Araraquara

‘Ninfas da Fonte’ habitam a Praça do Daae e as memórias de muita gente

Especial da TV Câmara para o aniversário de Araraquara conta história de obra de arte instalada na Fonte Luminosa e a relação de moradores da cidade com o local


Você sabe onde fica o painel artístico “As Ninfas da Fonte”? Esse é o tema do terceiro episódio do especial “Lugares que guardam memórias”, produzido pela TV Câmara para celebrar o aniversário de 207 anos de Araraquara. O vídeo pode ser assistido neste link.

Localizado na Praça do Daae, na Fonte Luminosa, o complexo artístico é uma doação do artista plástico araraquarense Sidney Rodrigues e de seis empresas que contribuíram para a execução da obra. A cerimônia de inauguração foi realizada em 1º de dezembro de 2002.

O painel mede 2,07 metros de largura por 2,64 metros de altura e apresenta um desenho em ferro, pintado de branco, sobre uma laje de concreto revestida de pastilhas azuis. E isso em meio a um chafariz redondo, de 5 metros de diâmetro.

A inspiração para a obra foi a ninfa, figura mitológica grega que é a divindade dos rios, bosques e montes. “As Ninfas da Fonte são três figuras femininas que, entre folhagens, emergem altivamente com suas jarras, renovando rios, lagos e mares com o cristalino líquido: elemento essencial da vida”, explica uma placa no local.

A praça não foi escolhida à toa pelo artista, já que ela abriga a Estação de Tratamento de Água (ETA) Fonte, do Departamento Autônomo de Água e Esgotos (Daae). Na fachada da ETA, inclusive, há a inscrição em latim “acqua fons vitae” (“água, fonte de vida”).

O episódio do especial relata a relação que a jornalista Sônia Fonseca Cassoli possui com a Praça do Daae e com as obras de Sidney Rodrigues. Ela mora próximo à Igreja Nossa Senhora das Graças, onde estão instalados painéis do artista retratando passagens da Bíblia.

“Minhas primeiras fotos de bebê são lá da igreja. E minha mãe me fez sempre notar a beleza do patrimônio de uma cidade e das obras de arte do entorno. Desde pequena, eu soube que a igreja tem projeto arquitetônico diferenciado, as obras do Sidney Rodrigues na área externa e, na área interna, os afrescos de um frei dominicano”, observou.

A Praça do Daae era outro local da cidade que Sônia frequentava com a família desde muito pequena. “É um dos grandes cartões-postais de Araraquara e acolhe as famílias todos os dias. E aos domingos tem o projeto ‘Choro das Águas’”, resumiu a jornalista. E ela não imaginava que se tornaria servidora pública da autarquia em 2001, como jornalista, e trabalharia na Fonte Luminosa. Mais do que isso: registraria a instalação da obra “As Ninfas da Fonte”.

“Tive este gratificante presente: conhecer o Sidney Rodrigues, acompanhar a instalação da obra, fazer a matéria com ele e fazer as fotos. Faz parte da minha história afetiva”, contou Sônia.

‘Museu a céu aberto’

As obras de Sidney Rodrigues estão espalhadas por diversos lugares de Araraquara, formando um “museu a céu aberto” para os araraquarenses. Dez desses locais já foram reunidos em edições do “Território da Arte” como um roteiro cultural para visitação e apreciação.

São as seguintes obras: “Dr. Frederico de Marco” (Aeroporto Bartholomeu de Gusmão), “História da Salvação” (Igreja Nossa Senhora das Graças), “Espírito Santo” (Igreja Nossa Senhora Aparecida), “Pioneiro” (fachada da residência do artista, na Avenida Bandeirantes, 82, Centro), “Cristo” (Cemitério São Bento), “Esperança” (Centro Oncológico da Santa Casa), “Basalto” (Parque do Basalto), “As Ninfas da Fonte” (Praça do Daae), “Divina Luz” (Capela da Divina Luz) e “Poste da Paz” (Parque Infantil).

Marcelo de Carvalho Rodrigues, filho de Sidney, contou em entrevista qual é o sentimento de passar pela cidade e encontrar obras de autoria do pai. “É muito gostoso. Você está caminhando no parque e… ‘Ah, isso aqui é dele’. É uma lembrança que está viva. É um reconhecimento da cidade sobre o valor dele, que fica para sempre”, afirmou Marcelo, que é aposentado e foi dentista e empresário.

Vida dedicada à arte

Sidney Rodrigues começou a se interessar muito novo pela arte, segundo Marcelo. Entre os 15 e 16 anos de idade, Sidney começou a fazer pequenos desenhos e pinturas com lápis de cor. Depois estudou em uma escola de desenho técnico em São Paulo e conheceu outros artistas. Voltando para a Morada do Sol, ele trabalhou como desenhista técnico na Estrada de Ferro Araraquara.

“Junto com outros artistas, ele ajudou a fundar a Escola de Belas Artes de Araraquara, que teve na época um mecenas muito importante: o Hélio Morganti, um usineiro da região, que trouxe um casal de pintores italianos para dar aula aqui. Ele [Sidney] participou de muitas exposições, inclusive na Bienal de São Paulo. A vida dele sempre foi essa: professor de desenho e artista plástico. Professor de desenho para viver e manter a família. E artista plástico era a paixão dele. Fazia arte por fazer arte. Ele teve algumas fases: arte moderna, painéis abstratos, grafismo e, por fim, terminou com as aquarelas”, disse Marcelo.

Sidney construiu um ateliê em sua casa, o que ainda desperta muitas memórias no filho. “Eram dois cômodos onde ele se dedicava somente a isso. Lá, ele tinha todos os livros, os materiais de pintura e desenho, a escrivaninha, os cavaletes. Era uma coisa muito curiosa para a gente ver aquilo acontecendo e vivenciar um pouco daquilo tudo. Meu pai e minha mãe, professores, conversavam muito sobre a profissão e sobre a arte também. A gente escutava aquilo o dia todo em casa e estava por dentro do que estava acontecendo, sem saber exatamente tudo o que aquilo significava”, concluiu.

Sidney Rodrigues faleceu em 31 de dezembro de 2018, aos 91 anos, deixando um legado de amor à arte e a Araraquara.

Especial

A série especial de reportagens da TV Câmara reúne alguns locais de Araraquara que possuem monumentos ou painéis artísticos que podem passar despercebidos para parte da população na correria do dia a dia, mas que possuem grande significado afetivo para outros moradores.

Além da Praça do Daae e suas “Ninfas da Fonte”, os outros episódios relatam histórias relacionadas ao Memorial da Imigração Japonesa, ao Balão do Soldado Constitucionalista, à Caixa do Futuro e ao mural “Guerreiro Grená” (do Estádio da Fonte Luminosa).

Os vídeos estão sendo exibidos na programação da TV Câmara e publicados nas redes sociais do Legislativo (Facebook e YouTube).

| IDNews®| Brasil |Beto Fortunato |Via  Assessoria de Imprensa | CMA

Beto Fortunato

Jornalista - Diretor de TV - Editor -Cinegrafista - MTB: 44493-SP

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *