Nova geração de filtros solares
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Nova geração de filtros solares
Estudo avalia uso de grãos e borra de café para produção de filtro mais potente
13:21| 01/06/2016 Unesp
Pesquisa desenvolvida pela Universidade de Lisboa, com parceria de docente da Unesp, avalia a atividade cosmética da utilização do óleo proveniente da borra do café e dos grãos do café verde, não usados para bebidas, para o desenvolvimento de uma nova geração de filtros solares. A ideia é que os óleos melhorem a proteção solar.
A professora Vera Isaac, do Departamento de Fármacos e Medicamento da Unesp de Araraquara, e colaboradora da pesquisa, explica: “a borra de café e os grãos de café verde são sub-produtos industriais que possuem um enorme potencial para aplicação em cosmética, não só em razão da sua segurança mas também ao seu elevado teor em lipídios, apresentando propriedades físicoquímicas interessantes”. Contato com a pesquisadora: veraisaac@fcfar.unesp.br.
Os óleos provenientes da borra de café e dos grãos de café verde defeituosos têm sido recentemente descritos como detentores de atividade antioxidante. Por outro lado, a importância da utilização diária de protetores solares é atualmente bem reconhecida.
Desta forma, reforça a professora, estes óleos, aliados a um protetor solar, poderão ser a estratégia para evitar danos na pele induzidos pela radiação UV. Por outro lado, os protetores solares sob a forma de emulsão água-em-óleo (A/O) podem ser uma aplicação interessante para estes sub-produtos, uma vez que proporcionam um maior fator de proteção solar (FPS) do que as emulsões óleo-em-água (O/A).
Como se desenvolveu a pesquisa
Os óleos foram utilizados para preparar duas emulsões (A/O), envolvendo um processo de emulsificação a frio. Brevemente, a água purificada diz respeito à fase dispersa e às partículas de TiO2 e de ZnO foram utilizadas com filtros solares físicos, mas também como agentes estabilizadores da emulsão, e foram previamente dispersos no óleo.
Os protetores solares foram caracterizados em termos de propriedades mecânicas, reológicas e de adesão à pele. Além disso, foram avaliadas in vitro e in vivo as suas propriedades cosméticas, incluindo testes de resistência à água, de segurança e de proteção solar.
Quanto às partículas sólidas, a adição de dois tipos de partículas distintas revelou-se benéfica, tendo sido desenvolvido um sistema que garantiu um FPS elevado, proteção UVA (conferida pelo ZnO) e UVB (conferida pelo TiO2). Além disso, a emulsão contendo 35% (m/m) do óleo proveniente da borra da café apresentou características promissoras no aumento da resistência à água, mantendo um elevado FPS, quando comparado a uma emulsão contendo 35% (m/m) de óleo de café verde. No entanto, esta última formulação apresenta um FPS mais elevado, levando-nos a acreditar que é uma excelente estratégia para diminuir a concentração de filtros solares.
As formulações desenvolvidas, em razão do simples processo de produção, são facilmente transponíveis para a escala industrial e provaram ser adequadas para aplicação tópica, de acordo com a avaliação reológica, mecânica e de segurança.
A combinação das duas partículas sólidas multifuncionais com os diferentes óleos contribuiu para a obtenção de um sistema inovador, estável e eficaz, numa gama alargada de radiação UV. A irritabilidade associada aos filtros físicos leva a uma crescente valorização dos óleos vegetais enquanto promotores do fator de proteção dos filtros solares.
A utilização de um óleo vegetal como o óleo de café verde e o óleo proveniente da borra de café, permite reaproveitar um dos recursos mais importantes na economia brasileira e portuguesa, respectivamente, e contribuir para a obtenção de uma formulação mais natural, aconselhada para pessoas com pele particularmente sensível.
Artigo sobre esta pesquisa foi publicado na revista científica Industrial Crops and Productos, intitulada The green generation of sunscreens: Using coffee industrial sub-products:
http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S092666901530532X
Maristela Garmes