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Gastronomia & Saúde

A relação entre estresse e compulsão alimentar


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Psicóloga e neuropsicóloga da Clínica Maia, oferece algumas dicas e orientações

Por: Rafael Damas


Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 4,7% da população brasileira sofre com distúrbios alimentares, principalmente jovens mulheres. Um tema que tem sido objeto de estudo e atenção por parte de profissionais da saúde mental. Segundo um levantamento realizado pelo Programa Mental Health, aproximadamente 30% das pessoas que buscam atendimento relatam alterações nos hábitos alimentares decorrentes de sofrimento emocional.

O estresse e a compulsão alimentar estão interligados em uma relação complexa. O estresse é uma resposta natural do organismo a situações desafiadoras ou ameaçadoras. Durante períodos estressantes, nosso corpo libera hormônios, como o cortisol, que podem influenciar o apetite e como nos alimentamos. Algumas pessoas, em vez de reduzirem o apetite quando estão estressadas, acabam recorrendo à comida como forma de aliviar o desconforto emocional, resultando em episódios de compulsão alimentar.

A compulsão alimentar é caracterizada por episódios frequentes em que a pessoa come um excesso de comida em um curto período, mesmo quando não está fisicamente com fome. Esses episódios são geralmente acompanhados de uma sensação de falta de controle e culpa posteriormente. A relação entre estresse e compulsão alimentar pode ser explicada por diferentes fatores.

Para Katherine de Paula Machado, psicóloga e neuropsicóloga da Clínica Maia, um dos principais fatores é o uso da comida como uma forma de autoproteção. “A comida se torna um refúgio temporário, um alívio momentâneo para a ansiedade que nos assombra. No entanto, essa estratégia de “engolir” as emoções não resolvem o problema subjacente, apenas o encobre temporariamente. Em vez de enfrentar e compreender as causas do estresse, ele é afogado em um mar de comida, o que pode levar a um ciclo vicioso de compulsão alimentar e aumento do estresse”.

“Durante momentos de estresse, o ato de comer pode proporcionar uma sensação temporária de conforto e prazer, aliviando temporariamente os sentimentos desagradáveis. Além das questões emocionais, certos alimentos, principalmente aqueles ricos em açúcares e gorduras, podem estimular a liberação de neurotransmissores, como a serotonina, que estão associados ao prazer e ao bem-estar emocional. Essa combinação de fatores torna a comida uma escolha frequente como forma de buscar alívio emocional durante períodos de estresse”, diz.

Além disso, o estresse crônico pode levar a alterações na regulação hormonal do apetite, aumentando a fome e o desejo por alimentos calóricos e pouco saudáveis. O cortisol, conhecido como o hormônio do estresse, pode aumentar a sensação de fome e direcionar a escolha por alimentos ricos em açúcar e gordura. Essa combinação de fatores biológicos e emocionais pode levar a um ciclo vicioso em que o estresse aumenta a compulsão alimentar e a compulsão alimentar, por sua vez, aumenta o estresse.

No entanto, existem estratégias eficazes para lidar com a relação entre estresse e compulsão alimentar. Katherine de Paula Machado, psicóloga e neuropsicóloga da Clínica Maia, oferece algumas dicas e orientações:

Autoconhecimento: Para quebrar esse ciclo, é necessário um processo de autoconsciência e autodescoberta. É fundamental aprender a identificar as emoções que estão por trás do estresse e reconhecer a conexão entre o estresse e a compulsão alimentar. Prestar atenção aos sentimentos e emoções que surgem antes de comer compulsivamente pode ajudar a desenvolver estratégias mais saudáveis para lidar com o estresse. Em vez de “engolir nossas emoções”, devemos aprender a reconhecê-las, nomeá-las e encontrar maneiras saudáveis de expressá-las.

Buscar apoio profissional: A compulsão alimentar pode ter raízes profundas em questões emocionais e psicológicas. Um psicólogo ou terapeuta especializado pode auxiliar na identificação e no tratamento dessas questões, oferecendo suporte emocional e estratégias específicas para lidar com a compulsão alimentar.

Praticar técnicas de relaxamento: Encontrar formas de relaxamento e redução do estresse pode ajudar a diminuir a vontade de recorrer à comida como uma maneira de lidar com as emoções. Técnicas como meditação, respiração profunda, ioga e exercícios de relaxamento podem ser incorporadas à rotina diária para aliviar a tensão emocional e promover uma maior consciência do corpo e da mente.

Adotar uma alimentação equilibrada: Uma alimentação saudável e equilibrada é fundamental para cuidar do corpo e da mente. Optar por refeições nutritivas, ricas em frutas, legumes, proteínas magras e grãos integrais pode fornecer os nutrientes necessários para promover a sensação de saciedade e estabilidade emocional. Evitar dietas restritivas ou extremas é importante para evitar o efeito rebote e o aumento do desejo por alimentos compulsivos.

Estabelecer rotinas e horários regulares: Criar uma rotina alimentar consistente, com horários regulares para as refeições e lanches, pode ajudar a regular o apetite e evitar a compulsão alimentar. Ter um plano alimentar estruturado e seguir um cronograma preestabelecido pode reduzir o estresse associado às escolhas alimentares e proporcionar uma sensação de controle.

Buscar atividades prazerosas: Encontrar atividades prazerosas e gratificantes é uma forma eficaz de lidar com o estresse e evitar a compulsão alimentar. Envolva-se em hobbies, pratique exercícios físicos que você goste, passe tempo com pessoas queridas e dedique momentos para cuidar de si mesmo. Ao investir em momentos de prazer e bem-estar, é possível reduzir a necessidade de recorrer à comida como uma fonte de conforto emocional.

Em suma, a relação entre estresse e compulsão alimentar é complexa e multifacetada. Compreender os fatores emocionais, biológicos e comportamentais envolvidos nesse processo é essencial para buscar estratégias eficazes de enfrentamento.

A busca por apoio profissional, aliada a mudanças no estilo de vida, como a prática de técnicas de relaxamento, uma alimentação equilibrada, a criação de rotinas regulares e a incorporação de atividades prazerosas, pode auxiliar no manejo do estresse e na redução da compulsão alimentar.

“Lembre-se de que cada pessoa é única. O importante é encontrar estratégias que melhor funcionam para você romper com o ciclo da compulsão alimentar e trilhar um caminho de equilíbrio e bem-estar emocional. A jornada pode ser desafiadora, mas os benefícios alcançados serão verdadeiramente transformadores”, conclui a especialista.

| IDNews® |Beto Fortunato | Via NMBR |Brasil|

Beto Fortunato

Jornalista - Diretor de TV - Editor -Cinegrafista - MTB: 44493-SP

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