General da reserva investigado por 8/1 tem celular, arma e passaporte apreendidos pela PF
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Ridauto Lúcio Fernandes prestou depoimento pela manhã e teve celular, arma e passaporte retidos pelos investigadores
A Polícia Federal cumpriu nesta sexta-feira (29) mandado de busca e apreensão contra o general da reserva Ridauto Lúcio Fernandes. Ele é investigado sob suspeita de ter atuado na idealização do ataque às sedes dos Poderes, em 8 de janeiro.
Ridauto prestou depoimento pela manhã e teve celular, arma e passaporte retidos pelos investigadores.
É a 18º fase da Operação Lesa Pátria. A decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) determinou ainda o bloqueio de ativos e valores do general da reserva.
Ridauto Fernandes participou da invasão aos Poderes e, segundo a investigação, é possivelmente um dos idealizadores dos atos golpistas.
Ele foi diretor de Logística do Ministério da Saúde durante as gestões dos ministros Eduardo Pazuello e Marcelo Queiroga, no governo Jair Bolsonaro (PL).
Durante os ataques golpistas, Ridauto gravou vídeos e enviou para amigos e familiares. Em um deles, o general disse que estava “arrepiado” com o que estava acontecendo.
“O pessoal acabou de travar a batalha do gás lacrimogêneo. Acreditem: a PM jogou gás lacrimogêneo na multidão aqui durante meia hora e agora eles estão aqui na frente e o pessoal está aplaudindo a Polícia Militar”, disse.
O general da reserva ainda disse que os manifestantes entendiam que os policiais militares estavam “cumprindo ordens para defender o patrimônio” e que seriam “bem-intencionados”.
Ridauto Fernandes chegou a general de brigada no Exército. Foi para a reserva após não ter sido promovido à terceira estrela.
Formou-se na Aman (Academia Militar das Agulhas Negras) em 1987, mesma turma do general Gustavo Dutra e do coronel Adriano Camargo Testoni, indiciado pelo próprio Exército por proferir ataques ao Alto Comando da Força durante as invasões aos Poderes.
“Bando de generais filhos da puta. Covardes. Olha o que está acontecendo com a gente. [Ex-comandante] Freire Gomes, filho da puta. Alto Comando do caralho. Olha o povo, minha esposa”, disse o coronel Testoni em vídeo enviado a colegas.
Entre os colegas de turma, Ridauto foi apelidado de “Menino Maluquinho”, pela aparência física semelhante à do personagem de histórias em quadrinhos do cartunista Ziraldo.
Durante a formação, o general da reserva decidiu tornar-se um Kid Preto -nome dado aos militares que realizam os cursos de Forças Especiais, uma espécie de tropa de elite do Exército.
Ele chegou a ocupar cargos de chefia no Comando de Operações Especiais do Exército, em Goiânia, onde fica o principal centro de formação e emprego das tropas das forças especiais.
A Polícia Federal suspeita da participação de forças especiais do Exército, da reserva e da ativa, na organização tática e no fornecimento de material para o ataque às sedes dos Poderes.
Ridauto foi ainda uma das 73 pessoas que visitaram o tenente-coronel Mauro Cid durante os primeiros dias em que esteve preso no Batalhão de Polícia do Exército, em Brasília. Os dois trabalharam juntos no órgão de comando, em Goiânia.
À época, ele disse à Folha de S.Paulo que o encontro teve motivação “pessoal”.
“Quando vi que ele passava por esse momento difícil [por causa da prisão], fui logo procurá-lo para ver se poderia ajudar em algo, especialmente em temas familiares ou mesmo discussão do caso que vivia, para aclarar os pensamentos. Foi ótima a visita, motivante para ambos”, afirmou.
“Disse a ele que muitas, muitas pessoas acreditavam em sua correção e caráter e que iria comentar com elas sobre a visita. Ele ficou emocionado […] Mais recentemente, tentei repetir a dose, mas houve a limitação de visitas apenas a familiares e advogados, e não consegui”, completou, em julho.
Em nota, a Polícia Federal afirmou que a operação desta sexta tem somente um alvo, em Brasília.
“Os fatos investigados constituem, em tese, os crimes de abolição violenta do Estado d emocrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa, incitação ao crime, destruição e deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido.”
A operação da PF tem origem nas quatro frentes de investigação abertas após os atos de 8 de janeiro.
Uma delas mira os possíveis autores intelectuais, e é essa frente que pode alcançar Bolsonaro. Outra tem como objetivo mapear os financiadores e responsáveis pela logística do acampamento e transporte de bolsonaristas para Brasília.
O terceiro foco da investigação PF são os vândalos. Os investigadores querem identificar e individualizar a conduta de cada um dos envolvidos na depredação dos prédios históricos da capital federal.
A quarta linha de apuração avança sobre autoridades omissas durante o 8 de janeiro e que facilitaram a atuação dos golpistas.
|IDNews® | Folhapress | Beto Fortunato |Via NBR | Brasil