Chuvas no Acre deixam um morto, 19 mil fora de casa e isolam cidade
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As tempestades também deixaram isolada a cidade de Brasiléia, na fronteira com a Bolívia
As inundações em rios e igarapés provocadas pelas fortes chuvas que atingem o Acre já causaram uma morte e obrigaram mais de 19 mil pessoas a deixarem suas casas, além de terem deixado ao menos 23 aldeias indígenas debaixo d’água.
As tempestades também deixaram isolada a cidade de Brasiléia, na fronteira com a Bolívia –a única ligação dela com o restante do país foi tomada pela água.
Segundo informações do Corpo de Bombeiros, o morto foi identificado como Elias Lima de Souza, 30. Ele teria nadado no igarapé São Francisco, em Rio Branco, no domingo (25), e foi levado pela força das águas. O corpo foi encontrado nesta quarta (28).
Dos 22 municípios do estado, 17 tiveram decretada situação de emergência, condição já reconhecida pela Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil.
O balanço desta quinta (29) do governo do estado aponta para 5.617 desabrigados e 13.555 desalojados, somando 19.172 atingidos em 11 cidades onde a situação é mais crítica, conforme o governo.
O Corpo de Bombeiros pediu nesta quarta (28) que proprietários de pequenas embarcações atuem como voluntários no atendimento à população. A previsão é de mais chuvas no estado nos próximos dias.
Entre os municípios mais afetados estão Jordão, próximo à fronteira com o Peru, que contabiliza 3.767 desabrigados e desalojados, e a capital Rio Branco, com total de 1.808 atingidos.
O rio Acre, que corta a capital, atingiu nesta quinta 16,82 metros, acima da cota de transbordo, que é de 14 metros.
Em Brasiléia, também cortada pelo rio Acre, o curso d’água atingiu nesta quarta (28) 15,58 metros, ultrapassando a cheia histórica de 2015, quando atingiu a marca de 15,55 metros. A cidade está isolada do restante do país após a ponte José Augusto ser coberta pelas águas.
A subida do rio também cortou a ligação, feita por uma avenida, do bairro Leonardo Barbosa com o restante da cidade. Os moradores, incluída uma comunidade indígena, foram retirados.
O bairro fica nas margens brasileiras do curso d’água, que serpenteia na região e passa nos dois lados da avenida. Do outro lado do rio está a cidade boliviana de Cobija.
A prefeitura de Brasiléia agora aguarda as águas baixarem para saber se a ligação do bairro com a cidade permanece ou se foi destruída pela água.
INDÍGENAS
O Governo do Acre afirma, citando dados do Dsei (Distrito Sanitário Especial Indígena) Alto Rio Purus, que 23 aldeias indígenas foram afetadas pela cheia dos rios Iaco e Purus e de igarapés da região. São 395 famílias atingidas das etnias jaminawa, kaxarari, huni kui e manchineri.
A Opirj (Organização dos Povos Indígenas do Rio Juruá) diz que a situação é tensa, com comunidades enfrentando enchentes devastadoras devido a um período prolongado de chuvas intensas. Existe a preocupação com o avanço das águas, colocando em risco a vida, a segurança e a subsistência de centenas de famílias.
A situação mais crítica às margens do Juruá é verificada na aldeia Apiwtxa, na Terra Indígena Kampa do Rio Amônia, em Marechal Thaumaturgo, próximo à fronteira com o Peru. Famílias que vivem na aldeia já foram transferidas para áreas mais seguras.
IDNews® | Folhapress | Beto Fortunato |Via NBR | Brasil