Educação & Cultura

Cultura deve renascer em 2023 com Lula e a volta do ministério e Lei Aldir Blanc 2


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A pasta será encabeçada por Margareth Menezes, cantora negra ícone do Carnaval baiano


A virada do ano vem como uma luz no fim do túnel para a área cultural no Brasil. O anúncio da volta do Ministério da Cultura, antes acochambrado ao da Educação e reduzido a uma secretaria do Turismo no governo Jair Bolsonaro, elevou as expectativas de que o setor voltará a ganhar atenção -e investimento- do governo.

A pasta será encabeçada por Margareth Menezes, cantora negra ícone do Carnaval baiano. A escolha busca ecoar o mandato pop de Gilberto Gil e carrega significado para os que clamam por mais representatividade.
Mas nem tudo são flores. O nome de Menezes, apoiado pela mulher do futuro presidente Lula, despertou discordâncias dentro do próprio PT, com alas que preferiam um perfil mais técnico para reativar o ministério.

A cantora, porém, parece saber o desafio que tem em mãos e se refere ao trabalho como “missão” e “força-tarefa”. Ela herda os escombros de uma secretaria que protagonizou escândalos, como a alusão ao nazismo de Roberto Alvim.

Engrossa o coro das dificuldades a implementação da Lei Aldir Blanc 2, sancionada em agosto, que garante repasse anual de R$ 3 bilhões da União para estados e municípios.

O montante é inédito na área da cultura, mas não tira a necessidade de reforma e revisão da Lei Rouanet, política atacada por Bolsonaro e fonte favorita de fake news de seus apoiadores. A expectativa é que a reforma da Rouanet seja prioridade do novo Ministério da Cultura.

Também deve entrar na pauta do dia a regulamentação dos serviços de streaming. Juca Ferreira, ex-ministro da Cultura de Dilma Rousseff e coordenador da transição, se posicionou a favor das cotas de tela para produções brasileiras, nos moldes do que acontece com a TV e o cinema, e a taxação dos serviços.

Política à parte, e algo que pode ser alvo dela, as superproduções marcaram 2022 no streaming, com títulos como “A Casa do Dragão” e “Os Anéis de Poder”, da HBO, “Wandinha” e “Stranger Things”, da Netflix, e 2023 deve seguir a mesma linha -e turbinar a aposta em títulos de pegada retrô, caso de “That 90s Show”, versão dos anos 1990 da cultuada “That 70s Show”.

Na toada do repeteco, os remakes e as franquias também ditam o tom dos lançamentos no cinema. Além das tramas de heróis, como “Aquaman”, “Homem-Aranha”, “Transformers”, “Guardiões da Galáxia” e “The Marvels” para o sempre bem servido público nerd, entram em cena filmes inspirados em jogos, caso dos longa baseados nos games do encanador Mario, da Nintendo, e no jogo “Dungeons and Dragons”, figurinha carimbada na trama da série “Stranger Things”.

“Creed 3”, “Pânico 6”, “Duna 2” e os novos “Velozes e Furiosos” e “Missão Impossível” engordam a farta lista das franquias.

Prometem causar frisson, para o bem ou para o mal, “The Flash”, estrelado por Ezra Miller, acusado de assédio sexual em 2022, e “A Pequena Sereia”, protagonizada por Halle Bailey, que agitou as redes sociais por ser a primeira atriz negra a interpretar a criatura mítica.

“Barbie”, de Greta Gerwig, e “Wonka”, de Paul King, são as ofertas para o público cult que não larga o osso pop. Entre os nomes consagrados, 2023 promete “Oppenheimer”, novo de Christopher Nolan, e “Roosevelt” de Martin Scorsese.

Na TV, a novidade é a renovação das concessões de emissoras de TV pelo presidente Jair Bolsonaro. Entre as beneficiadas pela medida está a Globo, que foi alvo de ameaças ao longo do governo bolsonarista.

A emissora viveu um 2022 de altos e baixos, com o sucesso de “Pantanal” e o fracasso da última edição do reality Big Brother Brasil, além da debandada de nomes importantes da casa como a atriz Marieta Severo.

Se “Pantanal” uniu gerações e fez bonito nas redes sociais, o mesmo não pode ser dito de “Travessia”, mergulhada em apostas furadas, como a influenciadora Jade Picon, e nomes carregados de escândalos, caso de Cássia Kis, religiosa fervorosa que causou desconforto nos bastidores.

“Todas as Flores”, novela que estreou direto no Globoplay, faz muito mais sucesso e pesa a favor dos defensores do streaming, o que revela um novo norte para as novelas no campo minado da guerra dos serviços sob demanda, mostrando o possível futuro do gênero mais tradicional da TV do país.

No teatro, o mero anúncio da volta do Ministério da Cultura já causou rebuliço. Espaços históricos, caso do teatro Paiol Cultural e do Teatro Brasileiro de Comédia, o TBC, entram em 2023 com promessas de reformas e reativações.

Sem grandes novidades, a agenda continua tomada de grandes produções e roteiros importados, caso dos musicais “Mamma Mia!”, “Wicked”, “Rei Leão” e “Bob Esponja”.

Vêm de fora do país, também, os grandes shows do ano. Backstreet Boys, Paramore, Coldplay, The Weeknd, Imagine Dragons.

A bola da vez, porém, é a consolidação dos festivais. Com a retomada das atividades presenciais, 2022 cimentou de vez eventos gigantes como Rock in Rio e Lollapalooza, mas também deu espaço para os festivais de nicho, caso do bem-sucedido Primavera Sound e de outros eventos, como Popload, Balaclava Festival, Monsters of Rock, Knotfest.

Nessa seara, a agenda paulistana promete o que vem sendo vendido até agora como espécie de versão paulistana do Rock in Rio, mas sem o nome da cidade nos flyers. Em setembro, o The Town vai ocupar um Autódromo de Interlagos reformado para receber festivais de grande porte, com a promessa de fincar na capital paulista uma bandeira do grupo que comanda o clássico evento carioca.

Quem embarcou na aposta house de Beyoncé e seu álbum “Renaissance” em 2022 deve nadar de braçada em 2023. A cena eletrônica promete ser privilegiada no ano com a volta do festival Tomorrowland, depois de um hiato de sete anos, e o Goptun, que reúne os DJs favoritos dos moderninhos.

As festas dedicadas ao gênero, como a Mamba Negra, Blum, ODD e Sangra Muta, em São Paulo, entraram de vez para a programação e até ditam tendências de moda, caso da grife Bold Strap, que desfilou na São Paulo Fashion Week em junho e em novembro de 2022.

Nas passarelas -e nas redes sociais- sobraram referências aos anos 2000. A tendência do ano de 2022, ou 2002, foram a cintura baixa e a Diesel foi uma das marcas queridinhas de fashionistas. Devem persistir para 2023 as microtendências bem-humoradas que fazem nichos em redes sociais, como “barbiecore” e “dark academia”.

A crise econômica continua a impactar os preços do setor e a preocupação crescente das novas gerações com questões ambientais são fatores que impulsionam a compra em brechós e a aposta em “upcycling”.

O Brasil volta com ar positivo aos holofotes internacionais das artes visuais com a nomeação de Adriano Pedrosa, diretor artístico do Masp, para o comando da próxima Bienal de Veneza. E a arte contemporânea ganha novo ponto de exibição em São Paulo com a inauguração da Pina Contemporânea, voltada a artistas do nosso tempo.

Na literatura, o ano que chega será marcado por grandes centenários, celebrando a memória de autores como a polonesa Wislawa Szymborska, o italiano Italo Calvino, o chileno Pablo Neruda e o brasileiro Millôr Fernandes. Todos eles devem protagonizar edições comemorativas de sua obra.

|IDNews® | Folhapress | Via NBR | Brasil

Beto Fortunato

Jornalista - Diretor de TV - Editor -Cinegrafista - MTB: 44493-SP

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