Esgrimista Bia Bulcão busca vaga em sua segunda Olimpíada
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Esgrimista Bia Bulcão busca vaga em sua segunda Olimpíada
| IDNews | EBC | Agência Brasil | São Paulo | Juliano Justo |Repórter da TV Brasil e da Rádio Nacional
Atleta acaba de voltar dos EUA, país atingido pelo coronavírus
IDN/Esportes
O destino colocou mais um obstáculo na trilha da esgrimista brasileira Ana Beatriz Bulcão, também conhecida como Bia Bulcão. A atleta de 26 anos ainda busca se garantir em sua segunda edição de Jogos Olímpicos (na Rio 2016 ela caiu nas oitavas de final após derrota para a número 2 do ranking, a russa Inna Deriglazova), o coronavírus.
A paulistana estava na Califórnia (Estados Unidos) desde o dia cinco de março para a disputa do Grand Prix de Anaheim. Mas, pela disseminação do vírus, o evento foi cancelado no dia 11 e a brasileira retornou à São Paulo na manhã dessa terça (17).
“Cheguei bem. A viagem foi boa. Segui a orientação do COB para voltar o mais rápido possível, pois a situação estava se agravando. Mas estou bem, sem nenhum sintoma. Não fiz nenhum teste. Não me passaram nenhuma recomendação específica, mas vou seguir as orientações do Ministério da Saúde e ficar em quarentena”.
A atleta narra os momentos vividos nos Estados Unidos e a escalada do vírus nos últimos dias: “Quando cheguei lá, tinham acabo de decretar o estado de emergência na Califórnia. Eu estava em Anaheim. E senti que, aos poucos, o movimento foi diminuindo, as escolas foram fechadas. Eles foram cancelando os eventos esportivos, inclusive jogos da NBA. Depois fecharam os parques da Disney. Acompanhei por lá aquela medida do Donald Trump [presidente dos Estados Unidos] de cancelamento dos voos para a União Europeia. E todo mundo começou a ir embora. Quando saí, a cidade já estava praticamente deserta”.
Mas a peregrinação da esgrimista pelos locais atingidos pelo covid-19 começou um pouco antes. Em setembro do ano passado, ela conquistou o bronze no Pan-americano de Lima no Florete Individual (a primeira medalha individual da história da esgrima feminina brasileira em um pan-americano). No mês seguinte, Bia partiu justamente para o epicentro do covid-19, Wuhan (China).
“Passei vinte dias na Vila Militar treinando para os Jogos Mundiais Militares. Era um local afastado da cidade”, diz. Os primeiros casos do novo coronavírus foram divulgados em dezembro do ano passado justamente em Wuhan.
Depois ela partiu para a Itália, que atualmente é o segundo país mais afetado pelo coronavírus. Frascati Scherma, na região metropolitana de Roma, é o nome da localidade que abriga também uma das melhores academias de esgrima do mundo. Foi para lá que a brasileira partiu logo na sequência.
“Tirei apenas duas semanas de férias em dezembro aqui no Brasil e já retornei para lá em janeiro. Frascati foi a minha ‘casa’ até a primeira semana de março. Quando saí de lá, a situação ainda estava sob controle. O primeiro caso apareceu por lá há três dias”, afirma a atleta.
Passando por China, Itália e Estados Unidos, a esgrimista (atleta do Esporte Clube Pinheiros de São Paulo) está organizando agora a própria quarentena em São Paulo. “O meu clube [Pinheiros] está fechado. Tenho espaço adequado na minha casa para fazer a parte física. Sempre tive esse costume de fazer esses exercícios lá e até algumas coisas de esgrima. Então, acredito que não vai ser uma coisa tão difícil de ser adaptada. Claro que seria melhor manter os meus treinos lá na Itália, até pelo ritmo que estava conquistando. Mas a situação, sem dúvida, é muito crítica. Não tinha o que fazer. As medidas tomadas foram corretas. O atleta tem que se preparar para competir na hora que for chamado, e vou me preparar para estar bem nessa hora”, diz.
O torneio dos Estados Unidos era a última etapa do Grand Prix que valia pontos para o ranking mundial classificatório para os jogos de Tóquio. Bia ainda tem duas chances para conseguir a tão esperada vaga: o ranking mundial (com a data indefinida para o fechamento) e o torneio pré-olímpico mundial (também sem data).
Com as competições suspensas por 30 dias, a própria esgrimista não descarta mudanças no cronograma dos próprios Jogos de Tóquio. “Sinceramente, acho difícil as Olimpíadas acontecerem no período previsto. Aconteceram muitos atrasos em calendários de eventos de diversas modalidades. Tem muita coisa que vale para classificar e que ainda não aconteceu. Vai ficar apertado até para os atletas se prepararem. Para mim, não seria ruim se atrasassem um pouco. Mas, se o calendário for mantido, quero estar pronta”, encerra.
Edição: Fábio Lisboa