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Gastronomia & Saúde

Quanto você gasta do salário para comprar um frango de padaria? Índice mostra desigualdade de renda no Rio


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Produzido pela Prefeitura do Rio, o indicador calcula o preço médio da refeição em 190 estabelecimentos de 161 bairros do município, cruzando as estatísticas com a renda média em cada um dos locais


Um simples frango assado -ou frango de padaria- pode ilustrar a desigualdade no poder de compra das famílias em uma cidade como o Rio de Janeiro. É o que mostra o índice Frangão Carioca.

Produzido pela Prefeitura do Rio, o indicador calcula o preço médio da refeição em 190 estabelecimentos de 161 bairros do município, cruzando as estatísticas com a renda média em cada um dos locais.

A partir daí, estima-se quanto cada morador compromete do rendimento para consumir um frango assado nesses endereços. Há diferenças marcantes entre os bairros, conforme a segunda edição da pesquisa, divulgada no fim de junho.

Um morador do Jacarezinho, na zona norte, compromete 13,39% da renda para comprar um frango assado. É o maior percentual encontrado.

A outra ponta da lista é preenchida pelo bairro do Joá, na zona oeste, onde se usa apenas 0,57% da renda. Trata-se do menor percentual do índice Frangão Carioca.

O indicador foi elaborado pela Prefeitura do Rio em uma parceria entre a Secretaria Municipal de Fazenda e Planejamento e o Instituto Fundação João Goulart. A publicação é anual.

“A gente consegue trazer algumas reflexões com o índice Frangão. Consegue ver a desigualdade no comprometimento dos gastos”, diz Rafaela Bastos, presidente do Instituto Fundação João Goulart.

Segundo o levantamento, o frango assado custa em média R$ 54,29 no Jacarezinho. A renda média, por sua vez, foi de R$ 405,49 na comunidade. Vem dessa relação o comprometimento de 13,39%.

No Joá, o valor médio do frango até foi menor, de R$ 35,76, mas os ganhos dos moradores ficaram bem acima (R$ 6.239,50). Por isso, o comprometimento foi inferior a 1%.

O fato de o Joá ter apresentado um preço menor do que o Jacarezinho, segundo Bastos, pode ser explicado por uma hipótese associada ao padrão de consumo em cada local. “O frangão pode não ser uma iguaria tão interessante para o morador do Joá”, afirma.

O estudo também faz outros tipos de comparação entre os bairros. Por exemplo, se o morador do Joá comprometesse 13,39% da renda na compra de um frango assado, como no Jacarezinho, pagaria R$ 835,46 pela refeição.

Por outro lado, se o morador do Jacarezinho comprometesse 0,57% do rendimento, como no Joá, gastaria somente R$ 2,31 no prato.

Segundo a Prefeitura do Rio, a pesquisa utilizou a metodologia de web scraping, que consiste na coleta de dados diretamente de uma plataforma -neste caso, o iFood.
Já as estatísticas de renda média são baseadas no Censo Demográfico 2010, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

A decisão ocorreu porque a nova edição do Censo, referente a 2022, ainda não divulgou as informações sobre o rendimento nos bairros brasileiros.

A inspiração para o Frangão Carioca vem do índice Big Mac, que serve como indicativo de poder de compra a partir dos preços do hambúrguer da rede de fast-food McDonald’s em diferentes países.

A adaptação para o frango assado, no caso do Rio, está associada ao fato de o alimento ser um destaque na mesa da população local, especialmente nos finais de semana, de acordo com Bastos. “Faz parte do imaginário do carioca”, diz.

Segundo a pesquisa, logo atrás do Jacarezinho (13,39%), Vargem Pequena (12,08%), Rocinha (11,71%), Costa Barros (10,95%), Barros Filho (10,25%) e Complexo do Alemão (9,72%) aparecem com os maiores percentuais de comprometimento de renda.

Do lado das menores pressões sobre o orçamento, além do Joá (0,57%), também se destacam outros bairros de renda alta, como Lagoa (0,73%), Barra da Tijuca (0,75%), Ipanema (0,79%), Jardim Botânico (0,83%) e Gávea (0,89%).

Na média de todos os bairros, o Frangão Carioca apontou que o prato sai por R$ 45,23. Em Bento Ribeiro, na zona norte, o produto chega a custar R$ 77,99, o valor mais alto encontrado pela pesquisa.

O menor preço, de R$ 25, foi registrado em Ricardo de Albuquerque, na zona norte, e em Santa Teresa, na zona central.

|IDNews® | Folhapress | Beto Fortunato |Via NBR | Brasil

Beto Fortunato

Jornalista - Diretor de TV - Editor -Cinegrafista - MTB: 44493-SP

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