O que é ‘slut-shaming’ e por que Luana Piovani virou símbolo dele após fotos nua em processo
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O termo em inglês, que quer dizer algo como “envergonhando a vadia”, designa uma reprovação sexista ao comportamento de uma mulher.
FAMOSOS – LUANA PIOVANI – SLUT-SHAMING
A expressão “slut-shaming” teve um pico de buscas no Brasil nos últimos dias. Isso porque o termo, que não é exatamente novo, vem sendo associado a Luana Piovani, após a atriz expor nas redes sociais que imagens dela nua foram anexadas a um processo que o ex-marido, Pedro Scooby, abriu contra ela.
A ação seria para impedir que a atriz viesse a público expor e cobrar o surfista que, segundo ela, se recusou a pagar a pensão alimentícia dos três filhos que eles têm juntos. Porém, Luana afirma que ficou surpresa com o fato de a ação conter algumas imagens mais desinibidas dela.
“Fiquei chocada, que ardiloso, que cruel. Quer me descredibilizar como mãe e como mulher”, avaliou. Segundo a atriz, sua advogada a alertou ainda de que o conteúdo pode servir para que, futuramente, Scooby possa pedir a guarda dos filhos.
Mas, afinal, o que significa “slut-shaming”? O termo em inglês, que quer dizer algo como “envergonhando a vadia”, designa uma reprovação sexista ao comportamento de uma mulher. A prática busca expor, ridicularizar ou mesmo classificar, de maneira negativa, uma mulher, e é usada especialmente no contexto de censura moral.
As ofensas podem abarcar desde o uso de roupas e vestimentas consideradas “vulgares” até a manifestação da sexualidade de uma maneira mais livre, que foge dos padrões impostos pela sociedade patriarcal tradicional.
Segundo Janice Aguirre Linhares, psicóloga pós-graduada em neurociências e comportamento com ênfase em competência emocional, o “slut-shaming” é uma violência psicológica que tem o potencial de afetar as mulheres de diversas maneiras.
“Essa agressão pode causar muitos e diferentes problemas, tanto no âmbito profissional quanto na vida pessoal. Essas situações podem ser geradoras de ansiedade, além de resultar em sentimentos como vergonha, medo, insegurança ou culpa, o que contribui para quadros de depressão e isolamento social”, explica ela.
Em um contexto com crianças envolvidas, como é o caso de Piovani, a prática também pode afetar o papel de uma mulher como mãe -e a forma como as pessoas ao redor podem enxergá-la nessa posição. Muitas vezes vista como a única gestora dos filhos, a sexualidade da pessoa afetada é exposta para difamar a vítima.
“Já que vivemos em uma sociedade que romantiza o papel materno, a imagem de ‘mãe’ é envolta em estereótipos, desde heroína à santa, e sobra pouco espaço para a sexualidade da mulher. Antes de ser mãe, existe um ser humano. E sua intimidade, desde que não afete o bem-estar dos filhos, não pode servir para descredibilizá-la”, afirma Linhares.
Algumas atitudes que podem ser classificadas como “slut-shaming” são crimes no Brasil. A lei 13.718, de 2018, tipifica como crimes a divulgação de cena de estupro, muitas vezes usada para ameaçar ou descredibilizar a vítima. Em 2021, também foi aprovada a lei 14.425, conhecida como Lei Mari Ferrer, que coíbe a prática de atos que atentem à dignidade da vítima e de testemunhas e proíbe a utilização de linguagem, de informações ou de material que ofendam a vítima durante o julgamento -a pena é aumentada caso envolva crime contra a dignidade sexual.
A exibição ou compartilhamento de imagens íntimas sem consentimento da pessoa retratada também é uma violação da privacidade que pode resultar em ações legais. “Além disso, pode prejudicar a relação entre os pais e o bem-estar dos filhos, o que pode acarretar em uma perda de guarda”, complementa a psicóloga.
|IDNews® | Folhapress | Beto Fortunato |Via NBR | Brasil