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Desafio da ‘Boneca Momo’ ameaça jovens em mensagens no WhatsApp 


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Desafio da ‘Boneca Momo’ ameaça jovens em mensagens no WhatsApp
    Uma criança de 9 anos foi encontrada pelos pais enforcada em uma árvore, no quintal de sua casa, no bairro do Cordeiro

8:25 |ID News/Folha de Pernambuco|2018AGO08| 

Um desafio que leva a pessoa ao sufocamento, chamado de “Boneca Momo”, tem circulado no aplicativo de mensagens WhatsApp. No Recife, o jogo já fez uma vítima fatal: uma criança de 9 anos foi encontrada pelos pais enforcada em uma árvore por um fio, no quintal de sua casa, localizada no bairro do Cordeiro, Zona Oeste da cidade. Ele chegou a ser levado com vida para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA), no bairro dos Torrões, depois foi transferido para um hospital particular na Ilha do Retiro, mas não resistiu. A professora Jany Nascimento, mãe de Arthur Luis Barros Santos, prestou depoimento nessa quarta-feira (22), no Departamento de Polícia da Criança e do Adolescente (DPCA), afirmando que o filho estaria participando de um jogo e foi induzido a se enforcar.

“Só percebi que ele participava desses jogos depois que ele morreu. É muita dor. Um dia ele perguntou se eu tinha medo de uma boneca chamada Momo. Ele mostrou essa imagem do tablet dele. Só que eu não sabia o que era essa boneca. Depois, eu soube que ela fazia um desafio de sufocamento para saber quanto a pessoa poderia aguentar”, afirmou Jany, em entrevista a uma emissora local. Ainda segundo a mãe, é possível que o desafio tenha sido mostrado ao seu filho por alguma criança da escola ou do curso que ele fazia.

A Policia Civil instaurou inquérito para investigar a morte da criança, e os aparelhos (celular e tablet) apresentados pela família já foram encaminhados para a perícia. Uma equipe do Instituto de Criminalística (IC) também esteve no quintal onde o menino foi encontrado. A delegada responsável pelo caso, Thais Galba, declarou que ainda não pode afirmar se a criança foi realmente vítima de um desafio da internet. “Ouvimos os pais pela manhã, mas preciso da perícia tanatoscópica, que é a que fez a necropsia na criança para identificar a causa da morte. A mãe falou que em um determinado momento que o filho mostrou a imagem dessa boneca, mas ela não sabia que era um jogo. Não conseguimos visualizar essa imagem, mas estamos investigando no que tange à nuvem e às pastas de compartilhamentos”, disse a delegada, também durante a entrevista.

No mesmo dia do depoimento dos pais de Arthur, outra criança de 12 anos, que reside em Aldeia, também teria sido socorrida com os mesmos sinais de enforcamento. A informação foi repassada à Folha de Pernambuco por uma fonte ligada à Polícia Civil, que preferiu não ser identificada. Os responsáveis pela criança, que está internada em um hospital particular do Recife, registraram queixa e há suspeita de que ela também tenha participado do desafio.

O jogo, que é parecido com o da Baleia Azul, pede para que o usuário adicione um número no WhatsApp. A partir disso, segundo a Polícia Federal (PF), as crianças e adolescentes começam a receber desafios e ameaças. A imagem usada como perfil se trata de uma escultura japonesa exposta em Tóquio, no Japão. Especialistas afirmam que dois dos números vinculados a Momo são originários da Colômbia e do México. A PF disse ainda que os perfis originais foram excluídos, mas ainda há pessoas propagando o jogo.

Psicóloga diz como identificar sinais

Jogos que colocam em risco a própria vida, a exemplo da “Baleia Azul” e mais recentemente da “Boneca Momo”, têm despertado reflexão entre especialistas e autoridades sobre como crianças e adolescentes são expostos na internet. Para a psiquiatra especializada em Saúde Mental da Infância e Adolescência, Rackel Eleutério, muitas famílias não percebem que as crianças estão envolvidas nessas situações e que, por isso, há a necessidade de reforçar o diálogo com elas. “Os pais precisam ouvi-las, fazer parte do universo delas e fortalecer a intimidade com as crianças”, diz.

Ela também aponta que crianças de 9 a 12 anos e adolescentes de 12 a 17 anos são considerados como grupos de risco, ou seja, estão mais suscetíveis a participarem e compartilharem esses desafios. “Eles têm uma vulnerabilidade, no sentido de terem dificuldade de reconhecer seus próprios sentimentos. Eles não conseguem nomear o que é estar angustiado, estar triste, e cabe aos pais ajudarem nessa identificação”, ressalta.

O ambiente escolar também precisa atuar no combate ao mau uso da internet. De acordo com a pesquisa TIC Educação 2017, realizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), apenas 18% das escolas públicas e 41% das particulares – das principais capitais do Brasil, como o Recife – realizaram palestras, debates ou cursos sobre o uso responsável da Internet nos últimos 12 meses. “Tal resultado pode ser um indício de que as discussões sobre o uso seguro, consciente e responsável da internet são tratadas na escola de forma esporádica e ainda não foram incorporadas com regularidade ao currículo e às atividades extracurriculares”, avalia Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br.

Beto Fortunato

Jornalista - Diretor de TV - Editor -Cinegrafista - MTB: 44493-SP

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