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Por visual agressivo, F-1 vai ter carros mais pesados da história


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Por visual agressivo, F-1 vai ter carros mais pesados da história

| IDNews | Londres | Reino Unido | Folhapress | Via Notícias ao Minuto |Brasil|

Por visual agressivo, F-1 vai ter carros mais pesados da história em 2021

IDN/Esportes/F1

Quando os pilotos passaram a fazer parte das reuniões em que a Fórmula 1 discute seu novo regulamento, um dos três pilares que eles pediram que fossem revistos era o peso dos carros. Os engenheiros, inclusive, concordam que este é um problema nos veículos atuais, pois acaba forçando os pneus e inibindo as disputas.

Mas não vai ter jeito: os carros de 2021 serão os mais pesados da história, podendo até passar pela primeira vez a barreira dos 900kg quando estiverem prontos para largar no Grande Prêmio da Austrália.

Isso será o subproduto de duas mudanças questionadas pelos próprios engenheiros, a começar pela adoção de pneus de 18 polegadas, bem mais pesados que os atuais. Trata-se de uma mudança que visa deixar o visual do carro mais agressivo, sem qualquer motivação técnica, e que vai adicionar pelo menos 8kg no peso total do carro.

“Foi uma decisão tomada há muito tempo. Se você souber dizer de onde veio essa ideia, por favor me diga”, brinca o chefe de corridas da Pirelli, que fornece os pneus para a F-1. “Há muitas discussões em relação ao peso porque os carros foram ficando mais pesados por conta da segurança -mas pelo menos são mais seguros- e também por conta dos motores. Mas essa conta pode aumentar junto com os pneus por conta dos aros, dos freios, etc. No total, estamos falando em pelo menos 35kg a mais. Para nós, é pior, porque esse peso a mais tem de ir para algum lugar, ou seja, é mais pressão para o pneu.”

Outra questão é a proposta de aumentar a quantidade de peças padronizadas a fim de diminuir os custos da categoria. Menos desenvolvidas, estas peças são mais pesadas.

Não que este seja um problema novo para a F-1. De 2010 para cá, os carros “engordaram” 100kg, seguindo uma tendência que começou há 25 anos por questões de segurança, mas que acelerou-se desde 2009, com a adoção de soluções híbridas para os motores.

Não por acaso, quem pilotou os carros pré-2009, como Robert Kubica, sente muita diferença. “Os carros têm pelo menos uns 60kg a mais. Nas curvas, mais parecem um ônibus. Foi a primeira coisa que eu notei quando testei um carro atual pela primeira vez”, disse o polonês, que teve um acidente em 2011 e só voltou a andar com um F-1 em 2017.

Mesmo pesados, os carros atuais são os mais velozes da história e estão constantemente batendo recordes de tempo de volta -alguns deles, inclusive, que duravam desde 2004, quando o peso mínimo era de 600kg. Hoje, os carros pesam, no mínimo, 740kg e chegam a 850kg no início das corridas, quando estão com o tanque cheio. Mesmo assim, as unidades de potência híbridas são tão eficientes e a aerodinâmica, tão avançada, que os tempos de volta são mais baixos.

Mas o argumento dos pilotos é que um carro mais pesado primeiro precisa de um freio mais forte -e o freio dos F-1 hoje é tão bom que acaba prejudicando a luta por posições, já que frear mais tarde que o rival deixou de ser um diferencial tão grande como no passado- e também aumenta a necessidade de gerenciar os pneuse. Mais uma vez, quem perde são as disputas.

Curiosamente, quem mais reclama do peso dos carros é o piloto que mais venceu nos últimos anos, Lewis Hamilton. “Falei com meus engenheiros e eles disseram que, se mudarem as regras, dá para voltar aos 600kg. Só temos que tirar algumas coisas do carro, alguns itens de performance. É factível”, argumentou o inglês.

Mas o diretor técnico da Ferrari, Laurent Mekies, discorda do piloto. “Não há nenhuma solução mágica para o peso do carro. Quanto mais peças padronizadas tivermos, mais pesados eles serão. O lado positivo do porquê o carro teve aumento de peso nos últimos anos é por conta da segurança. É claro que temos também uma unidade de potência super eficiente, então acho que é difícil voltar atrás em termos de peso. Só temos de tomar cuidado com a quantidade de peças padronizadas que introduzimos agora.”

MOTOR E SEGURANÇA

Os carros atuais têm largura e pneus com dimensões comparáveis às de 1991, por exemplo, mas são pelo menos 150kg mais pesados. De onde vem toda essa diferença?

A primeira imposição de peso mínimo na F-1 foi adotada em 1961 e era de 450kg. Afinal, nos anos anteriores, várias fatalidades haviam marcado o esporte: apenas em 1958, morreram Peter Collins, Luigi Musso e Stewart Lewis-Evans, em tempos nos quais até colunas de direção tinham furos para serem mais leves.

O peso mínimo foi subindo juntamente com a adoção de medidas para aumentar a segurança dos carros e chegou perto de 600kg no início dos anos 1980, mas abaixou novamente na era turbo, quando os carros voltaram aos 500kg.

As mortes de Senna e Ratzenberger em 1994 são consideradas um marco em termos de aumento da segurança e para que uma série de medidas fosse adotada, fazendo o peso mínimo voltar aos 600kg, algo que se manteve até 2009, quando começou uma sucessão de aumentos relacionados ao uso de energias renováveis e outras mudanças no regulamento até que chegamos aos carros mais pesados da história da F-1 em 2019.

Ainda há muitas discussões sobre a quantidade de peças padronizadas que serão adotadas em 2021 e, ainda que o prazo final para a publicação das regras seja dia 31 de outubro, acredita-se que muitos fatores ainda permanecerão em aberto. Por conta disso, é difícil fechar um número de peso mínimo por enquanto, mas não há dúvida de que serão os carros mais pesados da história.

Beto Fortunato

Jornalista - Diretor de TV - Editor -Cinegrafista - MTB: 44493-SP

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