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Delator diz que propina do Rio comprou quatro votos no COI


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Delator diz que propina do Rio comprou quatro votos no COI
A informação foi dada pelo economista Carlos Emanuel Miranda, apontado como o gerente da propina do ex-governador Sérgio Cabral

9:04 |RIO 2016 | 2018MAI11 | - Foto:  © Divulgação/Rio

A propina paga ao senegalês Lamine Diack comprou quatro votos no COI (Comitê Olímpico Internacional) em favor da candidatura do Rio de Janeiro para sede dos Jogos de 2016. A informação foi dada pelo economista Carlos Emanuel Miranda, apontado como o gerente da propina do ex-governador Sérgio Cabral (MDB), em acordo de delação premiada.

O Ministério Público Federal já tinha indícios de que os US$ 2 milhões pagos haviam sido distribuídos por Diack a outros eleitores. É a primeira vez que uma testemunha trata sobre quantas pessoas podem ter sido corrompidas.

Miranda afirmou que a informação foi dada por Cabral na prisão, no primeiro bimestre de 2017. Os dois foram presos em novembro de 2016 na Operação Calicute.

“Recentemente, na prisão, cerca de dois ou três meses atrás, Sérgio Cabral comentou com o colaborador [Miranda] que Arthur [César de Meneses Soares Filho], de fato, teria feito pagamentos a dirigentes africanos ligados ao setor de atletismo para a compra de quatro votos, salvo engano”, diz a transcrição do depoimento de Miranda, dado em abril do ano passado.

A delação de Miranda só foi homologada no início deste ano pelo ministro José Dias Toffoli, do STF (Supremo Tribunal Federal).

O emedebista é acusado junto com o ex-presidente do COB (Comitê Olímpico do Brasil) e do comitê Rio-2016 Carlos Arthur Nuzman e o ex-diretor da entidade Leonardo Gryner de ter pago US$ 2 milhões a Diack em troca de voto na eleição, realizada em 2009, em Copenhegue.

O pagamento foi feito, segundo as investigações, por uma conta no exterior do empresário Arthur Soares (dono de firmas com contratos com a gestão Cabral) para uma empresa de Papa Massata Diack, filho de Lamine, ex-presidente da IAAF (órgão que comanda o atletismo mundialmente).

Um email de Massata Diack a Gryner indicava que havia outros beneficiários. A Procuradoria da França já acusou o namibiano Frankie Rederick de ter recebido US$ 300 mil da empresa de Massata Diack na data da eleição do Rio no COI. A transferência ocorreu dias após o repasse de US$ 2 milhões de Soares à empresa do senegalês.

Desde então, não foi divulgado nome de outros suspeitos de envolvimento no caso. Miranda também reforça a versão de que o valor da propina foi maior. Segundo ele, “os pagamentos totalizaram algo em torno de US$ 2,5 milhões”.

Além do depósito de US$ 2 milhões feito por Soares, a Procuradoria investiga quatro transferências feitas pouco depois da eleição pelo corretor de câmbio Willy Kraus, que somam US$ 250 mil à empresa de Massata Diack. Emails de cobrança do filho de Lamine indicam que o esperado pelo senegalês era que fossem repassados US$ 2,45 milhões.

O depoimento de Miranda foi dado em abril, cinco meses antes da Operação Unfair Play, em setembro, que culminou com a prisão de Nuzman.

Naquela época, a investigação sobre a propina a Diack já havia sido divulgada, mas havia referência apenas ao pagamento de US$ 2 milhões. O valor restante só foi mencionado publicamente em outubro, quando Cabral, Nuzman e Gryner foram denunciados.

Quatro cidades eram candidatas na eleição de 2009 (além do Rio, Madri, Tóquio e Chicago). A vitoriosa seria escolhida por eliminação. A cada rodada de votação, a cidade menos marcada é retirada da disputa, iniciando nova votação.

Na primeira, a cidade brasileira teve 26 votos, enquanto a norte-americana foi eliminada com 18. Caso a candidatura carioca tivesse perdido os quatro votos supostamente comprados para a concorrente, ocorreria um empate e seroa feita nova votação.

Após a primeira rodada, o Rio manteve larga vantagem sobre as demais, tendo atraído o votos dos eleitores das cidades eliminadas. Na última votação, superou Madri com 66 a 32 votos.

DEFESA DE NUZMAN

O advogado João Francisco Neto, que integra a equipe de defesa de Nuzman, afirmou que a declaração do delator Miranda não tem valor.

“Essa conversa de cadeia, que não vale nada, enfraquece ainda mais a natimorta acusação, que está sendo desconstruída no processo”, disse.

“A candidatura do Rio de Janeiro sagrou-se vencedora após muito suor e trabalho incansável de várias pessoas que se envolveram neste grandioso projeto. Carlos Arthur Nuzman lutou por essa conquista desde 1979. Falar em compra de votos é desmerecer o exitoso projeto brasileiro.”

A defesa de Cabral não se pronunciou. À época da denúncia de compra de votos, o advogado Rodrigo Roca declarou que a suspeita de propina no COI era “um acinte e um desmerecimento, não só ao ex-governador, como à vitória consagradora do Rio”.

“O Rio foi eleito com uma diferença de 40 votos com relação à segunda candidata, Madri. Pela versão do MPF seriam todos corruptos”, afirmou.

O COI disse em nota que pediu a seus advogados no Brasil para que se informem sobre sobre as investigações.

“A Comissão de Ética do COI está acompanhando este assunto. Onde a evidência é fornecida, vamos agir”, diz.

O comitê afirma também que se juntou como “parte civil” à investigação francesa -na qual os primeiros indícios de propina foram encontrados- há mais de um ano.

“Logo após a produção de provas contra o Sr. Lamine Diack, ele perdeu sua associação honorária do COI em novembro de 2015”, afirma a nota.

“O COI está totalmente comprometido em proteger a integridade do esporte. Como qualquer outra organização, o COI não estará imune a quaisquer infrações, mas reforçamos o sistema de prevenção.” Com informações da Folhapress.

Beto Fortunato

Jornalista - Diretor de TV - Editor -Cinegrafista - MTB: 44493-SP

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