Bolsonaro usa palavrão para atacar antecessores e diz que não errou na pandemia
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Em discurso para uma plateia formada por apoiadores e aliados políticos, Bolsonaro não poupou críticas a antecessores no cargo, sem mencionar nomes de ex-presidentes
O presidente Jair Bolsonaro (PL) usou, nesta quarta-feira (9), palavrão para criticar antecessores no cargo durante visita ao interior do Rio Grande do Norte.
Em discurso para uma plateia formada por apoiadores e aliados políticos, Bolsonaro não poupou críticas a antecessores no cargo, sem mencionar nomes de ex-presidentes.
“Durante a transição após as eleições (de 2018) em Brasília, estávamos conversando com o que estava acontecendo com o governo anterior e como estava o governo, descobrimos que a Funai tinha um contato de 50 milhões de reais para ensinar o índio a mexer com Bitcoin. Ah, vá para a puta que pariu, porra. Desculpe o palavrão aqui”, disse Bolsonaro.
O presidente também alfinetou governos petistas e elencou escândalos de corrupção durante a era PT.
Nesta semana, Bolsonaro tem feito uma ofensiva de quatro visitas ao Nordeste, considerado reduto político do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), principal adversário do presidente na corrida eleitoral de 2022.
As falas foram proferidas durante visita à barragem de Oiticica, em Jucurutu (RN). Na cidade, o presidente também assinou ordem de serviço para uma segunda etapa de pavimentações.
O chefe do Executivo também defendeu a condução do governo federal na pandemia e disse que não cometeu erros em meio à crise sanitária.
“A política do fica em casa, lockdown e toque de recolher, foi desumana. Levou a mortes, desemprego, muita gente foi para depressão e para o desespero. Não errei nenhuma durante a pandemia, fui atacado covardemente o tempo todo, mas a decisão de conduzir a questão da pandemia, segundo decisão do STF, foi para governadores e prefeitos”, disse Bolsonaro.
Apesar de ter definido que estados e municípios tinham autonomia para implantar medidas para combater o coronavírus, o Supremo Tribunal Federal não retirou poderes do governo federal para o enfrentamento à crise sanitária.
Bolsonaro, no entanto, costuma criticar a decisão da Suprema Corte em meio à tensão institucional do Palácio do Planalto com o Judiciário.
“Muitos (prefeitos e governadores) erraram na tentativa de fazer a coisa certa, agora está na hora de reconhecer o que não deu certo, que o vírus ainda é uma questão desconhecida por nós”, disse Bolsonaro em discurso.
Bolsonaro iniciou nesta terça uma série de quatro visitas ao Nordeste, reduto político do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
No périplo, o chefe do Executivo foca as obras de segurança hídrica e busca atenuar a rejeição ao governo na região, a que mais rejeita a gestão Bolsonaro.
Nas primeiras semanas deste ano eleitoral, Bolsonaro tem intensificado as agendas externas ao Palácio do Planalto -antes, já passou por estados de Norte e Sudeste.
Na terça, o presidente passou por Salgueiro, em Pernambuco, e por Jati, no Ceará.
Ainda no estado potiguar, Bolsonaro participa da chegada das águas do rio São Francisco ao Rio Grande do Norte, em Jardim de Piranhas.
Após participar de uma série de motociatas em 2021, o presidente desta vez deve participar de uma jeguiata no Rio Grande do Norte.
Obra estudada para execução por Dom Pedro 2º, no Brasil Imperial de dois séculos atrás, a transposição foi iniciada em 2007, durante o segundo mandato de Lula.
A previsão inicial de conclusão era 2012, mas o prazo não foi cumprido. Passou por diversas prorrogações, com a primeira etapa sendo inaugurada somente em 2017, por Michel Temer (MDB).
O custo das obras também não ficou estático e saltou de R$ 4,5 bilhões para R$ 12 bilhões. Ao todo, são 477 km de canais de água.
Quando todas as estruturas e sistemas complementares nos estados estiverem em operação, cerca de 12 milhões de pessoas em 390 municípios de Pernambuco, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte serão beneficiadas.
A transposição é apontada como diretriz para revitalização econômica do Nordeste pelo fato de ser a maior obra hídrica do país.
A paternidade da transposição do São Francisco é disputada por diferentes atores da política nacional. O embate mais recente começou quando Temer inaugurou um trecho da obra durante o seu governo, provocando reação dos petistas Lula e Dilma Rousseff.
Jair Bolsonaro, por sua vez, faz críticas aos ex-presidentes petistas por não terem concluído as obras da transposição.
O atual presidente alega em discursos que, mais importante que anunciar novas obras, é concluí-las. Já os adversários dizem que o presidente não tem agenda própria e usa a sobra de ativos dos governos anteriores.
A construção de obras para amenizar os efeitos da seca na região Nordeste deverá ser tema da campanha eleitoral deste ano.
O PT aposta no seu tradicional reduto político para ampliar as bancadas no Congresso Nacional, enquanto aliados do presidente Bolsonaro procuram diminuir as resistências do eleitorado nordestino ao mandatário.
A visita de Bolsonaro ao Nordeste começa cinco dias depois de ele ter se referido aos nordestinos como “pau de arara”. A expressão depreciativa foi usada pelo presidente após confundir a origem do Padre Cícero e pedir a auxiliares para confirmarem o estado natal do religioso.
“De que cidade fica lá?”, questionou o presidente a assessores que estavam na sala de transmissão. “Está cheio de pau de arara aqui e não sabem que cidade fica padre Cícero?”
Após o término da visita ao Rio Grande do Norte, Bolsonaro deverá participar de um passeio sobre jegues com apoiadores políticos. O movimento está sendo articulado pelas redes sociais de grupos bolsonaristas.
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