Aliados de Lula temem que Cidades fique com centrão e reforçam ofensiva por ministério
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São cotados os nomes do ex-governador de São Paulo Márcio França (PSB) e do deputado federal eleito Guilherme Boulos (PSOL) -os dois integram o grupo técnico de Cidades da transição
Com receio de que o comando do Ministério das Cidades seja usado nas articulações políticas do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para atrair partidos de centro e do centrão, integrantes de PT, PSOL e PSB reforçaram a ofensiva para que a pasta seja comandada por um nome dessas siglas, que apoiaram o petista na campanha.
O ministério é cobiçado pela classe política por ter grande orçamento e ser responsável por obras de saneamento, moradia e transportes. O grupo de transição que trata do tema calcula em cerca de R$ 2,8 bilhões a verba necessária somente para terminar as obras em andamento.
São cotados os nomes do ex-governador de São Paulo Márcio França (PSB) e do deputado federal eleito Guilherme Boulos (PSOL) -os dois integram o grupo técnico de Cidades da transição. O PT também quer comandar a pasta e explicitou o desejo em reunião com Lula na semana passada. Mas ainda estão de olho no ministério MDB, PSD e PP.
Na semana passada, o PSB oficializou o nome de França como indicação do partido à pasta das Cidades. O acordo foi selado em um jantar na sede da fundação da sigla, em Brasília, com o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, e a bancada da próxima legislatura.
Apesar de ter despontado como o favorito para o ministério, o ex-governador de São Paulo enfrenta resistência de ala do PT que acredita que o PSB não deve ter tanto espaço no mapa do governo federal porque não elegeu uma bancada expressiva no Congresso.
Já é tida como bastante provável a nomeação do senador eleito Flávio Dino (PSB-MA) para o comando do Ministério da Justiça. Outro pessebista citado é o deputado federal Marcelo Freixo (PSB-RJ), derrotado na disputa pelo Governo do Rio de Janeiro, como opção para chefiar o Turismo.
Partidos que apoiaram Lula, no entanto, preferem entregar a pasta a legendas do centro e manter Cidades com siglas de esquerda.
Aliados de Boulos defendem que ele aceite o convite, caso seja oficializado. Para eles, ocupar o ministério também ajudaria a candidatura do psolista à Prefeitura de São Paulo em 2024, uma vez que ele enfrentou críticas por não ter experiência administrativa quando concorreu ao cargo em 2020 e porque a pasta trata de moradia, área em que ele sempre militou.
Por outro lado, ainda não há consenso internamente no PSOL sobre a adesão do partido à base do governo Lula e se membros da legenda devem ocupar cargos no Executivo. No próximo dia 17, o diretório nacional da sigla se reunirá para tomar uma decisão.
O receio do grupo que trata do tema de Cidades na transição é que, caso fique com um partido do centrão, a pasta vire um foco de distribuição de emendas e deixe de lado o projeto para o ministério.
Esse projeto prevê uma Secretaria de Desenvolvimento Urbano ligada à secretaria executiva da pasta e que ajudaria na integração entre todas as demais. Temas como a transição ecológica urbana não teria uma secretaria própria, mas seria tratado em cada um dos temas.
O Ministério das Cidades foi criado por Lula no primeiro dia do seu primeiro mandato como presidente. O primeiro escolhido para comandá-lo foi o ex-governador do Rio Grande do Sul Olivio Dutra (PT), quadro histórico do partido.
O PT comandaria a pasta até julho de 2005, quando Dutra deixou o ministério e Marcio Fortes de Almeida foi indicado. Ele iniciou uma sequência de quatro indicados do PP, encerrada quando o presidente do PSD, Gilberto Kassab, foi escolhido para a pasta no início do segundo mandato de Dilma Rousseff.
A pasta deixou de existir no início da gestão Jair Bolsonaro, que repassou suas atribuições para o Ministério do Desenvolvimento Regional. Com a volta do PT ao poder, ela será recriada.
Parlamentares apontam que Cidades, além de ter um orçamento robusto, é finalista, isto é, realiza entregas, o que costuma torná-la cobiçada pelos políticos.
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