Cientistas criam espuma biodegradável capaz de curar feridas na pele
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A vantagem, segundo os cientistas, é que a nova tecnologia é mais barata do que o tratamento considerado “padrão-ouro” atualmente.
Pesquisadores desenvolveram um tipo de curativo biodegradável para tratar feridas na pele que teve sucesso em interromper o processo inflamatório e melhorou a irrigação sanguínea em comparação aos tratamentos convencionais disponíveis.
A vantagem, segundo os cientistas, é que a nova tecnologia é mais barata do que o tratamento considerado “padrão-ouro” atualmente.
De acordo com eles, o curativo, que é feito de uma espuma biodegradável absorvente, teve uma performance que resultou em uma recuperação maior da pele no período de até 24 dias em relação a outros dois curativos já existentes.
O produto foi testado na pele de porcos, mas os cientistas acreditam que os resultados promissores indicam que a eficácia deve ser boa quando ele for testado em humanos.
A descoberta foi publicada no último mês na revista científica especializada Science Translational Medicine. O estudo é fruto de uma parceria de pesquisadores de diversos institutos da Universidade Vanderbilt, no estado americano do Tennessee.
De acordo com os cientistas, os tratamentos existentes para curar ferimentos crônicos possuem limitações, como não atuar no processo de resposta imune ou liberar fragmentos na pele que aumentam a acidificação das células e acabam gerando um processo inflamatório.
Há oito anos, os engenheiros do universidade americana criaram uma espuma porosa feita de material derivado do poliuretano, que é biodegradável e absorvido totalmente pela pele durante o processo de cicatrização.
No experimento realizado em modelos animais, os cientistas testaram quatro tipos distintos de espuma com níveis variados de hidrofilia (paixão pela água, isto é, ela puxa a água, em vez de repeli-la). Como os demais curativos existentes são hidrofóbicos (repelem a água), os pesquisadores queriam testar qual o papel da água no processo de recuperação de uma ferida.
Primeiro, eles viram que as feridas crônicas possuem uma alta concentração de chamados elementos de oxigênio reativo (ROS, na sigla em inglês), que são liberados no processo de degradação celular durante a necrose e inflamação da pele.
Essa liberação de oxigênio retarda o processo de cura e danifica as células adjacentes. Os pesquisadores viram então que o curativo reage diretamente com esses elementos fazendo a sua remoção, além de proporcionar o crescimento de células novas “limpas” e eliminar toxinas celulares liberadas pela atividade de necrose do tecido, possuindo assim propriedades regenerativas.
Segundo Craig Duvall, bioengenheiro da Universidade Vanderbilt e autor correspondente do estudo, as espumas criadas em seu laboratório permitem que as células da ferida cresçam na espuma e sofram degradação, enquanto reagem com os ROS devido à sua afinidade por água.
“Quando o curativo reage com os ROS presentes no tecido, reduz a concentração desses elementos nas feridas, diminuindo o estresse oxidativo. Quanto mais hidrofílicos são os materiais, mais reativos eles são com esses elementos, isto é, acaba tendo propriedade antioxidativa”, explicou.
Com o tempo, o curativo é degradado e o tecido regenerado substitui totalmente aquele danificado, completou ele. O uso desse curativo, porém, será limitado para ambiente hospitalar com atenção de um médico ou profissional da saúde.
De acordo com a pesquisa, doenças crônicas que causam feridas na pele, como diabetes, obesidade e doenças vasculares, possuem custo anual nos Estados Unidos de mais de US$ 96 bilhões (cerca de R$ 500 bilhões). Aproximadamente 4,5 milhões de pessoas são atendidas todos os anos no país com ferimentos crônicos ou causados por acidentes e queimaduras, que necessitam de um longo tempo de recuperação.
Os curativos já disponíveis são feitos de materiais com colágeno ou poliéster. No caso do primeiro, considerado “padrão-ouro”, o principal problema, além do custo elevado de US$ 3.885 (R$ 18.742) por um pedaço de 129 cm2, é que eles não oferecem uma resposta imunológica no local. No segundo caso, apesar do custo menor, de cerca de US$ 850 (cerca de R$ 4.100), eles são quebrados em moléculas pequenas no interior da pele que podem aumentar o pH celular e piorar o processo inflamatório.
Duvall afirma que o novo curativo pode ser manufaturado em larga escala, com custo similar ao do material de poliéster. “Vamos continuar refinando o produto para ter a melhor eficácia possível e esperamos começar em breve testes em humanos”, disse.
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