Promotor vê ‘mensalinho’ para ex-auxiliar de Fernando Haddad
Warning: Trying to access array offset on value of type bool in /usr/storage/domains/i/idnews.com.br/www/wp-content/plugins/wp-social-sharing/includes/class-public.php on line 81
Promotor vê ‘mensalinho’ para ex-auxiliar de Fernando Haddad
Taxista João Henrique Worn confirma em depoimento ao MP paulista visitas à UTC para buscar ‘presentes’ para José de Filippi Jr., ex-secretário na gestão do petista
9:18 |ID News/Estadão|2018AGO08|
O Ministério Público de São Paulo classificou como “mensalinho” supostos pagamentos de propina feitos pela UTC Engenharia a José de Filippi Jr., ex-secretário de Saúde da gestão Fernando Haddad (PT), entre 2013 e 2014. O objetivo dos repasses, segundo o ex-presidente da empreiteira Ricardo Pessoa, era “abrir portas” para a empresa no governo petista, que havia acabado de tomar posse na capital paulista.
Três depoimentos colhidos neste mês sustentam a tese da Promotoria de que Filippi Jr. recebeu R$ 200 mil de propina da UTC enquanto era secretário de Haddad para “atender aos interesses” da empreiteira na Prefeitura. Em troca, a empresa teria pago uma dívida de R$ 2,6 milhões da campanha petista de 2012 por meio de caixa 2. A suposta prática resultou em uma ação de improbidade administrativa movida pelo MP contra Haddad, o ex-secretário e outras cinco pessoas, conforme o Estado revelou nesta terça-feira, 28.
Nesta terça, Haddad desqualificou a ação de improbidade. Segundo ele, a acusação está baseada na “palavra de um bandido”.
Um dos depoimentos foi o do taxista João Henrique Worn, considerado “motorista de confiança” de Filippi Jr. No dia 23, ele confirmou ao promotor Wilson Tafner ter ido à sede da UTC em São Paulo buscar o que ele chamou de “presentes” da empreiteira para o ex-secretário de Haddad. Filippi Jr. foi tesoureiro das campanhas de Luiz Inácio Lula da Silva (2006) e de Dilma Rousseff (2010).
Filiado ao PT desde 1992, Worn já havia relatado isso à Polícia Federal em março de 2016, quando foi conduzido coercitivamente na Operação Aletheia, desdobramento da Lava Jato, para esclarecer pontos da delação de Pessoa relacionados ao ex-tesoureiro de campanhas do PT. À época, Filippi Jr. negou a propina e disse que seu motorista ia “buscar brindes” na UTC.
Mas, segundo os investigadores, Worn foi o responsável por receber, em nome de Filippi Jr., R$ 750 mil, entre 2010 e 2014, conforme planilha apresentada por Pessoa e pelo ex-diretor financeiro da empreiteira Walmir Pinheiro, que operava os pagamentos. Do total, R$ 200 mil ocorreram quando Filippi Jr. já era secretário de Haddad. Foram seis parcelas, entre R$ 25 mil e R$ 50 mil, de março de 2013 a maio de 2014.
Na semana passada, Worn disse ao MP que as “encomendas” solicitadas por Filippi Jr. eram retiradas em mochilas ou sacolas com Pinheiro e entregues diretamente a Filippi Jr. Questionado sobre o que havia dentro da mochila, afirmou que nunca viu nem tinha intimidade para perguntar ao ex-secretário.
‘Relacionamento’. Em depoimento no dia 9 deste mês, Pessoa afirmou à Promotoria que os pagamentos tinham como objetivo a “manutenção de bom relacionamento” com Filippi Jr. e a “aproximação” com Haddad, candidato a vice na chapa de Lula, condenado e preso na Operação Lava Jato. Foi o ex-secretário quem apresentou Haddad ao dono da UTC durante a campanha de 2012 e, depois, intermediou um encontro entre ambos em fevereiro de 2013, já com Haddad na Prefeitura.
Três meses depois, a pedido do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, Pessoa pagou a dívida de campanha de Haddad. O promotor Wilson Tafner sustenta que Haddad, que já é réu no mesmo caso na Justiça Eleitoral, “tinha pleno domínio” sobre a quitação da dívida pela UTC. Na semana passada, Tafner obteve a condenação do ex-prefeito João Doria (PSDB) por improbidade no caso do uso do slogan “SP Cidade Linda” para “promoção pessoal”.
Defesas. O advogado Cristiano Maronna, que defende Filippi Jr., disse estranhar a ação no período eleitoral, quando o petista tentará se eleger deputado federal. “Jamais houve qualquer evidência concreta desses pagamentos”, afirmou.
Procurada, a defesa do taxista João Henrique Worn não quis se manifestar. Com informações Estadão/Fauto Macedo/Fábio Leite