‘Mataram nossos filhos’, diz mãe de vítima do voo da Voepass em audiência
Maria de Fátima Albuquerque cobrou celeridade na investigação do acidente aéreo
Maria de Fátima Albuquerque, mãe da médica Arianne Albuquerque Risso, que morreu na queda do avião da Voepass, em Vinhedo (SP), cobrou nesta terça-feira (8) celeridade na investigação do acidente aéreo.
“Mataram os nossos filhos. […] Quando chega no domingo é desesperador”, afirmou Maria de Fátima. Declaração foi feita durante audiência da comissão externa da Câmara dos Deputados que acompanha as investigações relacionadas à queda do avião. “A gente sabe que fatalidades ocorrem, mas isso não foi uma fatalidade”, acrescentou.
Comissão ouviu investigadores e mães de vítimas de acidente. A jornalista Adriana Ibba, mãe da menina Liz Ibba, de três anos, que também morreu o acidente, afirmou que queda foi uma “tragédia anunciada”. “Quantas vidas poderiam ter sido salvas se a segurança tivesse sido tratada com prioridade?”, disse.
O laudo conclusivo com as causas do acidente deve levar cerca de um ano para ser divulgado. A afirmação foi feita pelo diretor do INC (Instituto Nacional de Criminalística) da Polícia Federal, Carlos Eduardo Palhares Machado. “Normalmente, o tempo para esse tipo de laudo é de um ano. Pode ser um pouco maior ou um pouco menos, a depender da complexidade”, afirmou durante audiência na Câmara dos Deputados.
Um novo laudo deve ser apresentado em até dois meses, disse Carlos Palhares. O documento será mais descritivo e vai aprofundar detalhes da perícia realizada no dia da tragédia. “O trabalho da perícia é baseado em dados objetivos, como documentos e análise dos destroços, mas o delegado tem outras fontes, como a fonte testemunhal. O delegado pode ouvir pessoas”, esclareceu.
Condições de trabalho dos pilotos serão analisadas. “Na perícia a gente chama de análise das condições do pilotos, se descansaram, se não descansaram, se a rotina estava em desacordo com as regulamentações, se eles foram submetidos a uma carga maior ou estresse de trabalho, isso tudo vai ser analisado”, destacou Palhares.
COMO OCORREU A QUEDA?
Avião saiu de Cascavel (PR) com destino a Guarulhos (SP) com 58 passageiros e quatro tripulantes. Ele decolou às 11h50 e pousaria às 13h45, segundo o FlightAware.
Aeronave despencou 13 mil pés (4.000 metros) em dois minutos. O registro de voo do Flight Radar mostra que o avião estava a 17 mil pés de altitude às 13h20 e a 4.000 pés às 13h22, quando o sinal de GPS foi perdido pela plataforma. A aeronave caiu pouco mais de 20 minutos antes de pousar e atingiu casas de condomínio residencial.
O piloto do avião, Danilo Santos Romano, comentou sobre uma falha no sistema antigelo da aeronave. A informação foi divulgada em relatório preliminar apresentado pelo Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), da FAB (Força Aérea Brasileira), no dia 6 de setembro. Porém, essa suposta falha ainda será apurada durante a investigação.
Todas as 62 pessoas que estavam a bordo do ATR 72-500 da Voepess morreram. O acidente ocorreu no dia 9 de agosto. A maioria das vítimas era de Cascavel (PR), de onde saiu a aeronave.
Reconhecimentos dos corpos foram feitos por análise das arcadas dentárias, DNA e coleta de impressões digitais.
Voepass demitiu diretores e faz mudanças no comando após acidente aéreo. A Voepass Linhas Aéreas anunciou no dia 25 de setembro a demissão dos diretores das áreas de manutenção, segurança operacional e operações, além de mudanças no comando da empresa.
O presidente e cofundador da empresa, José Luiz Felício Filho, assume novos cargos. Agora, além de atuar na chefia de operações, ele comandará a liderança executiva e a gestão direta das operações. “Felício é piloto há mais de 30 anos e está na presidência da companhia desde 2004, construindo uma base com diretrizes sólidas e sempre pautada pelas melhores práticas internacionais para garantir a segurança operacional de todos”, disse a empresa em nota enviada à reportagem.
Diretores são demitidos. São eles: Eric Cônsoli, que estava à frente da chefia de manutenção; David Faria, da diretoria de segurança operacional; e Marcel Moura, da diretoria de operações. Em nota, a companhia disse reconhecer e agradecer as “importantes contribuições que os executivos desempenharam na trajetória da empresa”.
|IDNews® | Folhapress | Beto Fortunato |Via NBR | Brasil