Deputada Márcia Lia questiona veracidade em depoimentos
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Deputada Márcia Lia questiona veracidade em depoimentos
Depoente da CPI da Merenda diz ter emprestado R$ 18 mil a colega de trabalho e que cheque de R$ 50 mil da Coaf era pagamento de dívida
8.04| 22SET2016 Fernanda Miranda
A deputada Márcia Lia não se convenceu com as respostas apresentadas pelo funcionário público José Merivaldo dos Santos sobre sua participação em contrato de prestação de serviços à Cooperativa Coaf para chamada pública de merenda escolar, durante a 11ª reunião da CPI que investiga as suspeitas de fraudes nas negociações com o Estado e Prefeituras, realizada na manhã desta quarta-feira (21), no plenário Dom Pedro I, na Assembleia Legislativa. “Estão tratando a todos nós, deputados, como se fossemos idiotas. Eles vêm aqui, falam mentiras, inventam histórias e querem que a gente acredite nisso”, declarou.
A deputada questionou José Merivaldo sobre sua relação com Jeter Pereira, outro funcionário público da Alesp, com quem teria uma sociedade para a prestação de serviço de consultoria de contratos para chamadas públicas à Coaf. Também perguntou sobre o cheque de R$ 50 mil da Coaf depositado em sua conta bancária, que teria sido parte de pagamento do contrato de R$ 200 mil, segundo declaração do próprio Jeter à CPI, na semana passada.
O depoente confirmou ser amigo de Jeter Pereira, mas disse que nunca foi seu sócio. “Quando fui para o Cerimonial, o Jeter não tinha para onde ir e eu o levei ao gabinete do presidente Capez. E por isso peço desculpas ao presidente, porque se ele está lá essa culpa é minha”, falou por duas vezes em seu depoimento. “Mas não era sócio dele, nunca assinei contrato nenhum com a Coaf e nunca nem vi esse contrato.”
Questionado pela deputada sobre o motivo de ter recebido de Jeter o cheque de R$ 50 mil, José Merivaldo disse se tratar do pagamento de empréstimos pessoais feitos por ele ao amigo. Como Jeter teria dívidas no banco, pediu que Merivaldo descontasse todo o valor e devolvesse a ele a diferença. Mas o cheque não tinha fundos. “O Jeter tem muitos problemas pessoais (…). Então, emprestei um dinheiro para ele.”
Os R$ 18 mil teriam sido emprestados em parcelas, ao longo de 3 anos, mesmo sem que a dívida fosse saldada. Em resposta a perguntas de Márcia Lia, José Merivaldo disse que seu salário líquido na Assembleia Legislativa é de R$ 13 mil. “Não entendo como alguém que recebe R$ 13 mil de salário pode emprestar R$ 18 mil a um amigo. Mesmo sendo em parcelas, se a pessoa não paga o primeiro empréstimo, não paga o segundo, ninguém continua emprestando até chegar a esse valor. Isso não existe em nenhum lugar, e é claro que o senhor Merivaldo não está nos relatando algo coerente. Assim como fez o senhor Jeter, com todo o respeito a ambos, eles vieram a esta Casa com discurso pronto, mas não nos convenceram.”
Até a bancada governista concordou haver incoerência no depoimento. “Não acreditei em 99% do que você disse, só acreditei em 1%, que é a parte triste, que você está doente. Mas eu te conheço e acho que você está comprando um problema que não é seu”, falou o deputado Barroz Munhoz (PSDB).
Merivaldo disse que, por ocasião da devolução do cheque, cobrou Jeter e se reuniu com Marcel Ferreira Júlio – o terceiro sócio da consultoria, segundo Jeter Pereira -, no café da Assembleia. Esta teria sido a única reunião dele com Marcel. Apesar disso, o cheque nunca foi compensado, segundo Merivaldo, e Jeter ainda deve os R$ 18 mil a ele. “Só depois que o cheque voltou é que soube dos problemas da Coaf.”
O servidor do Estado ainda relatou graves problemas de saúde desde o final de 2015 e tratamentos médicos constantes para justificar sua ausência na semana passada, quando seu advogado apresentou um atestado. Hoje, chegaram à comissão exames e diagnósticos.
Sobre a foto mostrada pelo deputado Alencar Santana na semana passada em que aparece bebendo em uma charutaria, Merivaldo disse que apenas conversava com um grupo de amigos, depois de ter tido diagnóstico de suspeita de tuberculose e confirmação de infecção intestinal. “Não estava bebendo uísque porque não estava bem aquele dia. Bebi apenas água. E não fumei porque não posso fumar. Meu câncer é decorrente de fumo”, explicou. “Apenas fiquei 50 minutos com amigos e fui embora.” Sem acrescentar muito à CPI, José Merivaldo foi dispensado depois de 1h20 no plenário.
Os deputados da bancada petista reforçaram a necessidade de se fazer uma acareação entre Jeter Pereira e José Merivaldo, algo que já havia sido aventado na reunião anterior. Parte da bancada governista aprovou a proposta e a reunião será marcada para depois das eleições.
Também foi pedido pela deputada Márcia Lia que a comissão convoque uma reunião com o Tribunal de Contas do Estado (TCE) e seus técnicos para apresentação de dados detalhados das irregularidades encontradas na merenda do Estado de São Paulo, em concordância com o deputado Jorge Caruso (PMDB), que lembrou do relatório apurado feito pelo TCE em maio deste ano.
Por conta da proximidade com as eleições municipais, na próxima semana não haverá reunião da CPI da Merenda.