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Cristãos são feitos de escravos pelo Estado Islâmico no Iraque


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Cristãos são feitos de escravos pelo Estado Islâmico no Iraque
Agressão físico, abuso sexual e tortura estão entre crimes cometidos pelo grupo terrorista com os cristãos

31JAN2017| 15:07
Sputnik Árabe

Os cristãos iraquianos estão enfrentando sérios desafios após a tomada dos seus territórios pelo Estado Islâmico. A Sputnik Árabe teve acesso aos documentos sobre os crimes efetuados contra cristãos iraquianos.

Nos documentos, há relatos de uma mulher, denominada “T”, que enfrentou tormentos desumanos até ser resgatada.

A mulher foi libertada das mãos do Estado Islâmico em 7 de agosto de 2014 no distrito de Al-Hamdaniya, região habitada por cristãos há mais de mil anos. Ela foi estuprada, forçada a renegar sua fé e a vestir hijab. A mulher de 29 anos de idade, juntamente com seu filho, foi transportada para Mossul, onde foi vendida três vezes.

Em resultado às vendas, a mulher foi parar no mercado de escravos na cidade síria de Raqqa. Na casa do seu novo dono, ela foi estuprada por terroristas durante dois dias seguidos, inclusive em frente ao filho dela.

Ela foi libertada quando um homem pagou por sua liberdade. A mulher espera muito poder devolver ao bondoso homem cada centavo.

Esta é somente uma das histórias. Há várias. Todas desumanas. Dados, fotografias e vídeos não deixam esquecer essa página triste da história. No arquivo há um vídeo da mulher “T” pedindo para que alguém pague por sua liberdade.

O arquivo conta com informações de 100 cristãos, que foram mortos ou feitos de reféns pelos terroristas do Estado Islâmico no Iraque e na Síria. O destino de muitos ainda é desconhecido.

Quando os terroristas entraram no distrito de Al-Hamdaniya, localizado a 32 quilômetros ao sudeste de Mossul, 55 mil cristãos — católicos e ortodoxos — moravam lá. Os homens foram assassinados ou capturados, já as mulheres tornaram-se escravas. Era dada uma opção aos jovens: mudança de fé para se juntar aos terroristas. Caso recusassem, deveriam pagar o imposto “jizya”, que é cobrado aos cidadãos não muçulmanos de um estado islâmico, ou então seriam assassinados. Após tormentos e extermínios, os militantes do Estado Islâmico forçaram 30 homens e jovens juntar-se às tropas, residentes locais contaram.

Em Al-Hamdaniya, os terroristas capturaram 45 pessoas, entre eles homens, jovens, mulheres e crianças cuja idade variava entre 4 e 80 anos.

Aqueles que não renegaram a sua fé foram espancados, passaram fome e morreram. Os terroristas torturaram os residentes para obter informações sobre a região. Mas nem todos sobreviveram aos “interrogatórios”.

Um dos residentes de Al-Hamdaniya mostra as marcas das chicotadas e das cicatrizes dos tiros que recebeu durante as torturas. Assim, os terroristas do Estado Islâmico forçam pessoas a renegar sua fé. Aqueles que não a renegaram, foram condenados a permanentes torturas e extermínios.

As famílias que se recusaram a renegar sua fé ou a pagar a taxa cobrada, todo seu dinheiro e propriedades eram confiscados pelos terroristas. De acordo com Sharia, o pagamento do imposto garante segurança e harmonia. Mas os terroristas sempre dão um fim aos que não partilham seus valores, tornando-se difícil para os cristãos confiar em quem não tem palavra.

Eis o material do arquivo recebido pela Sputnik Árabe:

“No dia 6 de agosto, os militantes do Estado Islâmico entraram no distrito de Al-Hamdaniya. Minha mulher, nossos filhos e eu decidimos permanecer no campo. Mas os terroristas nos encontraram e começaram a atirar sobre nossas cabeças para que nos aproximássemos deles. Por ordem deles, seguimos rumo à mesquita, o trajeto durou duas horas. Na mesquita havia muitos moradores locais. Nossa família foi separada e mandada para a Corte islâmica. Minha mulher e eu fomos espancados e forçados a nos converter para o Islã.

O Estado Islâmico se apropriou de tudo que tínhamos: adereços de ouro da minha mulher no valor de 13 milhões de dinares (quase 12 mil dólares) e nossas ovelhas, cujo preço equivale a mais de 50 milhões de dinares.

Os terroristas queriam que eu me tornasse membro do Estado Islâmico. Mas eu rejeitei a proposta. Minha família e eu nos dirigimos para Mossul, e depois para Hawija, também ocupada por terroristas. Graças a um milagre, conseguimos chegar a Kirkuk.”

Nove idosos entre 66 e 90 anos se recusaram a deixar sua pátria onde nasceram e cresceram. Os terroristas deixaram que morressem de fome trancados em suas casas. Os que se converteram ao Islã receberam remédios e, assim, prolongaram sua vida. Três idosos foram sepultados nos pátios de suas casas. Os corpos dos outros foram sepultados no cemitério local, mas ninguém sabe onde estão suas covas.

Desde o início da operação para libertação de Mossul, em outubro de 2016, as forças do Iraque, que contam com os defensores de Nínive, conseguiram libertar quatro homens e três mulheres em Al-Hamdaniya.
(Sputnik Brasil)

 

Beto Fortunato

Jornalista - Diretor de TV - Editor -Cinegrafista - MTB: 44493-SP

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