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Até merenda escolar teve carne adulterada, aponta Polícia Federal


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Até merenda escolar teve carne adulterada, aponta Polícia Federal
Estudantes comeram salsicha de peru, na prática, sem carne

17MAR2017|11:24 – Polícia Federal – Carne Fraca

Até mesmo a merenda escolar de estudantes da rede estadual do Paraná recebeu carne adulterada investigada na Operação Carne Fraca, deflagrada nesta sexta (17) pela Polícia Federal.

Os estudantes comeram salsicha de peru, na prática, sem carne, com substituição por proteína de soja, fécula de mandioca e carne de frango.

Foi com esse contrato, cujas suspeitas foram encaminhadas por um servidor do Ministério da Agricultura à PF, que começou a investigação.

Ao longo de dois anos de apuração, a PF identificou carnes adulteradas, com prazo de validade vencido e maquiadas com produtos proibidos por lei, em gôndolas de supermercados.

Entre os frigoríficos investigados, estão algumas das maiores empresas do setor, como BRF e JBS, além de outras pequenas indústrias que são suas fornecedoras.A liberação da carne adulterada foi feita por fiscais do Ministério da Agricultura, que recebiam propina dos frigoríficos para afrouxar a fiscalização.

Produtos vencidos e estragados eram tratados com ácido ascórbico, um produto potencialmente cancerígeno, e tinham os rótulos trocados.

“Inúmeras crianças de escolas públicas estaduais do Paraná estão se alimentando de merendas compostas por produtos vencidos, estragados e muitas vezes até cancerígenos para atender o interesse econômico desta poderosa organização criminosa”, escreveu o delegado Maurício Moscardi Grillo.

CORRUPTORES

A maior parte dos frigoríficos, segundo a PF, atuava de forma ativa para se beneficiar do esquema de corrupção.

“Não havia extorsão, mas sim benefício”, diz Moscardi. “Os empresários incentivavam e articulavam vantagens para a empresa, de forma a burlar a lei. Eram corruptores, e não extorquidos.”

Por meio do pagamento de propinas, os frigoríficos conseguiam a transferência de fiscais considerados “capetas”, que não aliviavam as fiscalizações, a liberação de plantas com ocorrências de salmonella e outras irregularidades, além da autorização da venda de produtos maquiados.

O dinheiro dado aos fiscais era entregue dentro de isopores, por transferências bancárias em nome de terceiros ou até em picanhas e outras carnes nobres.

OUTRO LADO

A JBS, por meio de sua assessoria, afirma em nota que a empresa “e suas subsidiárias atuam em absoluto cumprimento de todas as normas regulatórias em relação à produção e a comercialização de alimentos no país e no exterior e apoia as ações que visam punir o descumprimento de tais normas”.

“A Companhia repudia veementemente qualquer adoção de práticas relacionadas à adulteração de produtos -seja na produção e/ou comercialização- e se mantém à disposição das autoridades com o melhor interesse em contribuir com o esclarecimento dos fatos”, diz a nota.

A reportagem entrou em contato com a BRF, o frigorífico Peccin e o Ministério da Agricultura, mas não obteve resposta. Com informações da Folhapress.

Beto Fortunato

Jornalista - Diretor de TV - Editor -Cinegrafista - MTB: 44493-SP

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