Jornal da Unesp melhora de ponta a ponta
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Jornal da Unesp melhora de ponta a ponta
Eventos organizados pela Pró-Reitoria de Pesquisa promovem o aprimoramento da publicação científica tanto para autores quanto para editores de revistas
14:15 |Ag: Notícias Unesp | 2018JUL11 |[REPORTAGEM DE CAPA]
A Unesp tem se firmado, nos últimos anos, como a segunda universidade pública brasileira com maior número de publicações científicas. O desafio que se coloca para a instituição agora é aumentar o impacto e a projeção desse conteúdo.
Nesse sentido, a Pró-Reitoria de Pesquisa organizou no início de maio, no auditório da Editora Unesp, em São Paulo, dois eventos que buscaram levar orientações sobre processos importantes para a melhora no impacto dessa produção: a elaboração e submissão de artigos científicos pelo pesquisador e a edição desse material por parte dos editores de revistas científicas.
No dia 10 de maio foi realizado o II Encontro de Editores Científicos da Unesp e, no dia 11, o Workshop de Publicação Científica. Para o pró-reitor de Pesquisa, professor Carlos Graeff, os eventos estão alinhados com a necessidade da Universidade de divulgar suas ações. “A produção do conhecimento é um dos diferenciais da universidade pública no Brasil, e a produção intelectual e científica é um dos meios de diálogo com a sociedade”, destacou o gestor.
Os dois eventos estão disponíveis online no endereço https://video.unesp.br/encontrodeeditores.
A ênfase na divulgação pela Universidade de suas iniciativas e de seu conhecimento esteve presente também na fala do professor Wagner Villegas, que representou o reitor Sandro Valentini no evento. “Hoje existe uma gama de tecnologias e espaços que oferecem um novo panorama de oportunidades para a visibilidade de nossos trabalhos”, afirmou o assessor do Gabinete do vice-reitor.
O evento
As revistas científicas ainda são o principal espaço para publicação das pesquisas produzidas na Universidade, e aprimorar suas práticas traz consequências no impacto dessas publicações. Esse foi o mote da fala do professor José Augusto Chaves Guimarães, que abriu a sessão Gestão Profissional de Revistas Científicas destacando o papel indutor que os periódicos exercem sobre a prática científica do pesquisador.
O assessor da Pró-Reitoria de Pesquisa destacou a série Propetips, que visa a fornecer informações rápidas e pontuais aos docentes e pesquisadores da Unesp que buscam uma maior visibilidade da sua produção científica (ver quadro 1). Entre os temas tratados na apresentação está a necessidade de registrar corretamente a afiliação institucional à Unesp, ou seja, a forma de se referir à Universidade em uma publicação, tanto em inglês quanto em português.
“Uma pesquisa realizada pela Coordenadoria Geral de Bibliotecas detectou mais de 60 variedades diferentes de afiliações. Esse problema de falta de padronização do nome tem gerado problemas para a Universidade nos rankings, por exemplo”, destaca o professor, que também coordena a Comissão de Avaliação Institucional dos Rankings da Unesp.
Tecnologias
Na esteira do uso de novas tecnologias para a maior projeção das publicações científicas, o evento apresentou duas iniciativas que estão sendo estimuladas na Universidade: o DOI e o OrcID.
O DOI (sigla para Digital Object Identifier ou, em português, Identificador de Objeto Digital) é um padrão para identificação de documentos que estejam na Internet e que, portanto, pode ser aplicado a livros, capítulos de livros, periódicos, artigos ou qualquer outro tipo de publicação científica que esteja em redes digitais.
“É importante ressaltar que o DOI dá garantia apenas da localização dos metadados digitais [que indicam onde está o arquivo]. Ele não prescinde da preocupação do pesquisador e da instituição quanto a políticas de preservação dos artigos em um repositório digital, por exemplo”, destaca o professor Fabio Sampaio Rosas, da Unesp Dracena. O docente destacou ainda que todas as revistas da Universidade inscritas no edital da PROPE de apoio à publicação de periódicos científicos que tiverem interesse em obter o DOI para seus artigos serão contempladas.
Outra proposta é o uso do ORCID (sigla para Open Researcher and Contributor ID, ou em português, ID Aberto de Pesquisador e Contribuidor), um código alfanumérico (formado por letras, números e outros caracteres) usado para identificar pesquisadores e autores acadêmicos. “Ele é usado ao longo de toda a carreira do cientista, é aberto, tem escala internacional e permite a integração com diversas plataformas”, destaca Flávia Maria Bastos, responsável pela Coordenadoria Geral de Bibliotecas (CGB) da Unesp. “Em um momento em que se fala muito de big data e reuso de dados, o ORCID permite esse tipo de aplicação.”
A Unesp foi a primeira universidade pública brasileira filiada ao ORCID, iniciativa realizada dentro do contexto da criação de seu repositório institucional, em 2013, e possui, atualmente, por volta de 800 pesquisadores cadastrados.
Troca de experiência
Editor da revista The Journal of Venomous Animals and Toxins including Tropical Diseases, o professor Benedito Barraviera relatou sua longa experiência à frente do periódico editado pela BioMed Central-Springer-Nature. Um ponto destacado pelo pesquisador do Centro de Estudos de Venenos e Animais Peçonhentos da Unesp (CEVAP) é que no Brasil é muito comum uma mesma pessoa acumular a função de editor-chefe de forma e de conteúdo. “Em outros países do mundo, quem cuida da forma da revista é o publisher e quem cuida do conteúdo é o editor-chefe. O editor brasileiro é o mais completo do mundo porque faz as duas coisas”, brinca.
Entre as estratégias apontadas pelo professor de Botucatu para promover o crescimento de um periódico está a adoção de publicação por fluxo contínuo (quando as publicações não são organizadas em uma edição ou volume periódico), a integração de indexadores (plataformas que reúnem conjuntos de publicações) da área de atuação da revista, convite a editores assistentes, com a cobrança de seu envolvimento com a publicação, prioridade à qualidade, corte de conteúdos supérfluos, disposição de um banco de dados robusto, participação em eventos e em um grupo produtivo de pesquisa, entre outros aspectos.
O autor
Se no primeiro dia de atividades o foco foi nos editores de revistas, o segundo dia abordou o outro lado da publicação: o autor. Para falar sobre o assunto, o I Workshop Estratégico de Publicação Científica da Unesp trouxe Paul Klenk, analista do American Journal Experts, entidade norte-americana que oferece orientação para acadêmicos na preparação de artigos em diversas áreas do conhecimento.
Klenk abriu a palestra apresentando o histórico e o atual panorama das publicações científicas no mundo, que movimentam aproximadamente US$ 12 bilhões ao ano, com um crescimento anual entre 7 a 8%. O cenário, contudo, pode estar em mudança, visto a tendência da adoção de publicações em código aberto – ou seja, sem cobrança para acessar o conteúdo – por agências e programas internacionais.
Klenk deu orientações gerais sobre como escrever um artigo e o impacto que isso tem na carreira. “Um artigo que é recusado pode custar ao pesquisador meses de trabalho em laboratório ou em um campo, por exemplo”, reforça o especialista.
Entre os apontamentos citados pelo norte-americano está a orientação para colocar apenas os resultados mais importantes no primeiro parágrafo. “Se o autor colocar todas as informações, os revisores talvez não consigam identificar tão facilmente quais são os mais importantes”, esclarece.
A segunda metade da apresentação abordou a ética nas publicações científicas, focalizando temas como as revistas predatórias (ver quadro 2), o plágio e o autorreferenciamento (isto é, a citação dos próprios artigos).
Cuidado com os periódicos predatórios
Um das ameaças especialmente para jovens pesquisadores é a presença de periódicos predatórios. Nesta entrevista, Paul Klenk comenta brevemente o funcionamento desses periódicos, de que forma isso prejudica o pesquisador e qual a forma de evitar essas publicações.
Jornal Unesp: Como os periódicos predatórios funcionam?
Paul Klenk: Publicar um artigo na PlosOne, atualmente, custa por volta de US$ 1 mil. É um custo muito caro para muitos pesquisadores. Periódicos predatórios se aproveitam disso e criam uma revista que cobra muito mais barato, por exemplo, US$ 300 dólares. A grande maioria deles não faz a revisão pelos pares, uma prática essencial dentro da comunidade científica. Às vezes, o próprio editor responde ao autor com algumas observações e dizendo que o artigo foi aceito.
JU: E de que forma isso afeta o pesquisador autor do artigo?
Klenk: O impacto do jornal em que um artigo é publicado é frequentemente usado para avaliar a qualidade de um trabalho. Se eu publico nesse periódico não tão bom, eu vou ter isso em meu currículo, mas a realidade é que essa publicação passa a não valer muita coisa.
JU: Existe algum esforço por parte da comunidade científica para resolver ou diminuir esse problema? Ou algo que o pesquisador pode fazer para evitá-lo?
Klenk: Uma forma é observar os indexadores de revistas. No Brasil, o Scielo exerce esse papel. Entre outras funções, eles checam a qualidade dos periódicos e servem de referência para os pesquisadores. Existem algumas outras iniciativas da comunidade acadêmica, como a do norte-americano Jeffrey Bill, que divulga periodicamente uma lista de periódicos predatórios. O governo tem dificuldades agir contra esses periódicos porque eles estão em qualquer lugar do mundo. O que é possível fazer é oferecer ferramentas para os pesquisadores que orientem sobre quais periódicos são bons e quais não são.
JU: Você acha que há um aumento no número de revistas predatórias?
Klenk: Neste momento eu acredito que essa tendência já está numa trajetória de queda. Isso porque os pesquisadores estão ficando mais atentos e mais informados sobre esta ameaça do que anos atrás. Ações ainda precisam ser tomadas e é importante que pessoas como eu e você estejamos falando sobre o assunto para alertar principalmente os jovens pesquisadores.
Klenk acentuou necessidade de acadêmico evitar essas publicações
Dicas para os pesquisadores
A série Propetips, da Pró-Reitoria de Pesquisa fornece informações rápidas e pontuais a docentes e pesquisadores que buscam maior visibilidade de sua produção científica e maior prestígio internacional da universidade.
https://www2.unesp.br/portal#!/prope/apoio-ao-pesquisador/propetips/
1) Há apenas duas formas de afiliação institucional: Unesp – Universidade Estadual Paulista ou Unesp – São Paulo State University (em inglês). Somente após o nome da Unesp é que deve figurar o nome da faculdade, instituto ou departamento.
2) Grafar o nome do autor sempre da mesma forma em todas as publicações científicas.
3) Devem-se evitar palavras-chaves com muita generalidade e privilegiar palavras que expressem especificidades. Uma sugestão é usar vocabulários controlados ou tesauros, como o Medical Subject Headings.
4) Usar sempre o ORCID (Open Researcher and Contributor ID), que permite uma espécie de curriculum vitae digital. A inscrição é feita pelo Repositório Institucional Unesp.
5) A colaboração científica com pesquisadores estrangeiros aumenta a visibilidade da produção e impacta positivamente a avaliação pelos rankings universitários.
6) A autoria deve ser dada àqueles que contribuem efetivamente para a consecução do texto científico e não deve ser confundida com os participantes de um projeto.
7) A escolha de quem e do que citar é importante, pois dá mais força à ideia que queremos respaldar. Considera-se tolerável um índice de autocitações de até 10% em cada publicação.
8) O resumo (abstract) deve apresentar, de forma clara, concisa e precisa, o problema (por quê?), a proposição (o quê?), os objetivos (para quê?), a metodologia (como?) e os resultados e a conclusão (o novo “o quê” da pesquisa).
9) O plágio constitui violação dos direitos morais ou patrimoniais do autor. Para sua detecção, existem ferramentas como: Turnitin, Checkforplagiarism, Plagiarism Detect, Viper, entre outras.
10) Notas de rodapé podem ser bibliográficas ou explicativas, razão pela qual devem ser usadas com parcimônia para não deixar a leitura cansativa.
11) Organização de coletâneas ou dossiês temáticos: pressupõe uma escolha criteriosa do tema, títulos precisos, autores com lastro acadêmico no tema e procedência diversificada. O organizador deve ter nome acadêmico consolidado e ser responsável por um capítulo-âncora que introduz os demais.
12) O parecer científico é constituído por relatório, fundamentação e manifestação. É fundamental uma crítica construtiva por meio de uma linguagem serena e objetiva, e sinalizando alternativas para solução dos apontamentos.
13) A escolha do periódico para publicação do artigo ser orientada por fontes de indexação, nível Qualis (o sistema de avaliação de periódicos da CAPES), escopo editorial da revista, sua natureza não-predatória, cumprimento da periodicidade e composição do corpo editorial e científico.
14) A busca por visibilidade científica de uma revista: decorre de especial atenção à manutenção do foco editorial, ao cumprimento rigoroso da periodicidade, aos critérios de composição do corpo editorial e do corpo científico, à linha temática, ao conteúdo dos editoriais e a uma atitude proativa do editor no âmbito científico.
15) A transparência e a confiabilidade dos dados são uma decorrência do dever do pesquisador em prestar contas à sociedade do financiamento dela recebido. A Fapesp já exige em suas chamadas a apresentação de um Plano de Gestão de Dados que aponte os tipos de dados e como eles serão preservados e disponibilizados.