Com famosos no alto escalão, bancos apostam em novo público
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Com famosos no alto escalão, bancos apostam em novo público
Anitta, Taís Araújo e Manu Gavassi são algumas das celebridade que embarcaram nesta tendência
As instituições financeiras embarcaram na tendência de incluir celebridades em nos seus cargos de alto escalão, movimento que vinha sendo visto em outros setores.
O primeiro do segmento a entrar para a dança foi o Nubank, que na última segunda-feira (21) anunciou a cantora Anitta como a mais nova integrante de seu conselho de administração. Em seguida, na terça-feira (22), foi a vez do Banco BV, que anunciou a atriz Taís Araújo como embaixadora e nova colaboradora da instituição por três anos.
O movimento, que desde o ano passado já era visto em grandes empresas do varejo -como a contratação da cantora Iza como diretora criativa pela Olympikus ou da atriz e cantora Manu Gavassi como chefe de conteúdo pela marca de gim Tanqueray-, tende a trazer mudanças no sistema financeiro.
“Banco sempre foi considerado elitista no Brasil. Essas contratações vão na mão contrária a essa ideia, e mais do que uma estratégia de marca, foi uma estratégia de posicionamento. Essas instituições querem se aproximar do público e isso tende a se refletir nos produtos e serviços, com juros melhores e produtos mais diversificados e personalizáveis”, afirmou o economista-chefe da G11 Finance e professor do Mackenzie, Hugo Garbe.
Parte dessa mudança, segundo os especialistas e executivos de mercado ouvidos pela jornal Folha de S.Paulo, já começa pela representatividade dessas personalidades.
Para o professor da ESPM Fábio Mariano Borges, o movimento leva voz a um grupo da população que normalmente é excluído do sistema financeiro.
“A Anitta não é somente uma celebridade. Ela é uma mulher que nasceu na periferia e cujo principal sucesso não vem da elite social. Isso é incluir diversidade em um grupo considerado majoritariamente dominado por homens brancos, heteronormativos, com idade avançada e vida sofisticada que entende de business [negócio], mas não entende de pessoas”, disse Borges.
Em nota divulgada pelo Nubank, a cantora defendeu o acesso de todos ao mercado. “É muito chato e constrangedor não conseguir ter acesso a produtos financeiros. Muita gente na América Latina sempre viveu de emprego informal. Como essas pessoas vão ter histórico de crédito?”, disse Anitta.
Henrique Castiglione, sócio e diretor comercial da EWZ Capital, vê a cantora impulsionando a base de clientes do Nubank por ser uma mulher que representa diversas causas, como o empoderamento feminino e os direitos LGBTQIA+, e se comunica com o mesmo público do banco.
“A imagem dela já cria uma forte percepção de marca e aumenta o valor de uma empresa que planeja abrir capital. É uma jogada de marketing que tem efeito imediato no mercado”, diz Castiglione.
Ele diz que é cedo para falar de impactos práticos nos produtos e serviços do banco.
“O saldo já é positivo. O fato dela estar presente dá uma cara ao Nubank, coisa que o banco não tinha ainda e que toda empresa precisa. É uma nova fase para o banco”, diz, em referência à contratação de Luciano Huck pela XP, o que ajudou a popularizar o grupo.
O post no Instagram que anunciou a contratação da Anitta foi o mais curtido de todas as publicações do Nubank na rede social e o banco ganhou mais de 50 mil seguidores nas redes sociais em 24 horas.
O debate sobre a diversidade nos cargos de alto escalão das empresas já tem ganhado força desde o ano passado. Em dezembro, por exemplo, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) já havia divulgado uma consulta pública voltada para os aspectos de ESG das companhias. ESG (ou ASG) é o conceito que define as melhores práticas ambientais, sociais e de governança.
Entre os tópicos abordados na audiência pública pelo órgão regulador do mercado de capitais também está a previsão de que as empresas divulguem mais informações sobre a diversidade nos cargos de administração e entre seus empregados.
Para o sócio da CMJ (Conselho Mudando o Jogo, empresa especializada em conselhos consultivos compartilhados), Gustavo Succi, o movimento complementa a atuação do conselho em aspectos de governança.
“O movimento é uma busca por audiência de ambas as partes e não deixa de ser um movimento de marketing, mas é muito mais do que isso. Levar a discussão do que acontece [no sistema financeiro] para fora da casinha é o que leva potencial para expandir o mercado”, afirmou.
Segundo Pedro Tourinho, sócio e diretor da Map Brasil -empresa que foi responsável por promover a conexão estratégica entre Anitta e Nubank-, a contratação da cantora para o conselho de administração do banco digital deve abrir portas para que outras empresas também comecem a aderir ao movimento.
“Isso é como fazer uma parceria com a empresa ao ponto de ter troca de experiência e juntar dois caminhos de empreendimento, construindo novas soluções e entendendo o público. Esse é um formato de negócios que é mais comum nos EUA e que tende a ganhar força no Brasil”, afirmou o executivo.
Para ele, a expectativa é de que outros nichos da economia comecem a contratar criadores de conteúdo e personalidades que possam agregar aos seus produtos e serviços.
“Vejo muita vantagem de negócio principalmente para marcas mais novas e startups porque, querendo ou não, é um investimento que o criador [de conteúdo] faz junto à empresa, com uma base de audiência que já está construída e um compromisso de longo prazo”, completou Tourinho.
Contratação de Anitta gera reação dividida nas redes A chegada de Anitta ao conselho de administração do Nubank gerou polêmica nas redes sociais. Logo após o anúncio, alguns usuários no Twitter criticaram a ação. A hashtag “Cubank” -alusão a uma tatuagem que a cantora fez nas partes íntimas- ficou entre os assuntos mais comentados da rede na terça-feira (22).
O maior volume de críticas ocorreu após a cantora se posicionar contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). “500 mil mortes… é sobre fora Bolsonaro sim! A favor da democracia, da economia, da saúde, da educação, do senso coletivo”, publicou Anitta em seu perfil no Twitter.
Com a parceria com o Nubank, os ataques de simpatizantes do governo se voltaram ao banco, dividindo opiniões entre internautas -enquanto alguns comemoravam a chegada da Anitta, outros ameaçavam cancelar o cartão do banco, como forma repúdio.
Em reposta, outros usuários saíram em defesa do banco e de Anitta, criticando os ataques.
| IDNews® | Folhapress | Via NMBR |Brasil