estudantes protestaram na segunda (3) contra as prisões em massa em Teerã. Um dia antes, centenas de alunos de uma importante universidade da capital foram presos em mais um episódio de repressão das forças de segurança iranianas.
De acordo com a agência de notícias do país Mehr, os cerca de 200 universitários reunidos no local foram combatidos pela polícia com gás lacrimogêneo e armas de paintball ou carregadas com balas de aço não letais. Muitos foram feridos, segundo imagens e vídeos divulgados nas redes sociais.
Outros jovens acusavam o regime de transformar a penitenciária em um campus. “A Universidade Sharif tornou-se uma prisão e a prisão de Evin se tornou uma universidade”, gritaram. A instituição, aliás, suspendeu as aulas desde então.
A repressão coordenada pelo governo iraniano, segundo o Guardian, também foi criticada por um jornal pró-Teerã. Em um editorial, o periódico Jomhuri Eslami defendeu que “nem inimigos estrangeiros nem a oposição doméstica podem levar as cidades a um estado de revolta sem um fundo de descontentamento”. “A negação desse fato não ajudará”, acrescentou.
As aspas contestam os argumentos de Khamenei, que em um discurso na segunda alegou que os atos são planejados por forças estrangeiras para desestabilizar o Irã. Seja como for, grandes potências ocidentais anunciaram nos últimos dias a expansão da série de sanções contra o país do Oriente Médio.
Nesta terça, o governo francês disse que a União Europeia estuda congelar os ativos de autoridades iranianas envolvidas na repressão aos manifestantes, além de proibir suas viagens para o continente. Desde 2013, nenhum iraniano é adicionado à lista de sanções do bloco -na esteira das negociações para um acordo nuclear.
Ao parlamento francês, a ministra de Relações Exteriores Catherine Colonna disse que as novas medidas poderiam visar autoridades que enviam seus filhos para viver em países ocidentais. Diplomatas dizem que as medidas devem ser carimbadas em uma reunião da UE em 17 de outubro.
Na segunda, o Canadá também anunciou novas sanções contra o Irã, que se baseiam nas já existentes. O governo listou como alvo 25 indivíduos e nove entidades, incluindo funcionários da Guarda Revolucionária Islâmica do Irã (IRGC), os ministérios de Inteligência e Segurança e a polícia moral.
Paralelamente, o presidente dos EUA, Joe Biden, disse em comunicado estar “gravemente preocupado” com os relatos da intensificação da repressão e prometeu uma resposta rápida.
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