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São Paulo tem 36% das Delegacias de Defesa da Mulher no Brasil


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São Paulo tem 36% das Delegacias de Defesa da Mulher no Brasil
Estado foi o primeiro no país a criar órgãos e serviços especializados para o atendimento às mulheres vítimas de violência

11MAR2018|  8:55 - Delegacia da mulher  - Foto:  © Governo do Estado de São Paulo

O Brasil ocupa o 5º lugar entre os países que mais matam mulheres no mundo. Só no Estado de São Paulo, foram registradas em 2017 mais de 280 tentativas de feminicídios, segundo dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública. Esses números mostram que ainda é necessário se preocupar com o atendimento e com o suporte às vítimas de violência de gênero.

Nos últimos anos, o governo do Estado esteve empenhado em fortalecer a assistência para essas mulheres através de serviços e órgãos públicos especializados. Pensando nisso, o território paulista conta atualmente com 133 Delegacias de Defesas da Mulher (DDM). Nove delas estão localizadas na capital, 19 na Região Metropolitana e 108 no interior e litoral.

Isso equivale à 36% do total no país. “Essas delegacias realizam um trabalho de coibir a violência contra a mulher, que infelizmente ainda existe. Não deixar ter impunidade, bem como prevenir e educar”, comenta o governador Geraldo Alckmin sobre o serviço prestados pelas unidades.

O grande diferencial está no tratamento e no acolhimento oferecido à vítima, com um espaço mais favorável do que as delegacias comuns. “Esse primeiro atendimento é primordial para que a mulher se sinta recepcionada no ambiente. Por isso contamos com uma equipe especializada e já vocacionada nesse tipo de atendimento”, explica o secretário de Estado de Segurança Pública, Mágino Alves Barbosa Filho.

O trabalho além da lei

Ironicamente, o Brasil possui a terceira melhor lei do mundo de combate à violência doméstica, uma referência para muitas outras nações. Sendo assim, é possível perceber que os casos de violência vão muito além do que a legislação é capaz de determinar.

Renata Cruppi é delegada da DDM de Diadema e, assim como as outras unidades, desenvolve um trabalho de “oitiva ativa”. Isso quer dizer que o atendimento a essas mulheres são extremamente sensíveis diante da situação em que elas se encontram. “Quando elas chegam aqui, nós procuramos deixá-las à vontade, pois nem sempre chegam em condições de falar. Nós respeitamos e damos todo o suporte necessário. Por isso, tudo o que é falado é examinado”, afirma a delegada.

A gravidade de cada crime de violência é analisado caso a caso. Assim que elas chegam a uma DDM, contam com uma equipe multidisciplinar composta por policiais, psicólogos e assistentes sociais com treinamento especializado no ramo. “A partir do momento em que elas chegam à Delegacia, ela não está mais sozinha”, completa.

A delegada ainda ressalta a importância de recepcioná-las com essa estrutura. Segundo ela, não é possível atender uma mulher que sofreu violência doméstica da mesma forma que alguém que foi furtado. “O grande diferencial das DDMs é que nós não lidamos com bandidos propriamente dito, nós lidamos sobretudo com famílias desestruturadas.”

Ao fazer o registro da denúncia, ela pode solicitar uma medida protetiva para impedir que o agressor se aproxime. Ali, a vítima recebe informações sobre os seus direitos e toda a orientação jurídica necessária.

É importante lembrar também que além das unidades especializadas, todas as delegacias do Estado estão preparadas para atender e receber esses tipos de ocorrências. A diferença entre elas é no atendimento especializado e acurado às vítimas de violência doméstica.

“Meu trabalho vai além de policial. Eu vejo de perto o que o homem é capaz de fazer com as mulheres. E o nosso trabalho é fundamentado em um processo social, porque só punir não adianta. O atendimento tem que ser humanitário, independente do gênero”, relata Rafael Roberti, investigador da DDM de Diadema.

As mulheres têm dificuldade em falar sobre o que acontece dentro do lar e muitas vezes a violência é emocional. Um claro sinal de que a cultura machista ainda é muito presente na sociedade. “O que eu sinto é que falta diálogo entre as famílias. A importância dessa célula está perdida no tempo, talvez pelo excesso de trabalho, pelo excesso de tecnologia. Porém, o enfrentamento da mentalidade machista só vai acontecer quando nós conseguirmos expor a nossa realidade e desconstruir aquilo que está nos fragilizando”, expõe a delegada.

Em meio a este cenário, não há nada mais pertinente do que manter o diálogo para se manter o respeito. É com gestos de conscientização do papel da mulher na sociedade e, sobretudo, nas famílias que se constrói a consideração pelo outro. Essa é apenas uma maneira de tornar nossa realidade mais justa e respeitosa. Com informações do Portal do Governo do Estado de S. Paulo.

Beto Fortunato

Jornalista - Diretor de TV - Editor -Cinegrafista - MTB: 44493-SP

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