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Relações amorosas na internet motivam “Tinderelxs”


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Relações amorosas na internet motivam “Tinderelxs”     
Espetáculo da Semana Luiz Antônio será encenado na frente do Palacete das Rosas, onde acontecia o footing de Araraquara
7:21| 17/06/2016
Artes Cênicas

A Cia. Maizum de Artes Cênicas, de Araraquara, traz para a 28ª Semana Luiz Antônio Martinez Corrêa a intervenção urbana “Tinderelxs”, trazendo à tona uma questão bastante contemporânea: os relacionamentos que acontecem por meio da internet e seus aplicativos.

A intervenção será apresentada neste domingo (19), às 19 horas, em frente ao Palacete das Rosas – local que foi palco, dos anos 40 a 60, do footing dos mocinhos e mocinhas araraquarenses. Vale destacar que “Tinderelxs” é fruto do edital de ocupação da Secretaria Municipal da Cultura e Fundart.

Sob direção de Weber Fonseca, “Tinderelxs” apresenta personagens conectados, em trajes de núpcias, esperando encontrar seus pares. Numa grande cama de gato, perpassam o mito fundador do amor e o mito do amor moderno. Um espetáculo de imagens e corpos que ocupam o espaço urbano e questionam: “como é que se diz ‘eu te amo’?”.

A partir da reflexão sobre as novas formas e possibilidades de relacionamentos amorosos e afetivos na era dos aplicativos, os artistas da companhia se questionam como estas inquietudes podem se transformar em atos performativos e estéticos. Estão em jogo: relações, desejos, sonhos, gêneros e sexualidade.

O elenco – formado por Carol Gierwiatowski, Danilo Forlini, Neila Dória e Renato Alves – convidou o ator Weber Fonseca para assinar a encenação. A partir do mito fundador do amor “Eros e Psiquê”, Weber Fonseca insere os questionamentos da companhia no próprio espaço urbano ocupado e cria analogias com a história do lugar.

A área central – que inclui desde a praça da igreja matriz, passando pelas alamedas do Palacete das Rosas e toda a Esplanada onde hoje se encontra o Paço Municipal – atravessou a década de 40 a 60 do século XX como o espaço do footing: uma prática comum entre os jovens da época para flertarem e se conhecerem.

“Ocupar o espaço urbano é recriar as relações de pertencimento do cidadão com a cidade. E qual o papel da cidade neste mundo contemporâneo onde cada vez mais nos encerramos nas telas digitais: seja para dialogar, comprar, se informar e inclusive namorar”, aponta o diretor.

“São muitos os aplicativos de celulares destinados a ser o cupido tecnológico do século XXI: Tinder, Grindr, Scruff, Down, Happen, We Chat, Date Me, Badoo Flert, Pof, entre outros”, lembra Carol Gierwiatowski. “Do ‘match’ ao ‘bom dia’, na troca de olhares, alguém ainda procura pelo par perfeito? O amor perfeito existe? Ou estamos falando apenas de uma busca?”, completa a atriz.

“É inegável que hoje aplicativos de celulares são responsáveis por muitos dos encontros, enlaces e transas marcadas e consumadas. O usuário escolhe suas melhores fotos, define em poucas linhas, passa por inúmeros perfis buscando aqueles que mais lhe agradam. Diálogos que podem resultar em ‘tudo ou nada’. Encontros que podem render decepção, prazer ou algo pra levar pra vida e não necessariamente o que os envolvidos procuram”, explica o ator Renato Alves. “Na era do amor líquido, há felizes para sempre? Quem ainda busca isso? Afinal, como é que se diz ‘eu te amo’?”, complementa Danilo Forlini.

Em “Tinderelxs”, de acordo com Fonseca, todos estes personagens se conectam numa trama alicerçada pela busca do par ideal. Figuras arquetípicas da contemporaneidade são denominadas conforme suas ações: PsiquEros, Dominatrix, Stalker, Bloody (Bride). “Todos mergulhados em uma grande cama de gato que se estende pelo tecido urbano, expondo as vantagens e desvantagens do amor moderno sem deixar de lado ideais românticos antigos, eles transitam entre diversas possibilidades, entrelaçando suas histórias e casos”.

Neila Dória completa, “a Cinderela perdeu seu sapato e o príncipe nunca mais voltou para calçá-la”. A atriz questiona “qual a representatividade do feminismo que se configura nos dias atuais? Precisamos repensar modelos para uma nova representação do masculino inclusive. No trilhar de amores que aprisionam, as rosas são de papel, de solidão”, alerta.

Em “Tinderelxs”, o “x” assume o papel de todas as vogais e define os muitos gêneros reconhecidos na sexualidade humana. Na montagem as figuras buscam resoluções e seus corpos ocupam o espaço urbano, criando imagens que reproduzem fragmentos de suas experiências e permanecem na mente dos espectadores; suas histórias, narradas em voz, em sons e canções enchem as ruas quebrando a monotonia.

“Tinderelxs” é um espetáculo de criação coletiva, em que o elenco colabora com sua pesquisa acerca de relacionamentos e sua própria bagagem pessoal. São visões diversas que mostram os lados cômico, trágico, solitário, excitante e a fim de estar à procura de alguém ou algo. Como em uma passada rápida por um aplicativo de relacionamentos, o público se identificará com essa galeria de personagens.

Vale destacar que no dia 26 (domingo), o espetáculo será novamente apresentado no mesmo local, com alteração no horário (começará às 20h30). Toda a programação é gratuita. Mais informações: www.araraquara.sp.gov.br .

Beto Fortunato

Jornalista - Diretor de TV - Editor -Cinegrafista - MTB: 44493-SP

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