Lula diz ter ficado feliz com carta de economistas e que sabe ouvir conselhos
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Lula disse que sabe ouvir conselhos e repetiu que já cumpriu as regras de responsabilidade fiscal quando esteve no governo.
Em entrevista coletiva em Lisboa, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comentou a carta publicada na Folha de S.Paulo pelos economistas Arminio Fraga, Edmar Bacha e Pedro Malan endereçada a ele. Lula disse que sabe ouvir conselhos e repetiu que já cumpriu as regras de responsabilidade fiscal quando esteve no governo.
“Ainda não li a carta, mas fiquei feliz ao saber de uma carta de pessoas importantes me alertando sobre problemas econômicos e dando sugestões. Eu sei ouvir conselhos e, se fizer sentido, seguir”, afirmou o presidente eleito. A mensagem também foi publicada em uma postagem no Twitter.
Ao lado do primeiro-ministro de Portugal, Antonio Costa, Lula repetiu que agiu de modo responsável quando era presidente, e que conseguiu baixar inflação, desemprego e o percentual da dívida interna do país.
“Eu fico às vezes chateado quando vejo sinais de ‘olha, qual é a política fiscal?’ Ninguém tem autoridade para falar em política fiscal comigo, porque durante todo o meu período de governo fui o único pais do G20 que fez superávit primário durante os 8 anos de mandato”, afirmou.
“Aprendi com minha mãe, que era analfabeta, que a gente só pode gastar o dinheiro que a gente tem ou que a gente ganha. Mas se a gente tiver que fazer dívida com um ativo novo, que a gente faça com responsabilidade, para que o país voltar a crescer”, completou o presidente eleito.
Em texto publicado na quinta, intitulado “Vai cair a Bolsa? Aumentar o dólar? Paciência?”, os economistas questionaram o presidente sobre declarações relativas às recentes reações do mercado, na esteira das discussões da equipe de transição sobre a política fiscal durante a COP27.
Em discurso proferido na conferência no Egito, Lula defendeu furar o teto de gastos como uma “responsabilidade social”, para conseguir financiar programas sociais.
“Se eu falar isso vai cair a Bolsa, vai aumentar o dólar? Paciência”, disse Lula, completando que a flutuação dos índices não acontece “por causa das pessoas sérias, mas por conta dos especuladores que ficam especulando todo santo dia”.
No discurso nesta sexta, o presidente eleito voltou a abordar a reação negativa dos investidores sobre as sinalizações a respeito da política fiscal. O índice Ibovespa da Bolsa brasileira acumulou uma queda de 3% na semana.
“Eu vou voltar a aumentar salário mínimo todo ano, eu vou voltar a gerar emprego nesse país, e nós vamos voltar a ser responsáveis do ponto de vista fiscal, sem precisar atender tudo que o sistema financeiro quer”, afirmou Lula.
“Não há nenhuma razão para esse medo, não há nenhuma razão para essa flutuação da Bolsa, é importante que a gente apenas tome cuidado para não ser vítima da especulação”.
Na carta em resposta ao presidente, os economistas dizem que “a alta do dólar e a queda da Bolsa não são produto da ação de um grupo de especuladores mal-intencionados. A responsabilidade fiscal não é um obstáculo ao nobre anseio de responsabilidade social, para já ou o quanto antes.”
“É preciso que se entenda que os juros, o dólar e a Bolsa são o produto das ações de todos na economia, dentro e fora do Brasil, sobretudo do próprio governo. Muita gente séria e trabalhadora, presidente”, dizem os economistas no documento.
Nos últimos dias, um sentimento de busca por proteção foi observado nos mercados, com queda da Bolsa e alta do dólar e dos juros futuros, com investidores temerosos já apostando que serão necessários novos aumentos da taxa Selic pelo Banco Central (BC) para controlar a inflação futura.
Lula falou também sobre os planos para as relações comerciais do Brasil com o exterior durante o encontro nesta sexta em Portugal.
“Quero dizer ao primeiro-ministro que esse é um dos compromissos meus de campanha, de concretizar o acordo Mercosul [e] União Europeia”, disse o presidente eleito, ao comentar declarações do primeiro-ministro de Portugal sobre a importâncias das relações comerciais entre os países da América Latina e da Europa.
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