Araraquara

Prefeitura organiza 1º Encontro de Combate à Intolerância Religiosa


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Prefeitura organiza 1º Encontro de Combate à Intolerância Religiosa
De acordo com Luiz Fernando Costa de Andrade, coordenador da CEPPIR, a ideia é ouvir a população ligada às religiões de matriz africana

14JAN2017| 13.49
Tadeu Queiroz

“A intolerância separa, o respeito une” – partindo desse mote, a Prefeitura de Araraquara – por meio da Coordenadoria Executiva de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (CEPPIR) – dá início a organização do 1º Encontro de Combate à Intolerância Religiosa, a ser realizado no próximo dia 21.

De acordo com Luiz Fernando Costa de Andrade, coordenador da CEPPIR, a ideia é ouvir a população ligada às religiões de matriz africana – aquelas com essência teológica e filosófica oriunda das religiões tradicionais africanas. “É importante salientar que não se trata de uma data oficial reservada apenas para a discussão de questões ligadas às religiões brasileiras de matriz africana, mas de todas as formas de intolerância religiosa, que acometa qualquer religião ou seguidor”, aponta o coordenador.

O Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa foi instituído pela Lei nº 11.635, de 27 de dezembro de 2007, e rememora o dia do falecimento da Iyalorixá Mãe Gilda, do terreiro Axé Abassá de Ogum (BA), vítima de intolerância por ser praticante de religião de matriz africana. A sacerdotisa foi acusada de charlatanismo, sua casa foi atacada e pessoas da comunidade foram agredidas. Ela faleceu no dia 21 de janeiro 2000, vítima de infarto.

E a intolerância ronda a região: em setembro do ano passado, no distrito de Bueno de Andrada, o Templo Religioso Hermínio Marques foi destruído num episódio configurado como crime de ódio. Nesse ataque, mas de 60 imagens foram quebradas, além de um incêndio que destruiu o que restava do prédio onde eram realizadas as cerimônias de umbanda e candomblé.

A intolerância religiosa no Brasil é tema bastante atual e esteve na redação do Enem 2016 (“Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil”), a fim de fazer com que os candidatos – de diferentes credos – mostrem o domínio da cultura geral.

“Queremos debater essas questões em Araraquara a fim de realizarmos uma agenda municipal, com uma série de encontros, tendo por base o formato das antigas plenárias já realizadas pelo governo Edinho. O objetivo é que nesses encontros sejam apresentadas e discutidas ideias que virão a ser pensadas e trabalhadas coletivamente, para construirmos as ações e agendas que serão implantadas”.

O dia 21 de janeiro é o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa e busca uma forma de preservar as tradições, idiomas, conhecimentos e valores das primeiras populações de negros africanos escravizados no Brasil. A data, que há 10 anos compõe uma agenda comum para a construção de relações de respeito à diversidade religiosa, principalmente reivindicada pelos praticantes das religiões de matriz africana, serve ainda como reflexão e motivação na busca pela liberdade de culto religioso, preservação cultural afro-brasileira e combate ao racismo.

As religiões de matriz africana foram incorporadas à cultura brasileira e se tornaram uma importante característica da identidade nacional. Porém, o racismo ainda tenta impedir o culto à ancestralidade negra tornando seus adeptos, vítimas recorrentes do preconceito e da intolerância.

O 1º Encontro de Combate à Intolerância Religiosa contará com a participação do prefeito Edinho Silva e será realizado no Centro de Referência Afro Mestre Jorge, localizado à Avenida Feijó, 223, no Centro de Araraquara. O evento será gratuito e aberto a quaisquer interessados, sem necessidade de inscrição prévia.

Beto Fortunato

Jornalista - Diretor de TV - Editor -Cinegrafista - MTB: 44493-SP

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