Após exame de DNA, PMs viram suspeitos de morte de jovem com deficiência
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Marcelo Melo Machado, que tinha esquizofrenia, foi visto com vida pela última vez sob custódia dos agentes, há quase dois meses
Um soldado e um sargento da PM (Polícia Militar) são investigados pela morte de um homem de 25 anos na região de São Luís (MA). Marcelo Melo Machado, que tinha esquizofrenia, foi visto com vida pela última vez sob custódia dos agentes, há quase dois meses, e era dado como desaparecido. No último dia 29, porém, um exame de DNA confirmou que era de Marcelo um cadáver encontrado um mês depois do sumiço.
Um vídeo gravado no dia 6 de setembro mostra o jovem em pé, com as mãos amarradas, ao lado de uma viatura da PM e os dois agentes: o sargento Luís Magno da Silva e o soldado Giovani dos Santos Silva. Os policiais alegaram em depoimento que não colocaram o jovem no veículo naquele dia.
Marcelo era morador do bairro Anjo da Guarda, na periferia de São Luís. Segundo a família, sofria de esquizofrenia desde criança, não era agressivo e era querido pelos moradores. No dia 6 de setembro, ao sair de casa, ele se perdeu e foi parar em Paço do Lumiar, cidade da região metropolitana da capital maranhense, a 30 km de onde morava.
Ali, o jovem teria sido confundido com um usuário de drogas acusado de invadir residências e acabou amarrado a um poste por moradores, que chamaram a polícia. A ocorrência foi atendida pelo sargento e o soldado, que a partir de agora entram na mira das investigações. Depois do episódio, Marcelo não foi mais visto.
“A gente passou três dias procurando ele. Colocamos cartaz de desaparecido e divulgamos na imprensa. Foi aí que uma pessoa lá da Pindoba me informou que ele tinha sido encontrado e levado por policiais. Me enviaram uma foto e também o vídeo que aparece ele perto da viatura, e que os policiais não sabiam que foram filmados”, afirmou Miriam Costa Melo, mãe de Marcelo, à reportagem.
O vídeo mostra Marcelo em pé, com as mãos amarradas para trás, conversando com os policiais ao lado da viatura com o fundo aberto. Em depoimento, os militares disseram que não levaram Marcelo porque o jovem foi deixado na região, com duas pessoas que seriam conhecidas dele. Estas pessoas, porém não foram encontradas até o momento.
“Os dois policiais militares apresentaram três testemunhas que disseram ter visto Marcelo andando nas ruas, depois de serem deixados pela viatura. Só que são testemunhas dos investigados, né? É preciso desconfiar porque podem ser álibis”, explicou o delegado Marconi Matos, que investiga o caso.
Com a repercussão do caso, os militares foram afastados das funções pelo Comando da PM. O motivo não foi o desaparecimento de Marcelo, mas o fato de os policiais não terem levado o jovem até uma delegacia, o que é o procedimento padrão.
REVIRAVOLTA
Marcelo esteve desaparecido por mais de um mês e os policiais eram tratados apenas como testemunhas porque não havia provas de crime. No dia 8 de outubro, contudo, um cadáver em estado avançado de decomposição foi encontrado em um matagal em São José de Ribamar, também na região de São Luís. Próximo ao corpo havia roupas semelhantes às que o jovem usava no dia em que desapareceu.
Nesta sexta (29), o Instituto de Criminalística confirmou, por meio de um exame de DNA, que era o corpo de Marcelo Melo. Hoje, a Polícia Civil declarou que os dois policiais agora são oficialmente os principais suspeitos de um possível homicídio contra o jovem.
“Agora eles não são mais testemunhas, mas investigados, afinal, foram os últimos que temos provas que estavam com ele. Mas seguimos investigando e agora falta o resultado do exame que deve detectar a causa da morte”, disse o delegado Matos.
Além do sargento Luís e do soldado Giovani, outros dois PMs que coordenaram a ocorrência à distância, via Centro de Operação da Polícia (CIOPS), também foram indiciados porque teriam que acompanhar o caso até Marcelo ser levado a uma delegacia. Os nomes deles não foram informados.
“A gente está sofrendo muito com tudo o que aconteceu. Fizeram uma barbaridade com meu filho. Agora, só esperamos que a justiça seja feita”, finalizou Miriam. A reportagem tenta contato com as defesas do sargento Luís e do soldado Giovani, mas não teve resposta até a publicação da reportagem.
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