Juventude nas sociedades em crise E-book pode ser baixado gratuitamente
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Juventude nas sociedades em crise
E-book pode ser baixado gratuitamente
26JAN2017| 17:55 JOSÉ ANGELO SANTILLI
Até onde chegam os jovens nas sociedades brasileira e latino- americanas?
Com essa questão apresentamos os ensaios que cientistas sociais expuseram no Grupo de Estudos de Juventude, no congresso nacional da Sociedade Brasileira de Sociologia, ocorrido em 2015, na cidade de Porto Alegre.
Sem oferecer ordem ou hierarquias, os cientistas trataram de projetos de vida, inquietações, perspectivas de futuro, linguagem corporal, arte, protestos, ou impactos das transformações no mundo rural; também as aventuras, a liberdade e rituais de passagem nas cidades, a sociabilidade na denominada intermitência urbana, as performances culturais, a memória o pertencimento. Esses aspectos acompanhados por exposições sobre aprendizagens recíprocas, os tempos de cibercultura, as mediações presentes nos usos dos tablets e scanners, junto a mecânicos e profissionais da informação. Mas também, participação social, violação de direitos, conselhos tutelares, para também acompanharmos discussões sobre participação política da juventude em programas governamentais e as metodologias de pesquisa sobre juventude.
Cada cientistas expositor apresentou uma dimensão das jovens e dos jovens. E encontrando dificuldade de sínteses, recorreram aos plurais: juventudes, identidades, diversidades, culturas, entre outros. E o tempo dimensionado fora sempre subjetivo, o que também é possível na análise dos grupos e comportamentos e movimentos juvenis. Maior dificuldade encontraram ao exporem perspectivas de intervenção nos processos presentes e na definição de futuro. Essa última já reconhecida como o aspecto mais desafiador na experiência juvenil, ou experiências juvenis, nas sociedades ocidentais.
Para visualizar um futuro universo de pesquisas sobre juventude talvez pudéssemos definir limites para o trabalho de todos, inclusive os nossos. Um primeiro poderia ser o limite territorial do continente americano, indagando quantos cientistas interlocutoras e interlocutores poderíamos reunir, para refletirmos sobre perspectivas do presente e futuro da juventude. Sabendo que os limites territoriais são urbanos e rurais, étnicos e civilizatórios, pois em nosso continente encontramos sociedades civis organizadas, também dentro de nações multiétnicas, por vezes reconhecidas nas constituições dos Estados nações. Nessa reflexão sobre o futuro encontraríamos, ou poderíamos encontrar mediações como povos, etnias, movimentos sociais em defesa de direitos de gênero, tanto hetero, como homo, quanto trans; movimentos estudantis, movimentos ambientalistas, de enfrentamento de formas de exploração de jovens, tanto no trabalho penoso, até escravo, quanto na prostituição e abuso sexual.
Quantas mediações, quantos aspectos a serem pesquisados do ponto de vista metódico!
E ao perguntarmos até onde chegam os jovens na sociedade brasileira e latino-americanas? queremos trazer um desafio, a nós, cientistas de todos os países do continente americano, para que, em grupo, ou em instituições já especializadas nesses estudos, indiquem aos demais pesquisadores, formadores de opinião e autoridades públicas o que podemos esperar da participação juvenil na transformação das sociedades americana e latino-americanas, na construção de trilhas, caminhos, vias mesmos de superação de contextos de guerras, discriminações, exacerbação de racismo, sexismo e fanatismos religiosos.
E será que os jovens e as jovens reunirão forças para projetarem formas democráticas de intervenção nos processos políticos, públicos por excelência, na perspectiva de ampliarem a consciência sobre alternativas concretas para a superação das formas materiais, orgânicas de exploração do trabalho, seja ele assalariado ou doméstico, ou ainda comunitário?
E será que as juventudes de cada país reunirão forças para o enfrentamento da indigência que recobre a infância em seus países, para erradicar, abolir, a presença de crianças nas ruas, nas praças, nos bordéis, sendo oferecidas pelos adultos, muitos deles mulheres, a outros adultos, com vistas a exploração exótica e excêntrica da vida?
E será possível às juventudes visualizarem outros horizontes, alternativos por certo, ao individualismo, ao carreirismo instituído, à capacitação mercantilista para o trabalho; outro horizonte ao analfabetismo político e funcional, a um só tempo?
E quem se dispõe a se somar às organizações juvenis, aos grupos comunitários de jovens, aos movimentos juvenis organizados, para que esses se constituam em práticas democráticas exemplares, com vistas a bloquear formas de retrocessos políticos, nos países da América, para que fiquem cada vez mais longe, as experiências de formação de juventudes nazistas e fascistas?
E quando será possível pensar a juventude se envolvendo num processo de capacitação pessoal, subjetivo e mesmo institucional, para o exercício da maternidade e da paternidade, hoje concebida, em todas as instituições públicas estatais do continente, apenas como experiência adulta?
Com essa manifestação, quase manifesto, queremos estimular as leitoras e leitores desse livro a refletirem, como também a transmitirem as inquietações que aparecem em suas páginas às novas gerações, que ainda se encontram nos bancos escolares, nas linhas de produção, nas lojas de atendimento de público consumidor, aos seus familiares, para superarmos as surpresas que nos chegam de pesquisas sobre mortes de jovens, no trânsito e pela violência armada individual, nos desastre previsíveis em decorrência da dissociação presente entre responsabilidade pública e privada na gestão de negócios e patrimônios.
Augusto Caccia-Bava
Doutor em Sociologia pela Universidade Estadual de Campinas – Unicamp. Docente da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – Unesp, Câmpus Araraquara. Contato: augusto@fclar.unesp.br
Assessoria de Comunicação e Imprensa