Degelo antártico pode elevar em três metros o nível do mar
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Pedaços de gelo flutuante perto de um iceberg tabular na Baía Vincennes, no território antártico australiano, em janeiro de 2008
Uma área chave da Antártica ocidental já poderia estar suficientemente instável para desaparecer e provocar um aumento de três metros no nível dos oceanos, advertiram cientistas nesta segunda-feira.
O estudo sucede uma pesquisa feita no ano passado, comandada pelo glaciologista da Nasa Eric Rignot, na qual advertia que o gelo antártico tinha chegado a um ponto de retração irreversível, que o degelo era incontrolável e podia elevar o nível do mar em 1,2 metro.
Agora, os cientistas do Postdam Institute for Climate Impact Research, da Alemanha, apontaram para os impactos de longo prazo do setor crucial do Mar de Amundsen, na Antártica Ocidental, que – sustentam – “muito provavelmente se desestabilizou”.
Enquanto estudos anteriores “estudaram a evolução futura desta região a curto prazo, aqui damos um passo a mais e simulamos a evolução de longo prazo de toda a camada de gelo da Antártica Ocidental”, indicaram os autores nos anais da Academia Nacional de Ciências.
Os pesquisadores usaram modelos informáticos para projetar os efeitos de 60 anos de degelo na taxa atual e previram que “ocorreria uma desintegração completa a longo prazo”.
Em outras palavras, “toda a camada de gelo marinha tombará no oceano, causando um aumento global do nível dos mares de aproximadamente três metros”, indicaram os autores.
“Se a desestabilização já começou, um aumento de três metros no nível do mar nos próximos séculos a milênio poderia ser evitável”, acrescentaram.
Até algumas poucas décadas de aquecimento dos oceanos podem desencadear um degelo com centenas a milhares de anos de duração.
“Uma vez que as massas de gelo forem afetadas, que é o que está ocorrendo atualmente, respondem de uma forma não linear: há uma ruptura relativamente súbita da estabilidade após um longo período no qual se veem poucas mudanças”, advertiu o principal autor do estudo, Johannes Feldmann.
AFP