Bolsonaro defende corte de compra de cargueiros pela FAB e faz aceno a Embraer
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A queda de braço se originou com a decisão da Força Aérea de cortar de 28 para 15 o número de unidades do cargueiro que pretende adquirir, citando restrições orçamentárias
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) defendeu neste sábado (13) a decisão da Aeronáutica de reduzir a compra de cargueiros militares KC-390 da Embraer.
“Conversei com o comandante da FAB, brigadeiro [Carlos de Almeida] Baptista. Não tem como comprar tudo aquilo. Temos que ter uma frota que possamos manter operacional”, afirmou Bolsonaro, durante visita a Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
A queda de braço se originou com a decisão da Força Aérea de cortar de 28 para 15 o número de unidades do cargueiro que pretende adquirir, citando restrições orçamentárias.
Bolsonaro corroborou essa justificativa, dizendo que os recursos públicos são limitados.
“Você não pode comprar um avião como compra um carro, que muitas vezes bota na garagem. O avião tem que se movimentar, e isso custa caro. O orçamento da Força Aérea está apertado”, declarou o presidente.
Segundo ele, ao contrário do que diz a Embraer, não há quebra de contrato, mas uma tentativa de acordo. “Não estamos rompendo contrato, estamos buscando uma negociação com bastante antecedência”, declarou.
Coincidentemente, um dos pontos altos da visita que Bolsonaro faz a Dubai é a sua participação na abertura de uma feira do setor aéreo neste domingo (14), em que está prevista uma visita ao estande da Embraer.
Talvez por isso, o presidente tenha procurado fazer diversos gestos em direção à empresa, que já foi estatal e tem ligação histórica com a Aeronáutica.
Para Bolsonaro, é precipitado falar em uma crise de imagem para a empresa aeronáutica, que teme que a restrição da força aérea de seu próprio país em adquirir unidades do cargueiro impacte negócios com outros governos pelo mundo.
“Não tem problema de imagem, a Embraer é uma potência, uma coisa fantástica. A Embraer está em vários países do mundo, então mercado não falta”, afirmou.
Ele revelou que na conversa que teve nesse sábado com o emir de Dubai, Mohammed bin Rashid Al Maktoum, ele manifestou interesse em adquirir algumas unidades do cargueiro, embora não tenha dito quantas.
Estão ainda previstos alguns gestos do presidente para prestigiar o cargueiro e a empresa.
Uma ideia era que Bolsonaro pousasse com o cargueiro em Dubai, mas o plano não foi adiante, disse o próprio presidente. Ele não explicou os motivos da desistência.
Outra ação, que ainda está mantida, é Bolsonaro saltar de para-quedas de dentro do cargueiro sobre o lago Paranoá, em Brasília. O presidente era da brigada para-quedista no Exército. Ele disse que ainda não há data para isso, e que está numa “queda de braço” com a Defesa para que seja autorizado a pular com segurança.
Em entrevista aos jornalistas, Bolsonaro também voltou a defender a PEC (proposta de emenda à Constituição) dos Precatórios, que dá calote em dívidas judiciais da União e dribla o teto de gastos. O objetivo é abrir espaço fiscal para poder pagar o novo Auxílio Brasil, programa substituto do Bolsa Família, de ao menos R$ 400.
“Tem dívida que vem do tempo do governo Fernando Henrique [1995-2002]. Essas dívidas acumuladas de repente o STF [Supremo Tribunal Federal] fala que o Bolsonaro tem que pagar. É o povo que paga. A gente não tem como pagar R$ 90 bi no ano que vem, dentro do teto, porque ia parar tudo no Brasil”, declarou.
Ele disse que todas as dívidas até R$ 600 mil serão pagas, e criticou partidos de esquerda por dizerem que a decisão vai prejudicar idosos.
Bolsonaro também admitiu que a emenda, já aprovada na Câmara, tem caminho mais difícil no Senado. “É mais difícil no Senado. A gente trabalha para aprovar, o único voto em que mando lá é o do Flávio [Bolsonaro, seu filho]”.
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