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Brasil

Infestação de mosquitos no Aeroporto Internacional de Fortaleza


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Infestação de mosquitos no Aeroporto Internacional de Fortaleza

Meias, raquetes elétricas e repelentes fazem parte da rotina dos funcionários do aeroporto. Difícil é tranquilizar os passageiros

Por Rosana Romão

Cinco anos dirigindo e recebendo os mais variados clientes. Mas um casal de coreanos chamou a atenção de Robson Freire, taxista que trabalha no Aeroporto Internacional Pinto Martins, em Fortaleza. “Eles disseram para onde íam e depois ficaram em silêncio. De repente começaram a bater palmas. Achei estranho e fui olhar pelo retrovisor. Eles estavam era matando os mosquitos”, ri. A situação inusitada agora faz parte da rotina dos funcionários do aeroporto, que sofre com a infestação de mosquitos.

Às 8h, quando os funcionários chegam para trabalhar, encontram vários mosquitos embaixo dos móveis e por trás dos balcões. Eles utilizam inseticida e repelente logo no início da manhã. O barulho de raquetes elétricas e pessoas batendo palmas, tentando matar os mosquitos, é comum. Apesar de trabalharem com calça, algumas funcionárias compraram meia-calça com tecido grosso para usar por baixo do uniforme, na tentativa de se proteger.

De acordo com a auxiliar de aeroporto Lílian Lima, a situação piora no período de 16h30 às 20h. O repelente já faz parte da sua rotina, e além disso precisa tranquilizar os passageiros. “Eles chegam bem nervosos porque já estão sabendo dos mosquitos e querem que a gente ache uma solução”, conta. Uma funcionária que não quis ser identificada diz que não se impressiona mais. “A gente até se acostuma com as muriçocas, elas estão amigas da gente”, brinca.

A área que recebe mais reclamação é onde as companhias aéreas realizam o check-in. Muitos passageiros, ao chegar a Fortaleza, pedem para sair o mais rápido possível do aeroporto. “Eles reclamam que são alérgicos, e a gente orienta eles a comprarem o repelente na farmácia do aeroporto. Mas na semana passada nem tinha pra vender”, comenta a funcionária Rosane Meller.

A grande maioria dos turistas acredita que em toda a cidade há essa infestação de mosquitos, o que é negado pelos funcionários. “Eles criam um imagem que não é verdadeira. O problema é que aqui é a porta de entrada, o cartão postal da cidade. Se a recepção é assim, o que eles podem esperar? Algo tem que ser feito para acabar com esse problema”, completa Rosane Meller.

“Aqui é a porta de entrada, o cartão postal da cidade. Se a recepção é assim, o que eles podem esperar?”

Turistas não se incomodam

Apesar de algumas reclamações, há turistas que não reclamam dos mosquitos. Os pernambucanos Wellington e Ingrid Sousa costumam vir para Fortaleza, e reconhecem que na última visita encontraram mais mosquitos. Com um filho de 9 anos, eles se preocupam com doenças transmitidas, como dengue, zika e chikugunya, mas não reprovam o aeroporto da capital. “Isso é comum, acontece no Brasil todo. Não tem nada de agravante que mude a nossa ótima experiência na cidade”, defende o turista Wellington Sousa.

Na única farmácia do aeroporto, o repelente mais comum, com preço popular, se esgotou. As opções disponíveis custam entre R$ 26 a R$ 30. Os produtos em spray são os mais procurados, pois facilitam a aplicação. De acordo com o vendedor Francisco Jorge, a procura é maior por mães com crianças pequenas. A loja registra, em média, a venda de quatro repelentes por dia. Quando são questionados sobre os mosquitos, os funcionários riem porque o assunto já faz parte do dia a dia, e os visitantes indesejados já são considerados até como colegas de trabalho.

“Eu já acordei toda embolotada, com vermelhidão no corpo, febre fui forte. Fiquei acamada mesmo. Não sei se foi alguma dessas doenças, mas fiz os exames e estou esperando os resultados. Mas voltei a trabalhar, não me importo muito com os mosquitos não, com o tempo eles conhecem a gente e nem atrapalham”, comenta uma funcionária que não quis se identificar.

A Infraero informou que atua em parceria com o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), da Prefeitura Municipal de Fortaleza, para o controle dos insetos nas áreas patrimoniais do aeroporto e nas áreas adjacentes.  A empresa esclarece que possui contrato com empresa especializada no controle/monitoramento de pragas urbanas e vetores, com atuação em todas as áreas do sítio aeroportuário.

“As ações de monitoramento e controle tem sido executadas em conformidade com o que preceitua a legislação aplicável. Essa infestação tem caráter sazonal e atinge toda a cidade de Fortaleza e região metropolitana. No aeroporto, ações para o controle dos mosquitos vêm sendo sistematicamente realizadas desde o mês de outubro”, informa em nota.

A Infraero afirma que no dia 24 de novembro foi solicitada à Prefeitura Municipal de Fortaleza ações nas áreas internas do aeroporto, como aplicação de larvicidas e controle químico nas galerias de águas pluviais e no Canal do Riacho Itaóca/Rosinha, localizado no entorno do aeroporto. No dia 1 de dezembro, a Prefeitura Municipal de Fortaleza deu início à limpeza do Canal do Riacho Itaóca/Rosinha.

“De forma a aplacar a proliferação dos mosquitos no âmbito do aeroporto, a Infraero contratou serviços para limpeza e fechamento de pontos vulneráveis a criadouros de mosquitos. Essa ação teve início no dia 10 de dezembro e já é possível perceber uma melhora no terminal”, finaliza.

Prevenção

A população pode colaborar na prevenção das doenças transmitidas por mosquitos evitando o acúmulo de água e lixo que atraem os mosquitos. Repelentes, telas e mosquiteiros também são aliados nessa prevenção. Usar roupas claras que cobrem o corpo é outra alternativa.

O principal combate às doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, como dengue, chikungunya e zika, ainda é não deixar água parada. Para isso, o ideal é sempre verificar locais na sua casa que possam servir de armazenamento de água e fazer uma limpeza.

Tribuna do Ceará

Beto Fortunato

Jornalista - Diretor de TV - Editor -Cinegrafista - MTB: 44493-SP

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