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Após caçada de mais de um mês, atirador é achado morto na Bélgica


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Após caçada de mais de um mês, atirador é achado morto na Bélgica

O ex-militar havia furtado armas e munição do quartel no dia 17 de maio, ameaçado matar um dos principais virologistas belga e, depois, desaparecido


Após um mês e três dias de intensa caçada, foi encontrado morto neste domingo (20) na Bélgica o instrutor militar de tiro Jürgen Conings, 46. O ex-militar havia furtado armas e munição do quartel no dia 17 de maio, ameaçado matar um dos principais virologistas belga e, depois, desaparecido.

A principal suspeita é que ele tenha se suicidado, segundo o Ministério Público Federal, possibilidade já aventada pela polícia desde o final de maio. Em bilhete à namorada antes de desaparecer, ele escrevera: “Estou me juntando à resistência. Talvez não sobreviva”.

O corpo foi encontrado pelo caçador Leonard Houbenum, que percorria de bicicleta um parque nacional no nordeste da Bélgica, na fronteira com a Holanda. Mais de 350 policiais e soldados, cães de busca, helicópteros e dezenas de veículos militares procuravam Conings nessa região, onde havia sido encontrado seu carro com as armas mais perigosas e uma mochila com munição.

O caçador sentiu um cheiro forte ao passar por uma trilha na manhã deste domingo e voltou à área mais tarde para ver se havia um javali ou um veado mortos.

À mídia local, Houbenum relatou que a pessoa que encontrou morta tinha barba, vestia roupas pretas e levava uma arma de fogo pequena, outra mais potente, um machado, um canivete e munição.
Equipes da Polícia Federal cercaram o local à espera de um legista e do esquadrão antibomba, já que havia o temor de que o ex-soldado pudesse ter montado uma armadilha.

Especialista em “camuflagem e pontaria”, no dia em que desapareceu o ex-soldado montara uma emboscada para Marc van Ranst, um dos principais virologistas do país e o mais popular, com aparições frequentes em programas de rádio e TV.

Em uma mensagem deixada no quartel, de onde retirou um “pequeno arsenal”, segundo a polícia, ele escreveu: “Não consigo conviver com as mentiras de quem decide como devemos viver. A chamada elite política e agora também os virologistas decidem como você e eu devemos viver. Eles semeiam ódio e frustração, piores do que já eram”.
Conings ficou por três horas à espera de Van Ranst na rua em que mora o virologista, mas, por sorte, ele havia voltado mais cedo do trabalho naquele dia e já estava em casa com a mulher e o filho de 12 anos. Desde então, a família vive em um esconderijo vigiado por agentes de segurança.

O corpo do ex-soldado foi encontrado no dia do aniversário de 56 anos do virologista. Após a notícia, Van Ranst escreveu em rede social que seus pensamentos estavam com a família de Jürgen Conings. “Isso para eles é uma notícia especialmente triste, porque perderam um pai, um membro da família ou um amigo.”

Ainda não é certeza que ele poderá deixar o esconderijo, já que foi alvo de outras ameaças recentemente: desde o começo da pandemia, ele afirma combater “as duas doenças da Bélgica: o coronavírus e a extrema direita flamenga”.

Na lista antiterrorismo da polícia belga, Conings era descrito como “extremista potencialmente violento, com visões extremistas, que tem a intenção de usar a violência, mas ainda não tomou medidas concretas para fazê-lo”. O ex-soldado havia sido filiado ao partido de ultradireita Vlaams Belang, que atribui a virologistas a responsabilidade por restrições impostas para conter o coronavírus, vistas como violação de suas liberdades.

O Vlaams Belang, por sua vez, disse não ter ligação com as ações de Conings nem responsabilidade por elas, mas endossou seu “estado de espírito”. Durante a caçada pelo ex-soldado, o presidente do partido, Tom van Grieken, afirmou: “Os atos que Conings quer cometer são repreensíveis, mas a sensação de mal-estar que ele descreve é generalizada”.

Apesar do alívio com o fim da caçada policial, o Ministério da Defesa belga ainda terá que responder como um homem já identificado como perigoso foi capaz de retirar do depósito do quartel um lançador de foguetes, uma submetralhadora P90 –arma leve semiautomática que pode perfurar coletes à prova de balas, segundo o Exército belga– e uma pistola 5.7 mm, além de “munição suficiente para uma pequena guerra”.

Países europeus têm alertado para o crescimento da extrema direita dentro das Forças Armadas, documentado em relatórios recentes na Alemanha e no Reino Unido.

Uma primeira investigação interna apontou falhas estruturais, e um comitê especial de investigação deve apresentar relatório no final deste mês. A ministra da Defesa belga, Ludivine Dedonder, disse que estava implantando medidas para “lutar contra a ideologia extremista dentro da Defesa” e evitar incidentes semelhantes no futuro.

O Ministério Público Federal também vai apurar as causas da morte de Conings —familiares afirmaram duvidar da hipótese de suicídio e acreditar que ele tenha sido morto pelas tropas de busca, numa operação que, até a semana passada, já tinha consumido 650 mil euros (quase R$ 4 mi).

| IDNews® | Folhapress | Via NMBR |Brasil

Beto Fortunato

Jornalista - Diretor de TV - Editor -Cinegrafista - MTB: 44493-SP

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