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Chance de neve movimenta o turismo em cidades do Sul


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Segundo estimativa do município com base na movimentação de pedágios e dados da rede hoteleira em anos anteriores, a mera menção da palavra “neve” no noticiário aumenta em 25% a circulação de turistas na cidade.


A frase de Rosa Helena Volk, secretária de Turismo de Gramado (RS), resume o sentimento do setor com a chegada à região de uma massa de ar polar, com chances de neve. “Quanto mais frio, mais quente fica para a gente”, diz Rosa, que também é presidente da Gramadotur, autarquia responsável pela realização de eventos na cidade.

Segundo estimativa do município com base na movimentação de pedágios e dados da rede hoteleira em anos anteriores, a mera menção da palavra “neve” no noticiário aumenta em 25% a circulação de turistas na cidade.

É com essa expectativa que cidades do Sul aguardam a onda de frio, que deve chegar nos próximos dias aos estados da região. Com temperaturas próximas de zero, hotéis e pousadas já estão com vagas quase esgotadas.

O frio é um dos principais atrativos do turismo local, que recebe visitantes de todo o país. Todos na esperança de ver neve, que poderá cair entre a segunda (16) e a terça terça-feira (17), no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, de acordo com o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia).

As baixas temperaturas deixarão os dias secos e frios, com sol e poucas nuvens. Isso se deve a uma intensa massa de ar polar vinda da Antártida e à passagem de um ciclone extratropical, que atingem toda a região sul do Brasil.

Na Região das Hortênsias –que abrange Gramado, Canela, Nova Petrópolis e São Francisco de Paula–, a previsão do Inmet é de chance de neve na segunda-feira, quando os termômetros deverão oscilar entre 5°C e 12°C.

A secretária Rosa Volk afirma que Gramado, onde estão 21 mil dos cerca de 30 mil leitos de hospedagem da região, tem capacidade para administrar o súbito aumento de demanda.

“Não é à toa que, passados meses do ponto mais crítico da pandemia, tenhamos recebido 2,5 milhões de pessoas no Natal Luz de 2021. A cidade consegue administrar bem 30 mil pessoas por dia nos finais de semana do inverno”, diz.

De acordo com o Sindtur (Sindicato da Hotelaria, Restaurantes, Bares, Parques, Museus e Similares da Região das Hortênsias), o setor trabalha com a chance de aumentos repentinos de demanda em 8 dos 12 meses do ano.

“Nesta semana, nosso hotel está lotado. Observamos que a lotação começa no centro da cidade e se expande em direção aos municípios satélites. Dificilmente ela [a demanda] deixa de ser absorvida”, afirma Fabiano Cailon, do Hotel Bertoluci, um dos mais de 50 filiados ao Sindtur.

O mesmo fenômeno ocorre em Bento Gonçalves, na serra gaúcha. Com expectativa de lotação dos 3,5 mil leitos da cidade, acabam se beneficiando hotéis de municípios vizinhos como Garibaldi, Monte Belo, Farroupilha e até Caxias do Sul.

“Embora fique a uma hora [de distância] de Bento, as pessoas chegam a se hospedar em Caxias e pegam um transfer em direção à região das vinícolas”, conta Rodrigo Parisotto, secretário de Turismo de Bento Gonçalves.

Segundo a Abrasel Hortênsias (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes – Região das Hortênsias), restaurantes e bares da região também se beneficiam e se preparam para o aumento do movimento. Não só dentro, mas também fora dos estabelecimentos.

“Os restaurantes contratam funcionários temporários conforme a previsão meteorológica dos dias seguintes. É interessante que muitos colocam venda de chocolate quente e quentão em carrinhos do lado de fora do estabelecimento. A ideia é justamente curtir o frio pelas ruas até o anoitecer”, diz Jéssica Pìffer, executiva da Abrasel.

Em Santa Catarina, a temperatura pode chegar a 2°C, com sensação térmica de -2°C. A previsão do Ciram (Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de SC) é de condições favoráveis para chuva congelada e neve no extremo oeste e no planalto sul do Estado.

Somente após 23 de maio é que as temperaturas devem voltar a subir gradativamente em Santa Catarina, com possibilidade de chuvas isoladas no litoral e no Vale do Itajaí, aponta o Ciram.

Em São Joaquim, uma das cidades mais fria da serra catarinense, hotéis e pousadas já estão com 95% das vagas ocupadas –são mil leitos na rede hoteleira e outros 800 em hospedagens alternativas. O valor das diárias sobe neste período de alta demanda e custa, em média, R$ 180 por pessoa.

“Muitos turistas vêm só para passar o dia e aproveitar também nossas 20 vinícolas”, diz Marcelo Di Jura, turismólogo da Secretaria Municipal de Turismo.

O setor é uma das principais fontes de renda e emprego na região. As serras do Rio do Rastro e do Corvo Branco também atraem visitantes a Santa Catarina, especialmente neste período gelado, quando até a água das cachoeiras pode congelar.

Na cidade vizinha de Urupema, que tem apenas 2.500 habitantes, o turismo é um incremento à economia local. “Movimenta o comércio e valoriza os terrenos, pois recebemos muitas pessoas dos grandes centros em busca do contato com a natureza, observação de pássaros e, claro, a neve “, afirma o secretário de Turismo de Urupema, Antenor Arruda.

Aos turistas são ofertadas 250 vagas em dois hotéis e 23 pousadas, além de quartos alugados pelos próprios moradores, quando a troca de experiências e culturas se soma à viagem. “As pessoas ouvem falar da neve e já ficam loucas para ver, pois é lindo mesmo.”
“Em dezembro, fomos legalmente reconhecidos como a Capital Nacional do Frio”, lembra Arruda.

| IDNews® | Folhapress | Via NMBR |Brasil

Beto Fortunato

Jornalista - Diretor de TV - Editor -Cinegrafista - MTB: 44493-SP

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